Sendo que no nosso caso, foi a própria Universidade de Lisboa que, deixando cair o tema, sem querer perceber a sua imensa relevância para o conhecimento da História da Arte (tradicional, antiga e cristã - o que é uma verdadeira ICONOTEOLOGIA); desse modo decidiu aquilo com que nos iríamos ocupar até ao fim dos nossos dias.
Mas, porque tinha ficado dado o mote pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, aceitámo-lo.
Assim, do ponto de vista da biologia continuamos com a ave que pertence à família Columbidae : uma família de aves cuja fama, actualmente, não é a melhor. Mas, pelo que datam os historiadores, existe desde a antiguidade, antes de Cristo...
Embora aqui - e por enquanto - os pombos que há, ou vieram de Piero della Francesca (inspirados no Baptismo de Cristo, da National Gallery); ou são resultantes das nossas buscas em torno das representações da terceira pessoa da Trindade - comummente designada Espírito Santo.
Os desenhos acima foram feitos para mostrar aos historiadores da arte como formas abstractas de origem geométrica tiveram por objectivo substituir a única representação naturalista - e que por isso eles (os historiadores) a conseguem identificar - da Terceira Pessoa da Trindade.
Só que, é preciso explicar melhor, porque a ordem dos nossos estudos, e as explicações que fomos dando, normalmente não foi esta:
Na verdade, até hoje, e para representar as duas concepções teológicas que se opuseram, ainda durante o primeiro milénio da Era Cristã - Filioque e Perfilium (chegando mesmo a provocar o designado Cisma Ortodoxo, de 1054); até hoje usámos unicamente as imagens que estão a seguir.
Mas, a sua «secura iconográfica», que é como quem diz o enorme abstraccionismo das figuras 1 e 2, faz com que (talvez?, supomos...) os leitores tenham dificuldade em entender as imagens exclusivamente geométricas.
Foi para facilitar a leitura das imagens geométricas, e a compreensão das duas concepções teológicas, e respectivas diferenças, correspondentes, que decidimos agora, colocar a Pomba sobre a parte da imagem que, milhares de vezes, ao longo de vários séculos, tem aludido - da forma mnemotécnica que Mary Carruthers descreve - à Terceira Pessoa da Trindade.
E de novo lembra-se a interessantíssima questão que André Grabar colocou. Exactamente sobre as representações da Terceira Pessoa da Trindade. Perguntando-se - e com toda a razão !!! - como foi possível, não ter havido outras representações do Espírito de Deus?
“...Le cas de la troisième personne de La Trinité est intéressant. A la période qui nous concerne, il y avait je pense, un seul symbole du Saint-Esprit, la colombe. Elle apparaît comme nous l’avons vu, au Ve siècle, au moins dans une scène du baptême du Christ (sur une mosaïque du baptistère des Ortodoxes à Ravenne), et dès le début du Ve siècle, sur le trône de Dieu (mosaïque de Santa Prisca, à Capua Vetere). A part quelques rares répresentations de la Trinité, les imagiers de la fin de l’Antiquité ne paraissent pas s’être posé le problème d’une image du Saint-Esprit qui tiendrait compte de tout ce qui, selon les théologiens, définit sa nature, et en particulier ses relations avec le Père et le Fils. Cette partie du Credo du premier Concile Œcuménique n’a pas trouvé d’écho dans l’art contemporain, et cela devait être souligné, car cette lacune est significative de la distance qui séparait la grande théologie de l’époque de l’iconographie contemporaine. Mais ce qui advint de l’unique schéma iconographique alors utilisé (la colombe) est aussi curieux : Cette allégorie provient bien sûr du texte évangélique qui décrit le baptême du Christ ; il faut cependant reconnaître qu’elle est archaïque, surtout si on la compare aux autres images théologiques, et qu’elle est plus proche des tout premiers symboles chrétiens, comme l’ancre et l’agneau. Ces allégories anciennes se trouvèrent en général remplacées par des figures humaines à partir du quatrième siècle ; mais la colombe du Saint-Esprit resta, et sert encore aujourd’hui à désigner la troisième personne de la Trinité. Les imagiers ont du tacitement troisième personne de la Trinité. Les imagiers ont du tacitement reconnaître que le sujet allait au-delà des moyens dont ils disposaient. Néanmoins, même en conservant la colombe symbolique, les artistes auraient pu montrer la procéssion du Saint-Esprit, a fin de traduire le Credo. Ce fut fait d’innombrables fois au Moyen Age. Dans combien de cas voit-on la colombe quittant la main de Dieu Père ou placée de façon à exprimer le filioque c’est-à-dire que le Saint-Esprit procède tout à la fois du Père et du Fils! L’Antiquité semble-t-il, n’a jamais effleuré le sujet…" [1].
Na verdade, e como querem os profs. historiadores da FLUL e FBAUL - os nossos estudos podem não ter qualquer valor, ou até mesmo interesse... Mas, tivessem eles percebido o valor e a pertinência, tão inteligente dos questionamentos de André Grabar, e teriam ido à procura. Para entenderem a importância das questões que colocou.
Tivessem eles compreendido como a geometria foi uma língua, e teriam percebido a Arte, em especial a Arquitectura, com menos memória e mais leitura directa das obras.
[1] Ver em André GRABAR, Les Voies de La Création en Iconographie Chrétienne, Flammarion, Paris 1979, pp.111-2. Excerto já citado noutros posts.
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E se as nossas imagens remetem para muitas, e diferentes obras, onde as vimos, revejam esta, criada séculos depois. Onde os círculos da cosmologia - apesar, e tirando partido, do seu caracter cientifico -, também serviram para explicar (dar a conhecer) Deus
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