Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
11.3.20

... num quadro de Álvaro Pires de Évora.

 

Claro que logo que os vimos (os arcos entrelaçados) ficámos fascinados. Por se perceber a preocupação do autor em comunicar algo mais; concretamente o contexto teológico. Se quisermos, foi como uma adjectivação que se entendeu dever fazer, relativamente à sua própria fé. Ou, concretamente, ao contexto da Fé Cristã*, em que esta obra se posicionava.

 

Depois, pelo nosso método experimental, desenhámos por cima de uma cópia que se tinha impresso. Mas, claro, não é a mesma coisa... (e era só experiência como nalguns escritos/desenhos exploratórios de Leonardo da Vinci)

AURA-VirgemAPdeÉVORA-sobreposição.jpg

Já que no desenho descoberto (abaixo) - i. e., sem o papel vegetal (como acontece acima) - os arcos quebrados, menores e resultantes das intersecções dos círculos, ainda esses têm mais detalhes, que eram igualmente, falantes**.

APdeÉVORA-FilmeMNAA.jpg

Dentro de cada «meia mandorla», que rectificada seria um triângulo equilátero, ainda estão desenhados, aquilo que - para os referidos triângulos - os geómetras chamam apótemas.

 

E desse modo, ao encontrarem-se no centro do dito triângulo, desenham um Y, que também foi representativo da Trindade, e de Cristo.

 

Pode parecer árido, ao ser explicado desta maneira, mas em desenho tratam-se de formas que enriquecem imenso as composições, e que, por seguirem regras da geometria,  acrescentam sempre um rigor visual que é também harmonia formal. Ou - aquilo que verdadeiramente são - concordâncias geométricas.

 

Estas imagens são materiais, ou se quiserem «ingredientes visuais», também altamente polissémicos. Que, para os antigos (e disto não temos dúvidas, referimo-nos ao clero) seriam certamente falantes.

Já que os saberes ou as ciências, desde Martianus Capella, Alcuíno (de York) e depois ainda desde Hugo de S. Victor, funcionavam muito mais unidos do que hoje; isto é, não eram disciplinas avulsas

E mais ainda: não é por acaso, de todo, que a Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira de Cultura, no volume 2, sobre as Artes Liberais, a dada altura especifica (algo que desde 2002 nunca mais esquecemos):

"Durante a escolástica, as artes, o septívio, não foram estudadas por si  mesmas: eram vias de acesso à Sagrada Escritura"***

Para concluir, como no Credo, onde Carlos Magno obrigou à inserção da partícula FILIOQUE, é isso que se pode ler nesta Aura de Nossa Senhora, atribuída a Álvaro Pirez

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*Que Cristianismo, que religião, ou, em que região da Europa, o encomendador se posicionava.

**Quem saiba geometria, ou tenha uma boa memória visual, pode reconhecer nestes arcos a mesma organização, ou a mesma estrutural visual, igual ao que se passa na fachada do Palácio dos Doges de Veneza: ou até noutros edifícios desta mesma cidade.

*** A frase acima é uma afirmação essencial, impossível de esquecer. E que por isso obriga a rever, várias ideias, demasiado feitas, da historiografia da arte. Ver op. cit., coluna 1417.

link do postPor primaluce, às 20:00  comentar

 
Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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