Mas também, como segundo título podem estar primeiro uma imagem, e depois uma nova pergunta:
Será possível reconhecer-se a parte de neurociências (e linguística*) que está subjacente na Arte?
Partimos desta ideia, praticamente incontestada:
Todos nós usamos as palavras para pensar.
Mas, geralmente enquanto estamos a pensar num determinado assunto, mentalmente estamos ocupados só com esse assunto. E, inclusivamente, se for assunto importante ou difícil, não queremos que nos distraiam...
Por isso, simultaneamente não estamos a pensar no próprio processo, que é o acto de pensar, ou seja no caminho que o pensamento vai fazer. Tão pouco ainda teremos consciência dos meios que estamos a usar, porque o objectivo é chegar: atingir a ideia, ou a meta, do que é uma caminhada por vezes (muito) dura, mas que se faz com vivacidade e entusiasmo.
Assim como também não pensamos como terão surgido - etimologicamente - as palavras com que estamos a pensar. Isto é as que usamos (chamadas referentes), e que são aquelas em que nos estamos a apoiar, no processo mental que é pensar.
Ou seja, ou nós nos ocupamos com um nível da questão, ou com o outro (nível). Repete-se, em geral não (ou quase nunca isso acontece) estarmos conscientes dois níveis ao mesmo tempo.
Porém, embora parecendo que se está a escrever sobre um assunto exclusivo da literatura, este tema interessa-nos porque o que se passa com as palavras, é normalmente também o que se passa com as imagens.
E de facto são muitas as imagens que nos ajudam a pensar. Muitas dessas são conhecidas como diagramas, por exemplo os designados dataflow diagrams** feitos propositadamente para esse efeito.
Ou. dito de outra maneira, se o pensamento decorre num «canal», como se fosse uma auto-estrada onde a circulação propositadamente foi facilitada, então, nessa primeira vez em que pensamos determinada ideia, ou conceito, as ajudas que tivemos para pensar (i. e., a auto-estrada alisada para esse primeiro percurso), mais tarde já as poderemos dispensar.
Concretamente, quando voltarmos a fazer o mesmo circuito - e voltarmos a pensar a mesma questão - provavelmente já o fazemos bem mais à-vontade. Estaremos mais habituados ao processo, e como que a fazer o caminho, nem pensando sequer na «bengala» (que se chegou a usar da primeira vez, e foi da maior utilidade!).
É aqui que alguns explicam que a mente opera a níveis diferentes, quando para o processo de pensar utiliza apoios (que são por exemplo as imagens) para ajudar a fluir o pensamento. Na passagem seguinte de Rudolph Arnheim, vinda de Visual Thinking o autor escreveu.
Não é a primeira vez que citamos este excerto, e, sabe-se lá, talvez ainda não seja a última? Porque é fantástico. Nele está claríssima a hipótese de o pensamento ter que ser ajudado a pensar. Assim (traduzindo parcialmente) o autor afirma:
"Se o pensamento tem lugar no reino das imagens, muitas dessas-imagens deverão ser altamente abstractas, pois a mente opera muitas vezes a altos níveis de abstracção (...) Na melhor das hipóteses as imagens mentais são difíceis de descrever, e facilmente perturbadas. Consequentemente, os desenhos que se podem esperar relatando (e relativos - dizemos nós) as essas imagens são material bem-vindo."
E mais uma vez, citando o autor quando se refere aos desenhos feitos durante o processo mental - "essas imagens são material bem-vindo" - temos que concordar.
Porque, acontece-nos ver nas obras de Arte, especialmente nas da Arquitectura, muitas imagens que foram o resultado de desenhos/esquemas feitos para ajudar a mente a pensar. Como se passa com os ideogramas***, em que um dos melhores exemplos é o que ficou como sub-título (já deixado em vários posts, concretamente desde Março de 2014)
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*Também a Psicologia... Embora se possa a tudo isto preferir chamar Antropologia. E assim se mantém o «bolo» dos vários saberes unidos, porque (oficialmente) ainda a Ciência não os conseguiu destrinçar...
** Em tradução dir-se-ia que são diagramas de dados para fazer fluir o pensamento (ou a corrente da consciência).
***Ou Diagramas Medievais
link do postPor primaluce, às 15:30  comentar