Na imagem seguinte vinda do Convento de S. Francisco de Portalegre*, vê-se, claramente e bem definido, o desenho formado pela luz projectada.
Desenho que não é muito diferente de um conjunto de três vãos que se podem ver na Sé de Lisboa
Num excerto arquitectónico (da imagem acima) cuja data não sabemos precisar - pois aí é necessário, sem dúvida, o trabalho de um historiador: i. e., daquele que vai aos arquivos e procura o que possa existir, cruzando dados vários, e informações de diferentes proveniências...
Mas, dizemo-lo nós, por comparação entre estas, e inúmeras imagens que temos visto, pode-se deduzir que nunca terá sido nem Românico nem Gótico. Devendo atribuir-se a sua origem, se bem que iconoteológica, a alguns dos autores mais criativos que, em Itália, por quererem evitar o uso das formas que os bárbaros (godos e visigodos) originaram; esses começaram então, com base na geometria e na iconografia já existente - como que a brincar - ensaiaram «novas formas», também elas significantes, que passaram a usar. Certamente (?), mais adaptadas à expressão das novas ideias que o Cristianismo pretendia lançar:numa renovação aristotélica - com S. Alberto Magno e S. Tomás de Aquino, foram assim deixadas para trás algumas (mas não todas) das lógicas anteriores, que tinham sido muito, e marcadamente, platónicas; sobretudo as que tinham sido influenciadas por Hugo de S. Victor.
E isto que escrevemos, é mais uma vez o resultado de sucessivas leituras e observações (de imagens), onde é possível notar o modo como os desenhos dos vãos, foram evoluindo ao longo do tempo.
Como elementos básicos, alguns ditos clássicos e outros cristãos se fundiram. Como é o caso de vãos semelhantes aos que estão nas Termas de Diocleciano, e de outros vão ditos cristãos – como são algumas janelas características das igrejas românicas e góticas.
É possível (e útil) separar estas tipologias, como tem sido definido para os Estilos Históricos? Ou, pelo contrário, pode ser mais útil investigar a pensar num todo mais contínuo, em que as diferenças surgem apenas como resultado do contributo de alguns mais criativos? Eles que pensaram em novos modelos de expressão - que hoje revelam a criação de fusões e adaptações formais - as quais serviriam, como se supõe, para melhores traduções (visuais) das ideias da Teologia?
As perguntas não são de resposta fácil, assim, e seja o que for - pois parece que pouco interessa... (já que não tem nada a ver com o imediatismo da rentabilidade económica) - faz sentido lembrar Jacques Le Goff e a sua pergunta:
“Onde está, em tudo isto, o corte do Renascimento?”**
Pergunta que faz sorrir, lembrar outos contextos...
*Imagem pertencente a - http://ultimasreportagens.com/90.php
**Ver em O Imaginário Medieval,Editorial Estampa, Lisboa 1994, p. 38