Concretamente dentro deste nosso computador. Mas também dentro de alguns livros menos conhecidos e divulgados: que, por não entrarem em listas bibliográficas específicas - por exemplo as de História de Arte - depois também não conseguem participar de um Saber que deve (deveria !) ser multidisciplinar
Quando nos propusemos a fazer na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa um doutoramento intitulado "Sinais do Espírito Santo na Arquitectura", em boa parte sabíamos ao que íamos. Mas não podíamos prever que iríamos encontrar sucessivamente, e sempre cada vez mais - crescentemente - novas informações (*).
O que ainda hoje acontece levando-nos à escrita deste novo post.
E vem para aqui agora - para ICONOTEOLOGIA - porque se tratam de Ideogramas da Teologia Cristã.
Como desde 2005-6, queríamos provar na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, a génese de muitas das formas, vocábulos e imagens (tradutoras de ideias) do Cristianismo, presentes na Arquitectura do mundo ocidental.
Quando há alguns dias reparámos na imagem do Ideograma seguinte, foi também o título e o tema (do nosso doutoramento) de que de novo nos lembrámos:
Note-se, que para o autor deste livro (**), e como está no texto acima, o semi-círculo intercalado no meio da barra horizontal, significa o Espírito Santo, representado pela Pomba.
Embora para nós haja várias diferenças, ou nuances, relacionadas com o que aparentemente terá sucedido (ao longo do tempo).
Assim aceitamos o Ideograma acima para marcar a Igreja cristã; mas (apenas) a primeira Igreja, a paleo-cristã. Porque se assiste depois, pelo que vemos nalguns exemplos, ao evoluir do que foi um «modo de sinalização»:
Pelas imagens que em geral nos chegam, vê-se que em obras ainda Românicas e depois na arquitectura Gótica, passa a ser a Mandorla, a nova forma, ou o sinal preponderante, para aludir ao «espírito cristão»: i. e., ao Espírito Santo.
E depois desta, foi o Arco Quebrado, e com ele também a Cruz em Aspa e as Ogivas, que passaram a «sinalizar» - para efeitos de informação visual - a Arquitectura Cristã.
Com o evoluir e estabilizar das «ideias» que passam a vincular o mais essencial do Catolicismo (o conceito de Filioque, oposto ao Perfilium que ficou associado aos ortodoxos orientais), no Ocidente, e com maior destaque para França, instala-se na arquitectura aquilo a que hoje é chamado estilo Gótico.
Esta evolução que acabamos de descrever em grandes linhas, para as formas empregues na arquitectura, baseia-se nas nossas observações. Onde exemplos como os das imagens seguintes - placas votivas que fotografámos no British Museum - nos foram (são ainda) de enorme utilidade.
Repare-se na imagem seguinte: a inserção de um Arco - Sinal de Deus (o Arco-Íris posto na nuvem) - no centro de um Frontão Triangular
E como depois (na segunda imagem) a Arquitrave do referido frontão foi interrompida, para inserir um Arco. Embora não sendo um semi-circulo, é claramente um Arco.
E nesta evolução, sabendo todos nós o que aconteceu, dir-se-ia que podemos ver a passagem da Arquitrave do templo pagão, à peça que vários séculos depois foi chamada Arquivolta ... do templo cristão.
Por fim a terceira imagem é a de uma Patena em que Cristo distribui o pão da comunhão.
Nesta terceira edícula confirmamos a inserção do semicírculo na Arquitrave. E a preencher esse espaço uma Concha que foi marca dos (e também se associa aos) primeiros cristãos: os que eram baptizados, como Cristo, tinha sido baptizado por João.
O episódio relatado na Bíblia, que passou à pintura (como em geral é conhecido), e ao qual se associa, a presença do Espírito de Deus, representado pela Pomba.
(*) Assim como não podíamos prever o crescente desinteresse do nosso orientador, talvez proporcionalmente à quantidade das novas e muito evidentes provas, que não paravam de aparecer, a corroborar as nossas ideias e teoria.
(**) Symbols Encyclopedia of Western Signs and Ideograms - por Carl G. Liungman, (1995), ed. HME Publishing, Stockholm, Sweden.
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