Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
8.12.19

Senão exactamente hoje, pelo menos foi-o no passado, e quase se pode dizer que o foi durante dois milénios

O culto da Virgem Imaculada, ou Imaculada Conceição  - muito frequentemente representada como uma concha  (mas não só, porque há outras representações) -, começou no Oriente tendo-lhe sido dado o título de Theotokos, o qual é explicado como Mãe de Deus

"Theotokos - Mother of God (used in the Eastern Orthodox Church as a title of the Virgin Mary)."the love poured into the Theotokos to enable her to love so fully in her turn"

 (...) ORIGEMfrom ecclesiastical Greek, from theos‘god’ + -tokos‘bringing forth’. "(*)

Numa enciclopédia on line pode-se ler:

"The title of Mother of God (Greek: Μήτηρ (του) Θεοῦ) or Mother of Incarnate God; abbreviated ΜΡΘΥ, Latin Mater Dei) is most often used in English, largely due to the lack of a satisfactory equivalent of the Greek τόκος / Latin genetrix. For the same reason, the title is often left untranslated, as "Theotokos", in Orthodox liturgical usage of other languages." (**)

Não é muito comum encontrar-se, mas as letras gregas (ΜΡΘΥ) do texto acima, foram algumas vezes usadas - em trabalhos que hoje vemos como arte -, para referir/indicar/tornar presente aquela a que, na nossa cultura, normalmente é designada por "Nossa Senhora".

Este culto nascido no Oriente foi sucessivamente ampliado, sendo que, em 25 de Março de 1646 o rei D. João IV a proclamou Rainha de Portugal.

Mais tarde, com D. João VI, vários reis católicos (da Europa) pediram ao papa que fosse declarada Imaculada Conceição.

No site da Paróquia de S. Miguel de Queijas  encontra-se informação mais completa:

"Em Portugal, a bula Ineffabilis Deus de 1854, com a definição, precisava, para ser publicado oficialmente, de beneplácito régio, que o soberano não podia conceder sem a aprovação das duas Câmaras. O Ministro da Justiça conseguiu-a finalmente, após duas sessões de três horas cada uma na Câmara dos deputados e após uma sessão de duas horas na Câmara dos Pares. Por fim, D. Fernando, regente em nome de quem viria a ser D. Pedro V, pôde conceder o beneplácito a 16 de Março de 1855. Foi publicado a bula no Diário do Governo."

Para além deste, de hoje (e pela sua imensa relevância na história da arte), já lhe dedicámos outros posts, como é possível confirmar***.

Theotokos-JDalarun-c.jpg

Por fim, e voltando à designação Thetokos que também está na imagem acima (excerto vindo de Jacques Dalarun), é importante dizer que esta designação - e a ideia da Virgem como sendo Mãe de Deus - por ser «ideia complexa» também gerou as maiores controvérsias. As quais levaram, inevitavelmente, a  diferentes «noções» sobre Cristo (ou o seu conhecimento - como em geral preferimos dizer).

O mesmo "conhecimento de Deus", e de Cristo - que esteve na raiz de algumas heresias e depois de alguns dogmas; todo um conjunto de ideias que por ser difícil de traduzir  em palavras frequentemente foi posto em esquemas e imagens de raiz geométricos

O texto seguinte que seleccionámos - a abrir um sub-capitulo de La Vierge Marie, por Jean Guitton (Éditions Montaigne, Paris 1957, ver p. 105) - e que apesar de ser um excerto muito curto já prova a complexidade e as subtilezas a que nos referimos:

Image0134-c.jpg

  *Como se pode ler aqui

** Em https://en.wikipedia.org/wiki/Theotokos

*** O último em Maio de 2019; e um dos primeiros posts (embora algumas destas referências já estejam publicadas no nosso livro, dedicado ao Palácio de Monserrate) foi em 2014. Ver ainda o post de Fev. de 2017

link do postPor primaluce, às 17:00  comentar

 
Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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