O que ficou escrito (sobre este assunto) em Monserrate uma nova história é muito pouco (ver na p. 41), mas, a nossa insistência sobre a questão dos geometrismos, e da importância de algumas formas muito especificas - tratadas "en passant" no trabalho dedicado a Monserrate* - essas referências foram mais abundantes na apresentação feita na Fac. de Letras, na defesa da tese que aconteceu em 31.01.2005.
O «power point» então apresentado, que se mantém inalterado, regista o que nesse dia foi percorrido em defesa das nossas ideias.
E apesar de na altura ter sido reservado muito material para data posterior (talvez para o doutoramento? - mas então também estávamos longe de colocar essa hipótese...); a verdade é que a partir das ideas que formámos, depois disso também passámos a direccionar as nossas explorações de acordo com o que já eram muito mais do que meros feelings.
A partir dessa via apreendemos ainda mais, adquirindo informações que - recuando agora, já não a 2005 mas a 2001 - nunca poderíamos pensar que existissem, ou que, sequer, viessem a estar alguma vez ao nosso alcance?
Como por exemplo, um dia passar a contestar (e a discordar totalmente) de algumas ideias de um Professor de História da Arte de Oxford**?
Porque, ao termos visto um desenho do túmulo de Egas Moniz, pudemos compreender que as argolas e arcarias entrelaçadas - que pareciam apenas desenhos «feitos para ser bonito» - eram, antes de tudo, a ênfase fortíssima de uma afirmação que se pretendia fazer sobre a correcção do «Aio» de D. Afonso Henriques***.
Como mais tarde compreendemos, serem formas falantes e significantes (específicas), que também se encontram nos motivos e figuras escolhidas para colocar à volta das cabeças, como sucede nas Auras.
Desenhos de Estudos
Depois percebemos que o mesmo aconteceu para os Halos que incluíam o corpo inteiro, e ainda, seguindo exactamente esta mesma lógica, percebeu-se que nas formas escolhidas para as paredes das edificações, estão figuras que também poderiam ser (e foram) as das Auras e Halos.
Resta acrescentar que quando se encontram textos de autores como Henri De Lubac, ou M.-D. Chenu, que se referem a sucessivas alegorias, nas representações empregues nas obras e na arte medieval - algumas com lógicas muito inesperadas, quase infantis - deduzimos que devem ter sido, possivelmente, este tipo de lógicas: que os surpreenderam, a esses e muitos outros autores?
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*Ler Raymond Bayer, na tradução de José Saramago.
***Hoje dizemos que uma informação - dada com uma certa beleza visual, a partir de um motivo que se repete e torna padrão, isso é um ornamento: uma imagem decorativa. Ou seja o decorativo foi falante, por isso se insistia, e repetia a sua utilização, a ponto de levar alguns a criarem a expressão (errónea) - de haver um "horror ao vazio"... Era ao contrário, era uma insistência, a repetir, como que a gritar (crescentemente). O que ainda hoje se pode dizer como sendo gritante e muito chamativo.