Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
3.11.12
... e os seus De archa Noe (assunto a continuar)

 

Há dias em The End of Architecture um dos posts lembrou-nos aquilo que há muito já deduzimos sobre alguns dos elementos arquitectónicos típicos da Idade Média*.

Referimo-nos às coberturas características das Igrejas e Catedrais Góticas, que se apresentam desmesuradamente altas e muito inclinadas. Uma característica que bem mais tarde passou a ser também das Mansões Nobres, as quais em França vieram a ficar conhecidas como Châteaux. E em Portugal vimos ter levado a uma das designações da que foi primeira Casa de Monserrate: o "petit château de Monsieur De Visme" - o inglês de origem francesa que, cerca de 1743 (ou 46?) chegou a Portugal para fazer os seus negócios**.       

Ainda sobre essas coberturas muito inclinadas existe uma explicação - que faz algum sentido - dizendo-se que são devidas à necessidade de fazer escorregar a neve que possa cair sobre os telhados.

Quem alguma vez tenha projectado sabe da preocupação que têm os Engenheiros especialistas de Águas e Esgotos relativamente à queda das águas pluviais, e à necessidade de recolher essa água da chuva, encaminhando-a o mais directamente possível para o solo.

Em edificações com grandes áreas cobertas (e portanto impermeáveis) as canalizações para as águas da chuva têm que ser devidamente dimensionadas, e isso pode exigir tubagens de grande calibre (diâmetro).

Mas atenção, chuva que escorre ou neve que se acumula, são coisas bem diferentes. E neste último caso, as cargas extra podem fazer cair uma cobertura, onde a neve e o gelo pesam muito mais do que as estruturas têm capacidade, ou foram calculadas para suportar. 

O peso da neve e do gêlo é importante, no entanto, lembre-se/pense-se - dizemos nós - que a inclinação que algumas dessas coberturas atingem, não pode ser relacionada apenas com essa necessidade. 

Resumindo, as coberturas muito inclinadas (em nossa opinião), têm pouco a ver com as questões funcionais ligadas à chuva e à neve. Estando, provavelmente, muito mais ligadas à "mansardisation" de que Patrice Sicard escreveu.

O autor que estudou os De archa Noe com todo o detalhe***, e que mesmo assim não aceita a sua ligação directa com as construções que foram feitas posteriormente (a esse Tratado - que é do século XII). É ele, P. Sicard quem também associa Mansart com a volumetria da Arca de Noe, descrita (e proposta como solução arquitectónica, dizemos nós) por Hugues de Saint-Victor. 

Antes de J. Hardouin-Mansart (m. 1708), ou de François Mansart (m. 1666) viveu Philibert De l'Orme (1514-1570), que é o autor do desenho seguinte. Onde - tal como vai acontecer muito mais tarde na obra dos Mansart - e de outros como Pierre Le Muet (m. 1669) - se destacam os telhados muito íngremes e muito altos. Porquê? Sabemos serem razões de imagem (iconográficas), no que se poderia dizer serem motivos arquitectónicos de raiz teológica.

Assuntos que em França merecem ser bem estudados, colaboração entre instituições de Ensino Superior que aqui deveriam ter lugar, com vantagem (talvez meritória para as Universidades portuguesas?) dos que estivessem envolvidos nesses estudos.

Enfim, muitas razões que vamos continuar a abordar, embora indignada com a mentira e o silenciamento que nos têm querido impor.

A Crise serve para tudo desculpar, mas muito antes - desde 2002-2006-2008 - sabemos da qualidade dos materiais que temos em mãos. E felizmente, apesar do "bullying" típico de adolescentes que nos rodeia, somos nós que defendemos estas ideias, sem mais ninguém. 

I. e., os que estão de acordo com elas têm-nos apoiado, estão do nosso lado! 

Outros que apareçam a defender este assunto (se aparecerem, e desejamos que não tenham atrevimento para o fazer) terão que provar como e porquê se interessaram pelo mesmo tema!              

 
(clicar sobre as imagens para ampliação e legendas)
 
 

** Ver em Monserrate uma nova história, p. 87 e outras, onde se refere o «Castelinho de De Visme» em Sintra. 

***Insistimos que é sempre a nossa opinião - validada pela evidência das informações a que temos acesso; a qual várias instituições de Ensino Superior insistem em não aceitar (por «razões metodológicas»). Patrice Sicard é o autor que também traduziu muitos excertos dos De archa Noe, permanecendo no entanto, a maioria dos escritos em Latim. Que saibamos ainda não traduzidos em Francês, Alemão ou Inglês - idiomas dos que têm dado mais atenção ao tema.

http://primaluce.blogs.sapo.pt/

link do postPor primaluce, às 18:00  comentar

De DLA a 5 de Novembro de 2012 às 18:11
Muito interessante. É bom ver a versão erudita de aquilo que já intuíamos. Já tinha lido que as descrições do templo de Salomão tinham servido de modelo arquitectónico por toda a idade média. Uma descrição verbal, passada a escrito, por sua vez transformada em modelo geométrico gerador de mil formas. Suponho que o mesmo tenha vindo a acontecer com a Arca de Noé. Que outros edifícios bíblicos " vieram a influenciar as formas da arquitectura no Ocidente? A Torre de Babel? As Muralhas de Jericó?

De primaluce a 6 de Novembro de 2012 às 16:36
Olá Duarte
Só agora li uma resposta tua que não sei se está no blog ou se veio só para esta caixa de correio? Pouco interessa, tenho informações que passam por algumas das coisas que escreveste, mas por exemplo acho que o Templo de Salomão é menos importante do que se pensa. Desenhos de Muros e de Paredes com icnografias geométricas significantes aparecem cedíssimo. A Arquitectura Clássica, sobretudo a dos romanos, foi, claramente, «cristianizada»; mas já depois de numa 1ª fase ter recebido informações (formais/visíveis) do «Deus-único dos Hebreus». E isto por razões muito específicas remontam ao séc. III a.C. São assuntos que quero tentar publicar através do EAHN, ainda antes de pensar em edições de autor.
Depois falamos ou mando email do sapo. bjos

 
Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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