Lembrar à Igreja aquilo que envolve as suas paredes/está nos seus tectos, foi algo que há dias ouvimos.
Parece-nos que vale a pena ouvir - a Directora do Secretariado dos Bens Culturais da Igreja, Sandra Saldanha – preocupada com o saber guiar as visitas ao Património Histórico, que é principalmente religioso, e que são as igrejas.
Dizendo algo que nós vimos a destacar nos dois blogs, e ainda antes, quando nos apercebemos da incompreensão geral relativamente ao conteúdo das «imagens-palavra» que estão plasmadas nas obras.
No nosso caso interessam-nos as mensagens da arquitectura e a sua iconografia: até agora suposta abstracta, insignificante (ou pouco interessante!?).
Só que quando nos apercebemos do seu conteúdo específico, como deixámos em várias páginas do nosso trabalho sobre Monserrate - que dedicámos às Origens da Arquitectura Gótica - então o caso muda de figura.
E muda muito, primeiro porque as informações passaram a ser imensas – "todo o Conhecimento" como disse Émile Mâle**.
Depois, porque a questão das Origens do Estilo Gótico, que é procurada desde meados do século XVIII, abriu perspectivas óptimas à possibilidade de entendimento da maioria das formas da arquitectura antiga.
Resta-nos transcrever uma parte do que ouvimos***, e mais nos interessou:
“…visitas que podem ter uma função mais ou menos catequética. Porque na verdade as igrejas são não só hinos à beleza, numa grande generalidade dos casos, como são espaços vivos. E o que faz delas espaços vivos (...) é de facto aquilo que envolve as suas paredes (…) que podemos observar nos tectos (…) Tudo aquilo fala, mas nós precisamos de perceber o que é que tudo aquilo diz. Portanto para isso, e ai cabe também à Igreja, mais do que ao Estado ou ao Turismo, ou a qualquer outra instituição, oferecer materiais informativos, de qualidade, que comuniquem essas mensagens…”.
Cruz de Santo André (em aspa) ou Ogiva pintada: igreja dos Mártires Lisboa.
Se esta forma fala, para nós ela é sinónima da Mandorla e do Arco Quebrado; sinais visuais desenhados em coerência com o SÍMBOLO DA FÉ, que no século IX passou a incluir o Filioque. A definição teológica que levou ao Cisma de 1054, e defendemos ter estado na origem do Estilo Gótico. Como esteve na base da Vesica Piscis;
Etc., etc., etc.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
*A expressão é de Roger Stalley, e pode-se ler no seu livro: Early Medieval Architecture, Oxford 1999. Chapter 9, p. 131
**O que foi possível, em grande parte, pela pluralidade de sentidos atribuídos a cada forma. Isso chama-se Polissemia - uma característica que faz com que seja difícil, metodologicamente, definir um conhecimento único, ou o contexto científico mis específico, em que esses sinais (linguísticos) devessem ser estudados.
***Ouvir em:
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=95812
Ver também:
http://sol.sapo.pt/inicio/Cultura/Interior.aspx?content_id=21291
http://primaluce.blogs.sapo.pt/
link do postPor primaluce, às 00:00  comentar