Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
10.8.22

Já se tinha escrito sobre a imagem seguinte, mas, entretanto alguns artigos que lemos avivaram-na ainda mais:


Assim começamos pela palavra liminar, que segundo o dicionário (aqui ao lado *) é um "limiar". Dizendo-se a seguir que é subliminar aquilo que é inferior ao limiar, pois não ultrapassa o "limiar da consciência".


Lembramo-nos de António Damásio, mas..., vamos em frente, continuando com o que consta no dicionário a propósito de subliminar:



"... diz-se dos estímulos de fraca intensidade que quando repetidos, actuam no indivíduo ao nível do subconsciente, podendo interferir na sua conduta sem que ele se aperceba;"



É outra perspectiva.


Mas é também quando nos acorre a lembrança de C. G. Yung, e a sua ideia de Inconsciente Colectivo.  E com esta vem a noção de camadas, que se aplica, às leituras da imagem que está a seguir. Incluindo nela, na 2ª versão (com os círculos que inserimos) o que não está lá, mas que, mentalmente se sub-entende!


MandorlaNoCentroTecto-completa.jpg


Imagem que tem servido a Vítor Serrão para (longos) discursos sobre o visível, presente nas composições que narra, com enorme entusiasmo. Sem que, nessas suas deambulações descritivas, chegue alguma vez a exprimir a essência da composição. Pois na verdade deveria perguntar-se, o que move?, porque rodopiam em tanto dinamismo, ou o que desenham, os elementos que se vêem, e integram a imagem...?


No entanto, e porque se vão encontrando, neste mesmo tema (dos "brutescos"  **) - composições quiçá herméticas...?, e tão repletas de elementos icónicos e anicónicos - elas terão servido, é quase óbvio, para pôr a falar,  directamente, o invisível.


Isto é, querem afirmar exactamente o que não consta - nem está explicitado pelo desenho, já que não foi completamente desenhado/riscado ou inscrito na própria composição - mas que se sente!


Só que, muitos desses elementos, não apenas os que foram representados naturalisticamente, mas também os anicónicos, ou abstractos (ditos simbólicos...); em geral tudo isso integra a enorme colecção de imagens que, sem a consciência deste fenómeno, contribuiu para a formação do Inconsciente Colectivo...


E estão na Arte!


Sendo neste ponto, que uma série de artigos que decidimos ler*** - e dão origem a este post, como consta logo de entrada - se nos apresentam muitíssimo «desarticulados». Numa desarticulação que faz com que, poucos se consigam entender.


Claro que é a nossa opinião, relativamente à Arte Cristã e ao maior interesse que pode (ou deveria) existir, no seu estudo. Estudo a fazer desde as origens, cientificamente, e desde quando o Cristianismo surgiu, com as imagens a serem postas a falar, ao serviço da religião. O que aconteceu, até que - vindo sobretudo de Adolf Loos (que mostra não ter percebido o que «viu» como excessos de decorativismo) - a Arte Cristã passou a ser posta ao mesmo nível do que era cada vez mais, e simplesmente a Arte.


Arte que vinha a ser desligada, e crescentemente descomprometida, do sentido de serviço ao religioso, em que tinha nascido (e para o qual fora criada...)


Quando Maria João B. Neto reporta, a partir de Manuel Mendes Atanásio, sobre as origens do questionamento da Arte Religiosa, tendo em vista, no meio do século XX, a criação de um movimento que introduzisse inovação na Arte e na Arquitectura; então cita Frei Marie-Alain Couturier, O. P. (1897-1954) - que foi Editor Chefe da Revista L' Art Sacré, o qual, segundo escreveu:



"...não hesitava em afirmar que as causas principais da decadência da arte sacra não eram de origem artística, mas sim de ordem religiosa." 



E é com esta noção presente - como se vem a passar connosco desde 2004-06 - que vamos encontrando, nos muitos e diversos textos que lemos - toda uma imensa desarticulação, que, cada vez mais, precisaria ser esclarecida.


Que se começasse a usar, por exemplo, a nomenclatura de Robert Adam em The Globalisation of Modern Architecture , onde são referidos os "Faith-Based Styles".  Mas também que leiam Mark Gelernter (n. 1951) arquitecto e professor em Denver, e o seu fantástico livro de 1995: onde já ficaram claríssimas, muitas das ideias que hão-de um dia estar numa qualquer nova história da arte e da arquitectura. 


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* Dicionário Universal da Língua Portuguesa, Texto Editora, Lisboa 1995.


** Ver imagens do tecto da igreja de Santo António no Estoril, pintado por Carlos Bonvalot 


*** Reunidos sob o título Arte e Igreja em Portugal, Histórias e Protagonistas de Diálogos Recentes, Edição Caleidoscópio. Lisboa Novembro 2021. Por exemplo, de entre as «Histórias e Protagonistas de Diálogos Recentes», concretamente no artigo que tem como subtítulo - Interpelação e interpretação moderna de símbolos cristãos  (ver na p. 99), a referência ao valor e importância do espiritual, não chega. Não é de modo nenhum suficiente, para ajudar a destrinçar, e assim a compreender - se de facto se pretende fazê-lo?! -, o que é a arte cristã e a arte laica. É que o problema - pois pode de facto existir aqui um problema, de entendimento e classificação, que se pretende seja racional, para além do emocional. É que, se a Arte é Arte?, se lhe reconhecemos qualidades (quase) fora do racional, e do comum, nas obras? Se achamos que houve habilidade técnica, e também ao nível das ideias, para reunir e concretizar algo de muito belo? Se isso aconteceu, é porque uma centelha de algo, que já de si é divino, conseguiu passar às obras.


A Arte eleva, tal como no passado se pretendeu (ver em Exégèse Medievale, Les Quatre Sens de L'Écriture, por Henri De Lubac), que a arte e a arquitectura fossem anagógicas. 

link do postPor primaluce, às 12:00  comentar

 
Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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