Ainda na linha do post anterior e da ideia da realeza como sendo sagrada; e também na linha do que captámos relativamente a uma tradição que Constantino inaugurou e outros «Imperadores» foram actualizando.
Em breves palavras, dir-se-ia que estamos perante novas provas de que a Arte só se compreende entrando bem no âmago da História, e nos seus detalhes, que por vezes são mínimos, mas que apesar dessa dimensão passaram a ser registados em obras visuais**.
Em obras que era normal funcionarem como legendas, pois eram para ser percorridas pelo olhar de quem as lia e delas retirava informações.
Como se passa no exemplo seguinte, riquíssimo em detalhes informativos. Escolheu-se para ilustrar a questão do design dos escudos, mas tem muito mais pormenores igualmente falantes.
(clic para legenda, ou amplie aqui e aqui)
Particularmente interessante é a taça no centro da representação, sobre a mão direita de Justiniano, que parecendo «meio-torta» - já que os bordos deviam formar uma elipse perfeita... - nos faz supor que se pretendeu desenhar uma amêndoa.
E como em geral sucede com as fíbulas, também aqui a do Imperador Justiniano, a apanhar o tecido no ombro, é altamente decorada para ser significante: como se tivesse 3 gemas amendoadas, pendentes. Estas por sua vez agarradas a um círculo, o qual, também por sua vez ... (e continuaríamos)
Por fim, na razão deste post está a relação com Constantino e com a Batalha da Ponte Milvius, que como dizemos pode ter criado toda uma simbologia (e narrativas) que séculos depois eram ainda recontadas ou recriadas para outros protagonistas, também fundadores, como foi Afonso Henriques:
"Segundo os cronistas do século IV Eusébio de Cesareia e Lactâncio, a batalha marcou o começo da conversão de Constantino ao Cristianismo. Eusébio de Cesareia relata que Constantino e seus soldados tiveram uma visão do Deus cristão prometendo-lhes a vitória caso eles exibissem o sinal do Qui-Rô, as duas primeiras letras do nome de Cristo em grego, em seus escudos. O Arco de Constantino, erigido para celebrar esta vitória, atribui em seus relevos e inscrições à intervenção divina."
Infos de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_da_Ponte_M%C3%ADlvia
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*O XP deve-se ler QuiRó, por serem as primeiras letras do nome de Cristo
**Algo que William Morris também se preocupou em explicar