Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
10.12.15

Novo post a acrescentar ao anterior, visto termos imensas informações, acrescidas do que vamos encontrando, como é neste caso uma outra recensão do trabalho de Patrice Sicard intitulado: Diagrammes Médiévaux et Exegese Visuelle: Le libellus de formatione arche de Hugues de Saint-Victor.

Como mostra (mais uma vez) o excerto escolhido**, os vários autores nossos contemporâneos, incluindo Patrice Sicard, não compreendem que se tenha podido fazer arquitectura de maneiras e processos que são completamente diferentes dos actuais. 

Só aceitam que tenha havido Arquitectura quando eles encontram - e vêem à sua frente - as Plantas, Corte e Alçados, que julgam ser os únicos elementos e documentos da praxis profissional.. 

Ora nós sabemos de inúmeras situações, já lá vai o tempo, é verdade, em que até as Câmaras Municipais autorizavam as construções, bastando-lhes para isso, que se apresentasse uma Planta e uma Memória Descritiva***.

E nesses casos, era à dita Memória (mais ou menos justificativa, mas sobretudo descritiva) que competia a maior informação sobre o que se pretendia construir.

Depois deste parêntesis explicativo, há que acrescentar o que nos interessa evidenciar no texto abaixo (à semelhança do que acontece noutros): Dos De archa Noe de Hugo de S. Victor o Libellus (o 2º escrito de menores dimensões) reuniu os procedimentos necessários à execução. O 1º escrito, também mais conhecido como Arca Moral, reunia a Teologia, ou a base fundamentadora (teológica) da imensa alergoria ou metáfora que se pretendia edificar.

excerto-Jean-PhilippeAntoine.jpg

(clic na imagem para legenda)

* "Origens..." que tanto preocupavam, obsessivamente,  a nossa orientadora de estudos de mestrado - Maria João Baptista Neto -, como é facílimo provar, e que, encontrada a Chave do Enigma, deixou cair esse assunto! Calando-se como alguém que nunca deveria estar no Ensino; já que não é esse desiderato ou são os objectivos da Investigação no Ensino Superior.

** Vindo de: Annales. Histoire, Sciences Sociales , 51e Année, No. 1 (Jan. - Feb., 1996), pp. 150-153

***Por mais estranho que a todos nos pareça, pois naturalmente achamos (hoje) que são também necessárias várias plantas, e sobretudo inúmeros cortes verticais, e os alçados para poder estudar e depois comunicar aos executantes a imagem final que se pretende conferir ao trabalho a realizar.

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27.11.12

...porque queremos ir destacando a sua importância para o desenho ou projecto da chamada Arquitectura Românico-Gótica.

 

Tratar-se-iam de conjuntos de Formas que os teólogos concebiam*, e que os construtores (em francês maçon) construíam. De forma sintética queremos deixar claro que esta é a nossa opinião.  

E embora seja positivo que o Saber saia das Academias e Instituições de Ensino Superior - passando para os blogs e a outras formas de divulgação (ficando assim acessível, para uma parte importante da sociedade, informações de grande valor), no entanto, o Ensino Superior poderá continuar a aprofundar, e se quiser continuar a divulgar, muitas outras matérias.

Como julgamos não se esgotarão as tarefas. Não deixará de haver materiais para licenciaturas, milhares de mestrados e doutoramentos.

Depois, talvez suba o nível e se aprofundem as questões? Em vez de se andar como hoje se faz (faz-se demais, não sendo denunciado...) em disputas metodológicas sobre classificações e avanços no conhecimento, que, entre nós, se existem avanços (?), são milimétricos e pouco se vêem.

Há imensa bibliografia relativa aos Escritos de Hugo de S. Victor, acontecendo que a primeira tarefa que é necessário concretizar, é ir buscar alguns desses livros às estantes e à secção da Teologia, e dentro das Bibliotecas passá-los para a secção da História da Arte e da Arquitectura

Pois é lá que estão (e ainda agora permanecem nas estantes da Teologia) queiramos ou não, as razões, ou os "motivos" - como lhes chamava Robert Smith - para os ornamentos e as formas estilísticas que foram características de cada época. 

Ornamentos que, em geral, estão ligados ao Cristianismo (excepto os que já vinham do Classicismo**).

Comecem talvez por ler este trabalho*** cujo título é muito claro quanto aos assuntos que aborda:

Diagrammes Médiévaux et Exégèse Visuelle, Le Libellus De Formatione Arche de Hugues De Saint-Victor. Patrice SICARD, Brepols, Paris-Turnhout, 1993.

 
De acordo com Patrice Sicard esta é a 1ª Imagem do Tratado de Hugo de S. Victor.
Ver anexos desenhados (de onde vem a imagem) in HVGONIS DE SANCTO VICTORE, De ARCHA NOE, LIBELLVS DE FORMATIONE ARCHE, cura et studio Patricii Sicard, Turnhout,Brepols Publishers, 2001 (latim, não existe tradução integral).  

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*Como defendemos Hugo de S. Victor concebeu uma base que hoje é geralmente designada Românico (ou Protogótico) que depois evoluiu.   

**O que pode exigir várias tarefas de distinção, como por exemplo: Quando o Arco de volta inteira substituiu a Arquitrave grega - a) ainda era pagão? Ou b) já era cristão?

*** Esta indicação bibliográfica, é importante dizê-lo, não é de fácil leitura. Como o próprio Hugo explicou em Didascalicon a evolução no Conhecimento é comparável ao subir de uma escada: para se entender o que se lê é preciso que a mente esteja preparada (tal como acontece nos degraus da escada, que um a um permitem subi-la). É que há sempre informação anterior que é necessário estar presente, para se poderem receber os novos conhecimentos e as novas informações.

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27.10.12

 O Tratado que originou a Arquitectura Medieval é uma Síntese Pluritemática: a junção de várias alegorias, e de um grande número de Ideias (essenciais) que a Igreja queria ser e representar

 

É verdade, referimo-nos ao Tratado que originou a Arquitectura Religiosa da Idade Média; mais concretamente o que se pode designar como Românico-Protogótico.

Uma ideia que é nossa, como desde já se avisa.

Note-se - para todos os que permanentemente precisam de citar uma qualquer fonte que sustente aquilo que afirmam - que no nosso caso, e para esta situação em particular, essa fonte não existe. É uma dedução nossa, resultante de tudo o que lemos e investigámos.

Sabemos que há quem esteja lá perto (alguns autores), ou quem se refira a uma maquette quando lê certas passagens dos De archa Noe.

Mas que, por desconhecimento ou outras razões que ignoramos, até agora não há (que o saibamos) um estudioso ou um autor que venha dizer que a arquitectura medieval - e concretamente a da Igreja da época Gótica - se fez numa determinada direcção, porque alicerçada nesta ou naquela «Teoria», que a tenha prescrito... *

Sim, é isto que faz um projecto: «prescrever» ou funcionar como um Guião - que define previamente uma obra a executar. E só quem está do lado de fora, das acções e das actividades relacionadas com a execução (para o futuro) das obras de construção, é que não compreende que uma obra possa ser executada a partir de uns (muito) poucos elementos desenhados, definidores dessa mesma obra.

Note-se que só hoje** - i. e., na actualidade mais recente - é que as edificações são objecto de um aturadíssimo e muito minucioso processo de previsão (e até de uma vizualização prévia, bidimensional, os renderings) da realidade que se pretende vir a criar.

Por nós lembramo-nos bem de tempos em que para se licenciarem pequenas obras bastava apresentar uma (só) Planta e a respectiva Memória Descritiva.

Por outro lado, no Verão de 2002 pudemos percorrer todo um arquivo de desenhos e motivos para Estucadores (da Oficina Baganha, no MNSR no Porto), que nos permitiu ter a certeza da persistência de processos de trabalho não muito diferentes dos que se empregaram em tempos medievais. Isto é, os motivos aplicavam-se seguindo regras, como por exemplo colocados em sancas, em faixas no tecto ou nas paredes, e ainda no centro do próprio tecto; sem que fosse necessário, ou que existissem outras medidas relativas (e os desenhos que as indicassem) aos distanciamentos entre os vários elementos definidores do espaço.

Nesses tempos que nós vivemos e recordamos tratavam-se de obras feitas no joelho? Nem tanto, mas comandavam-se muito, e frequentemente, a partir de visitas ao local da obra. Onde, de vez em quando, havia que recolher informações, para as trabalhar em Atelier, e voltando-se à obra mais tarde e com instruções mais precisas. Na época medieval muitos Mestres seriam Residentes no local e no Estaleiro da obra, como supomos.

Os desenhos que se seguem provêm do 2º vol dos De archa Noe, conhecido como De Arca Mystica. São apenas um excerto da imagem e das ideias que estiveram por detrás das ogivas. Cujo objectivo era o de constituírem Faixas de Pedra, muito visíveis (formando desenhos nos tectos, sob as abóbadas) e em que cada uma das pedras  que os constituíam - cada uma por si - era como um patamar ou um degrau numa ascensão (mística) em direcção a Deus. Augere é subir para atingir o céu, o ponto mais alto: o Auge. E sobre esta origem de Ogiva na Etimologia, lembrem-se as imensas confusões, que são HISTÓRICAS, à volta da designação deste elemento que para a maioria é estrutural!

Estamos perante peças que eram muito mais importantes para serem vistas e lidas - claramente para serem contempladas - do que como elementos de suporte***.

 

 

 

 

 

(clicar sobre as imagens, para ampliar e ler o que escrevemos sobre elas. Tal como a imagem do passado dia 15 de Out. provém de - Anexos desenhados  in HVGONIS DE SANCTO VICTORE, De ARCHA NOE, LIBELLVS DE FORMATIONE ARCHE, cura et studio Patricii Sicard, Turnhout,Brepols Publishers, 2001.)

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*Há apenas ideias soltas, muitas perguntas sobre as Origens do Gótico, sem que os estudiosos compreendam a multiplicidade de Ideias (ou a Polissemia) que a Igreja Gótica reúne/sintetiza.

**Este hoje, tem a ver como facto de estarmos a pensar no enorme número de peças desenhadas que na actualidade configuram uma obra a realizar. Num próximo post podemos vir a apresentar aqui, fotografias de modelos reduzidos que estiveram na base de edificações do período renascentista. Maquettes que foram feitas com o objectivo de funcionarem como elementos de projecto, e que, provavelmente, substituíam a enorme quantidade de desenhos que actualmente se fazem.

*** Uma longa história de polissemias, que também explica as dificuldades que temos para escrever a tese. Em que não só o tema é dificil, como cada nova informação exige toda uma série de explicações sobre os antecedentes de uma lógica antiga; sobre Geometria, sobre Teologia, sobre Etimologia... etc.

Enfim, tudo o que as instituições FLUL, FBAUL e IADE não quiseram saber nem colaborar para ser possível acabar a referida Tese. Nestas instituições os responsáveis sabem, melhor que ninguém as razões para tudo terem feito para inviabilizar os nossos estudos.

NOTA FINAL:

Sabemos que um assunto deste nível merece um tratamento à altura, já que se trata de uma enorme novidade para os meios científicos! Mesmo que esses entendam exigir e procurar muitas provas relativas à veracidade das informações que damos. À partida, claro que não nos parece que um blog seja o meio mais adequado para estas apresentações; mas, também nos parece muito menos adequado (talvez inclassificável até?) o Comportamento Científico de quem deveria estar aberto à novidade, com vontade de a divulgar; ao correcto conhecimento do passado, para o aprofundar e para depois dar a conhecer.

Estamos disponíveis para dar os esclarecimentos que nos pedirem sobre o assunto, continuando a insistir na informação de que esta ideia é nossa. E como tal temos materiais para continuar a investigar até ao fim da nossa vida.

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Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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