Essa escrita foi, como temos defendido, uma ICONOTEOLOGIA
Ou seja, primeiro terá nascido num pensamento visual, depois foi riscada (quem sabe, nas areias das praias? *). Mais tarde passou a caligrafia e desenho. Ou, inclusivamente, foi também incisa e foi relevo**, aplicada/construída nos monumentos (built in), com vários propósitos, sendo o carácter religioso o predominante
Assim, se quisermos percorrer as situações em que surge, e compreender, talvez na íntegra?, o que se terá passado, então pode constatar-se que a mesma escrita está ainda na numismática (ou na medalhística), em ourivesaria religiosa e objectos de culto/liturgia, ou nos adereços e jóias dos reis (e dos nobres). Etc., etc.
Por nós, agora já nos habituámos - se queremos encontrar os ideogramas e os diagramas*** mais usados num estilo - entendido como zeitgueist (i. e., estilo de uma época, reunindo as marcas, materializadas, do espírito desse mesmo tempo), ou nalguma corrente artística; por nós, agora passámos a procurar, também por curiosidade, nas moedas que eventualmente os reis tenham criado (ou mandado cunhar - decidindo a respectiva iconografia).
Foi o que aconteceu no reinado de D. Manuel I, o Venturoso - que, em tempo de prosperidade, ao haver condições de desenvolvimento, havendo riqueza (e paz), criou uma moeda onde se vêem os mesmos sinais que eram colocados noutras obras e noutras superfícies, incluindo, claro, a Arquitectura.
Claramente, o seu objectivo foi o de criar um todo coerente...
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* Será importante lembrar que não havia papel com a facilidade actual?
** Esculpido na pedra e outros materiais, incluindo o marfim, como se vê em dípticos paleocristãos
*** Nos nossos escritos - que seriam tese de doutoramento (a tal que os PROFs calaram...) - temos a diferença entre Ideogramas e Diagramas. Para os interessados, tencionamos publicar
Acima, excerto de um painel de azulejos do refeitório do Mosteiro dos Jerónimos (que não é manuelino!)
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Aqui, ler sobre António Quadros, e como queria que existisse «um Champollion» capaz de decifrar a sua Escrita Ibérica. A qual, quem estuda História da Arte, e percebe como as formas ideográficas, abstractas (ou iconoteológicas) estão subjacentes a inúmeras composições, também perceberá que essa «Escrita» não foi apenas ibérica. Estando nos principais monumentos, antigos e tradicionais, da cultura europeia...
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