Quando nos apercebemos que algumas imagens que estão na arquitectura são - praticamente - as mesmas que aparecem em insígnias reais, na heráldica, ou até por vezes em sinais distintivos que foram marcas de povos, ou dos seus exércitos; quando isto acontece temos que reconhecer que a Historiografia da Arte se tem dispersado, e gasto demasiadas energias (senão até aquilo que deveria ser como a sua autoridade científica) em temáticas colaterais.
A historiografia esqueceu-se que nasceu - ou se reforçou, enquanto disciplina científica - ainda agarrada a um núcleo interdisciplinar (ou muito transversal) de saberes e conhecimentos.
E hoje, bastante esquecida dessa pluralidade, fascinada com a imagem (ou sobretudo com o estatuto que a Arte adquiriu nas sociedades contemporâneas*), hoje a história da Arte e o seus agentes, parecem contentar-se com apreciações relativas à beleza, à ideia de harmonia, deixando para trás a essência dos objectos artísticos: o porque surgiram?
Não é triste, mas apenas curto, na medida em que isso a que agora chamam Arte é extraordinariamente reduzido. Por se tratarem de conjuntos de dados que deixaram de compreender; mas também ... Dados que não se podem desprezar sob pena da Europa e os seus Governos estarem a deitar dinheiro fora: ao sabor das birras e invejas que se albergam nas instituições de Ensino Superior...
Na imagem acima um outro excerto do Presépio Iconoteológico que fizemos. Pois pareceu-nos que faria sentido - usando as mesmas lógicas da Arte Medieval, dispor entre os panos usados para aquecer o menino recém-nascido alguns dos sinais que os primeiros Reis de Portugal também usaram. Não para se enfeitarem, mas para serem identificados.
Já as faixas de pano foram entrecruzadas, formando Xs e Ys como se vêem nas abóbadas medievais, por serem igualmente sinais que identificaram Cristo, que também foi designado Rei. As mesmas faixas ou filacteras que desenharam símbolos do infinito, e as que pedra-a-pedra, depois de «subidas», permitiam chegar ao auge ou ogiva, palavras derivadas do verbo latino "augere" *.
Depois, porque pelo Baptismo (ver rito católico) cada um se torna - como Cristo - Sacerdote, Profeta e Rei, assim também se percebe que deste sacramento tenham saído vários sinais que hoje estão na Arte Cristã
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*Segundo a concepção de Hugo de S. Victor e os seus Tratados - teológico e arquitectónico - dedicados à Arca de Noé
Ver ainda: http://primaluce.blogs.sapo.pt/