Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
27.12.24

Aqui, em Iconoteologia um artigo que nos pareceu interessante.

Sobretudo apropriado para a contemporaneidade. 

Luce-Vaticano-2025.jpg

Talvez uma boa prova de que está esquecido tudo o que se veio a construir desde os primórdios do cristianismo?

Ou, será nosso o anacronismo?

E com ele a muita pena que temos de não terem sido mais conhecidos os nossos estudos:

Pelo menos para que se conheçam muito melhor os processos - que existiram - da associação quase directa, de imagens geométricas à Teologia cristã... 

Porém, com esta Luce vem ao de cima a nossa ideia inicial para Primaluce. E a sua imensa importância para a Arquitectura que hoje, em geral, é considerada património.

link do postPor primaluce, às 16:31  comentar

12.12.24

De uma das Vedute Venezianas, uma janela paradoxal

Diocletian-window-final.jpg

Destaque para uma Janela que nos intriga

(post a escrever, mais logo)

link do postPor primaluce, às 13:20  comentar

11.11.24

E o "Neogótico Cascalense", de que há dias escrevemos, e foi de Maria Pia de Sabóia (ver aqui), já nos proporcionou algumas horas de puro divertimento...

sea-side-cascais-resized.bmp

Mas não só.

Porque enquanto se desenha, por vezes, a mente - também ela ! - aproveita para se ocupar com outras ideias e observações, menos mecânicas: como é o reflectir sobre "chalets suiços", ou o "carpenter's gothic" dos EUA.

Na Vista esferograficada ainda os telhados não tinham sido repostos na versão original (aos losangos).

Alguns programas do computador permitiram fazer alterações e experiências, sobre uma base cujos direitos de autor são nossos.

E quanto a cores, usámos outras - que não estão lá - mas podiam estar...

 

Vindo daqui - fb -11.11.2024 

~~~~~~~~~~~~~~~~

E se brincamos com as imagens e efeitos criados com impressão e computadores, esta é outro bom exemplo

link do postPor primaluce, às 17:30  comentar

10.11.24

Cada vez (nós) temos menos paciência!

Ou, dizendo depressa - HAJA PACHORRA ! - para os danos criados á Ciência, dentro da própria Universidade de Lisboa, pelo «Velador-Mor« ! (*)

 

Este post no FB de Paulo Andrade fez-nos reagir, assim:

" Penso, penso...
Num comentário acabado de escrever:
A "Cruz em Aspa" - esteja ela num colar honorífico, ao pescoço do rei D. Manuel I, ou em tectos góticos, aparentemente «suportando» as abóbadas {https://iconoteologia.blogs.sapo.pt/varios-significados...} - é, talvez desde há milhares de anos, um dos sinais significantes, mais empregues na arte e na arquitectura cristã.
As massas poderão não ter entendido os seus significados, mas a Igreja, e os seus teólogos (que informavam os construtores - "les maçons" - para que construíssem usando as formas mais significantes da iconografia cristã); a Igreja sabia bem aquilo que queria que os seus fiéis vissem.
E já agora, como tenho escrito em vários posts, por terem exactamente a mesma base geométrica
 
Mandorlas, Losangos e Cruzes em Aspa, são formas sinónimas(**)

MANDORLA-SINÓNIMOS-E.jpg

Razão para que o Rei D. Manuel I  - ou quem o retratou ? - ter colocado a referida forma no colar com que foi pintado. (***)

22541015_rPfjN-ColarD.jpg

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

(*) Porque o principal «velador» está na UL (temos escrito, e não pouco ... )escola-4.jpg

(**) Como se pode ver aqui

(***) E o "colar honorífico", no pescoço do rei D. Manuel I é, como se deduz, uma referência à Ordem do Tosão de Ouro

link do postPor primaluce, às 11:50  comentar

15.10.24

Sendo que no nosso caso, foi a própria Universidade de Lisboa que, deixando cair o tema, sem querer perceber a sua imensa relevância para o conhecimento da História da Arte (tradicional, antiga e cristã - o que é uma verdadeira ICONOTEOLOGIA); desse modo decidiu aquilo com que nos iríamos ocupar até ao fim dos nossos dias.

Mas, porque tinha ficado dado o mote pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, aceitámo-lo.

Assim, do ponto de vista da biologia continuamos com a ave que pertence à família Columbidae : uma família de aves cuja fama, actualmente, não é a melhor. Mas, pelo que datam os historiadores, existe desde a antiguidade, antes de Cristo...

Embora aqui - e por enquanto - os pombos que há, ou vieram de Piero della Francesca (inspirados no Baptismo de Cristo, da National Gallery); ou são resultantes das nossas buscas em torno das representações da terceira pessoa da Trindade - comummente designada Espírito Santo.

POST-15.102024-FILIOQUE-&-PERFILIUM.jpg

Os desenhos acima foram feitos para mostrar aos historiadores da arte como formas abstractas de origem geométrica tiveram por objectivo substituir a única representação naturalista - e que por isso eles (os historiadores) a conseguem identificar - da Terceira Pessoa da Trindade.

Só que, é preciso explicar melhor, porque a ordem dos nossos estudos, e as explicações que fomos dando, normalmente não foi esta:

Na verdade, até hoje, e para representar as duas concepções teológicas que se opuseram, ainda durante o primeiro milénio da Era Cristã - Filioque e Perfilium (chegando mesmo a provocar o designado Cisma Ortodoxo, de 1054); até hoje usámos unicamente as imagens que estão a seguir.

POST-15.102024.jpg

Mas, a sua «secura iconográfica», que é como quem diz o enorme abstraccionismo das figuras 1 e 2, faz com que (talvez?, supomos...) os leitores tenham dificuldade em entender as imagens exclusivamente geométricas.

Foi para facilitar a leitura das imagens geométricas, e a compreensão das duas concepções teológicas, e respectivas diferenças, correspondentes, que decidimos agora, colocar a Pomba sobre a parte da imagem que, milhares de vezes, ao longo de vários séculos, tem aludido - da forma mnemotécnica que Mary Carruthers descreve - à Terceira Pessoa da Trindade.  

E de novo lembra-se a interessantíssima questão que André Grabar colocou. Exactamente sobre as representações da Terceira Pessoa da Trindade. Perguntando-se - e com toda a razão !!! - como foi possível,  não ter havido outras representações do Espírito de Deus? 

...Le cas de la troisième personne de La Trinité est intéressant. A la période qui nous concerne, il y avait je pense, un seul symbole du Saint-Esprit, la colombe. Elle apparaît comme nous l’avons vu, au Ve siècle, au moins dans une scène du baptême du Christ (sur une mosaïque du baptistère des Ortodoxes à Ravenne), et dès le début du Ve siècle,  sur le trône de Dieu (mosaïque de Santa Prisca, à Capua Vetere). A part quelques rares répresentations de la Trinité, les imagiers de la fin de l’Antiquité ne paraissent pas s’être posé le problème d’une image du Saint-Esprit qui tiendrait compte de tout ce qui, selon les théologiens, définit sa nature, et en particulier ses relations avec le Père et le Fils. Cette partie du Credo du premier Concile Œcuménique n’a pas trouvé d’écho dans l’art contemporain, et cela devait être souligné, car cette lacune est significative de la distance qui séparait la grande théologie de l’époque de l’iconographie contemporaine. Mais ce qui advint de l’unique schéma iconographique alors utilisé (la colombe) est aussi curieux : Cette allégorie provient bien sûr du texte évangélique qui décrit le baptême du Christ ; il faut cependant reconnaître qu’elle est archaïque, surtout si on la compare aux autres images théologiques, et qu’elle est plus proche des tout premiers symboles chrétiens, comme l’ancre et l’agneau. Ces allégories anciennes se trouvèrent en général remplacées par des figures humaines à partir du quatrième siècle ; mais la colombe du Saint-Esprit resta, et sert encore aujourd’hui à désigner la troisième personne de la Trinité. Les imagiers ont du tacitement troisième personne de la Trinité. Les imagiers ont du tacitement reconnaître que le sujet allait au-delà des moyens dont ils disposaient. Néanmoins, même en conservant la colombe symbolique, les artistes auraient pu montrer la procéssion du Saint-Esprit, a fin de traduire le Credo. Ce fut fait d’innombrables fois au Moyen Age. Dans combien de cas voit-on la colombe quittant la main de Dieu Père ou placée de façon à exprimer le filioque c’est-à-dire que le Saint-Esprit procède tout à la fois du Père et du Fils! L’Antiquité semble-t-il, n’a jamais effleuré le sujet…" [1].

Na verdade, e como querem os profs. historiadores da FLUL e FBAUL - os nossos estudos podem não ter qualquer valor, ou até mesmo interesse... Mas, tivessem eles percebido o valor e a pertinência, tão inteligente dos questionamentos de André Grabar, e teriam ido à procura. Para entenderem a importância das questões que colocou.

Tivessem eles compreendido como a geometria foi uma língua, e teriam percebido a Arte, em especial a Arquitectura, com menos memória e mais leitura directa das obras.  

pombos-3.jpg

[1] Ver em André GRABAR, Les Voies de La Création en Iconographie Chrétienne, Flammarion, Paris 1979, pp.111-2. Excerto já citado noutros posts.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

E se as nossas imagens remetem para muitas, e diferentes obras, onde as vimos, revejam esta, criada séculos depois. Onde os círculos da cosmologia - apesar, e tirando partido, do seu caracter cientifico -, também serviram para explicar (dar a conhecer) Deus 

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13.9.24

É verdade, até há alguns dias, ou só há algumas horas atrás, olhava de relance para a capa deste livrinho, e achava que seria de bordados...  

[A ponto da curiosidade ser zero!]

Porque, imaginava que estivesse repleto de grandes folhas, daquelas que se desdobravam, com padrões para escolher aquilo que se iria bordar: fosse para bordar em ponto cruz, ou em ponto pé-de-flor.

Em suma, este livrinho seria o tipo de coisa que se acha «muito engraçadinha», sim ..., mas é para os outros.

E que talvez as meninas do Bom Sucesso tivessem aprendido Modas & Bordados ?

3rdCENTENARY 001-B.jpg

Porém, eis senão quando - ontem - a minha atenção acordou.

Achando estranho - por me ser muitíssimo familiar - o padrão da moldura do livro, ou a portada, como se diz à espanhola. 

Concretamente é o desenho que se apresenta para formar o ângulo superior esquerdo; num tipo de distribuição gráfica/visual na página que é comum.

Mas foi ainda cheia de dúvidas que decidi abrir o livro, começando então a perceber o respectivo conteúdo. 

É a história do Colégio do Bom Sucesso, escrita por altura do seu tricentenário.

Foi então, levada pelo que estava a começar a ver, que me apercebi das várias razões para aquela composição gráfica da capa.

Um desenho que, em 1939, provavelmente, era ainda conhecido e associado a algum sentido religioso: a ponto desse padrão - formado a partir da imagem de um Ideograma (que conhecemos bem *) - ter sido escolhido para estar na capa do livro.

Na verdade, agora pode-se dizer que é o mesmo padrão do Crismón. Também chamado Peixe, ou Ichthys,  que se vê nas imagens seguintes:

Ichthys.jpg

(ampliar)

Por razões que para nós são (agora) completamente óbvias, é uma imagem que nos é familiar, visto já a termos desenhado imensas vezes.

Mas que, na capa do livro, decorada com floreados, ou arabescos - como muitas vezes são designados esses conjuntos de enfeites -, essa sobrecarga visual impediu-nos de a identificarmos; embora nos seja, por demais familiar e conhecida  

No caso do exemplo seguinte (desenhámos a imagem há anos) ela foi a base de um Power Point (PPT) apresentado na Fac. de Belas-Arte em 2010-2011.

Pois que sobre ela se colocaram, propositadamente, vários outros desenhos que tinham essa mesma base. Ou, pode-se chamar-lhe - estrutura linguístico-visual (**). 

Image0099-b.jpg

(ampliar)

Por fim, tendo sido desenhado com o Adobe Illustrator, a explicação geométrica da imagem da Cruz em Aspa, e a do Crismón (ou Ichthys).

Postas a par na composição seguinte (últimas imagens):

Tem as proporções (rigorosas) da Cruz em Aspa, e a Diagonal do Rectângulo que a delimita na côr ROSA

Tendo sido desenhado na côr LARANJA,Diagonal e o Rectângulo delimitador do Crismón:

Ambas as Formas nasceram na intersecção de círculos - que tem o maior destaque no nosso trabalho, na p. 39 (***). No entanto, deve-se chamar a atenção, para o facto do Rectângulo ROSA, ter a proporção de 2 triangulos equiláteros, postos na vertical e unidos pelo vértice. Enquanto o Rectângulo LARANJA, tem a proporção de 2 quadrados, postos na vertical e unidos por um lado 

BomSucesso-3rdCentenary.jpg(ampliar)

(*) Tão bem que, permitiu descobrir as Origens do Estilo Gótico. Assim como, ir avançando no conhecimento dos outros Estilos Históricos, nascidos no âmbito do Cristianismo. Percebendo-se como os diferentes Ideogramas traduziram ideias, que, em períodos diferentes, estavam mais de acordo com o que a Igreja Católica, e depois as Protestantes também... defendiam.

Em suma, conjuntos e associações de IDEOGRAMAS, com mais ou menos decorativismos, são a base da(s) Língua(s) que cada estilo constitui.

(**) Razão de ser de algumas Polissemias que os historiadores de Arte não conseguem entender. Exactamente por não conseguirem ver a base geométrica comum que muitas imagens têm. Como acontece por exemplo no traje de D. Sebastião, ou em varandas de Portalegre. 

(***) Ver em Monserrate uma Nova História, Livros Horizonte, Lisboa 2008.

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2.8.24

Hoje, em Iconoteologia damos continuidade ao nosso post do passado dia 22 de Julho. Já que, por muito interessante que seja o manuscrito árabe encontrado nas reservas do Museu Gulbenkian, em nossa opinião, bem mais valiosas são as questões que, o dito manuscrito nos vem recolocar (*) 

Assim como, é também relevante uma das frases explicativas (do Museu Gulbenkian) que entendemos sublinhar:

"... Aqui, o mundo, os sentidos e a mente são apresentados em padrões análogos aos de A Oferta ao Imperador (...) "

Note-se que o "Aqui"  inicial é relativo a esta imagem criada por Robert Fludd  {Robert Fludd - Wikipedia} para explicar aquilo a que decidiu chamar Mundos.

Olhando para essa composição - que é um esquema das Fontes do Pensamento (para si, no seu tempo, e de acordo com as suas ideias**) - ficaram registado os três Mundos de Robert Fludd:

Começa-se pelo esquema que resume o Mundo Intelectual 

Mundus-RobertFludd-1.jpg

Esquema que - legível na imagem acima -, é ele próprio decomponível noutras imagens, e esquemas (neste caso, note-se, esquemas que são ideias), a que também chamamos diagramas.

Incluindo-se nestes (reparem nas formas desenhadas) o que estamos a chamar Ideogramas desde 2001. Tal como, o referido esquema é justificável, e explicável, à luz de vários textos bíblicos. Quer do Antigo quer do Novo Testamento

Devendo notar-se que, subjacentes às imagens que todos podem ver - circulares ou semelhantes -, estão ideias que foram essenciais na «construção» do Cristianismo, e da Arte Cristã. Sublinhe-se

As também designadas Hierarquias Celestes de Dionísio o Areopagita, constituem o Mundo Intelectual de Robert Fludd. Como é claríssimo pelas imagens (acima) a que nos referimos.

Se são muitos os autores que têm visto na Arte Gótica "cascatas de luz", descritas por Dionísio o Areopagita(***), em português - podendo acontecer que outros autores também o tenham escrito? -, são Maria Adelaide Miranda e José Custódio Vieira da Silva, quem se refere à arte e à estética medieval, como uma produção cujas origens vêm de muito longe:

É o que mostra aliás o texto seguinte, onde destacámos os contributos de Santo Agostinho, e de Dionísio o Areopagita. 

EstéticaMedieval-Custódio...-d.jpg

(ver p. 79, de História da Arte Portuguesa, época medieval, por Maria Adelaide Miranda e José Custódio Vieira da Silva, Universidade Aberta 1995)

(*) Recolocar porque está escrito (desde 2004) e publicado um texto nosso em Monserrate - uma Nova História (Livros Horizonte 2008, p. 37), cuja relevância faz sentido destacar, para um entendimento cabal de toda esta problemática. Concretamente, considerando o que ainda (não) consta no Museu Gulbenkian, sobre os Círculos do Conhecimento. Razões para lembrarmos também um post nosso de Abril de 2021. Porque nos referimos a uma tipologia de imagens que percebemos ter estado na origem de muitas formas artísticas. Por ter sido um recurso (visual, geométrico), o mais adquado, para designar/indicar/mostrar o que consideravam ser a Beleza Primordial.

(**) Sendo que a designação Fontes do Pensamento é nossa. Mas poderia dizer-se origem, bases, etc.

(***) São particularmente expressivas as palavras de Alain Besançon sobre os escritos do século V, do também designadoPseudo-Dionísio. Palavras que - dizemos nós - poderiam ser a legenda/explicação da imagem acima.

Tendo escrito:

Ce qu'apporte Denys, plus nettement encore qu'Augustin ou Boèce, c'est la vision d'un univers «scalaire» qui jette ses degrés depuis le super-Être, le super-Un jusqu' à la matière informe. Cette échelle est une cascade de lumière, qui n'est pas un simple éclairement des êtres mais leur être même. Tout ce qui existe, des âmes aux pierres, est une cristallisation de l'effusion illuminatrice deu Bien. Les images ont un rôle sanctificateur, elles qui  «nous élèvent spirituellement du sensible à l'intelligible et des images sacrées et symboliques aux cimes simples des hiérarchies célestes«.

(excerto vindo de L'Image Interdite, Une Histoire Intellectuelle de L'iconoclasme, Alain Besançon, Fayard 1994, p. 211-2)

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4.4.24

RE: Para nós foi!

Porém, não percebeu que, esquematicamente, a Geometria permitiu/ajudou a que não fosse utilizada (com enorme frequência) a imagem da Pomba. Isto é, a imagem icónica (sublinhe-se) que é, de entre todas, a mais divulgada.

E que para André Grabar, era também, no cômputo geral, a mais arcaica (como se lê adiante).

Neste excerto de que é autor - e admitindo que está completamente correcto -, dir-se-ía que não foram tentadas outras traduções visuais do Credo (sem a inclusão da Pomba), e que fossem capazes, só por si, de traduzir o Filioque. Mas não é verdade! dizemos nós, por conhecermos inúmeras imagens e sinais que foram criados (propositadamente) para aludir ao Espírito Santo;

(a começar pela chamada Amêndoa Mística. que está na origem do escudo português).

“...Le cas de la troisième personne de La Trinité est intéressant. A la période qui nous concerne, il y avait je pense, un seul symbole du Saint-Esprit, la colombe. Elle apparaît comme nous l’avons vu, au Ve siècle, au moins dans une scène du baptême du Christ (sur une mosaïque du baptistère des Ortodoxes à Ravenne), et dès le début du Ve siècle,  sur le trône de Dieu (mosaïque de Santa Prisca, à Capua Vetere). A part quelques rares répresentations de la Trinité, les imagiers de la fin de l’Antiquité ne paraissent pas s’être posé le problème d’une image du Saint-Esprit qui tiendrait compte de tout ce qui, selon les théologiens, définit sa nature, et en particulier ses relations avec le Père et le Fils. Cette partie du Credo du premier Concile Œcuménique n’a pas trouvé d’écho dans l’art contemporain, et cela devait être souligné, car cette lacune est significative de la distance qui séparait la grande théologie de l’époque de l’iconographie contemporaine. Mais ce qui advint de l’unique schéma iconographique alors utilisé (la colombe) est aussi curieux : Cette allégorie provient bien sûr du texte évangélique qui décrit le baptême du Christ ; il faut cependant reconnaître qu’elle est archaïque, surtout si on la compare aux autres images théologiques, et qu’elle est plus proche des tout premiers symboles chrétiens, comme l’ancre et l’agneau. Ces allégories anciennes se trouvèrent en général remplacées par des figures humaines à partir du quatrième siècle ; mais la colombe du Saint-Esprit resta, et sert encore aujourd’hui à désigner la troisième personne de la Trinité. Les imagiers ont du tacitement reconnaître que le sujet allait au-delà des moyens dont ils disposaient. Néanmoins, même en conservant la colombe symbolique, les artistes auraient pu montrer la procéssion du Saint-Esprit, a fin de traduire le Credo. Ce fut fait d’innombrables fois au Moyen Age. Dans combien de cas voit-on la colombe quittant la main de Dieu Père ou placée de façon à exprimer le filioque c’est-à-dire que le Saint-Esprit procède tout à la fois du Père et du Fils! L’Antiquité semble-t-il, n’a jamais effleuré le sujet…"[1].

Quem lê o que temos vindo a escrever, pode confirmar a nossa defesa da ideia do emprego de esquemas e formas geométricas, que foram usadas para explicar o Deus cristão e a Trindade.

Actualmente, e tendo nós em mãos um estudo/projecto de carácter religioso, seria lógico pormos em prática, o que tanto temos defendido por escrito. Só que, o facto de conhecermos as limitações que iriam existir na leitura e interpretação dessas imagens (que somos, e seríamos, normalmente levados a fazer), levam-nos a insistir no emprego da imagem da Pomba. 

Por (quase) absolutamente necessária, para o apoio à leitura e descoberta das (nossas) intenções programáticas; em resumo, aquilo a que Vítor Serrão designa Programa Estético  

EnsaiosPombaES.jpg

[1] Ver em André GRABAR, Les Voies de La Création en Iconographie Chrétienne, Flammarion, Paris 1979, pp.111-2. Excerto já citado neste outro post.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Ontem (29.06.2024) tive oportunidader de ler aqui algumas interpretações dadas a sinais (ditos apotropaicos). Como alguns podem já ter lido nos nossos textos, não concordamos, na maioria dos casos, com essa designação.

Mas adiante, visto haver no referido post e no «Texto publicado no jornal E nº 299, de 10 de Novembro de 2022», por exemplo a alusão a uma imagem cristã designada como os “9 pontos rodeados”. E explicada logo a seguir desta maneira:

"Desses 9 pontos, 1 está no centro da roda central e os outros 8 distribuem-se regularmente ao longo dessa roda. Numa perspectiva cristã, o ponto central corresponde a 1 e representa Deus, o Único, o Princípio de tudo. Os outros 8 pontos correspondem ao oitavo dia, que sucede aos 6 da criação e ao sabat (dia sagrado e de descanso no judaísmo) e é o símbolo da ressurreição, da transfiguração, anúncio da vida eterna. Sintetizando: os “9 pontos rodeados” simbolizam a criação do mundo por Deus, tal como é referida no Genesis e como tal a crença no poder de Deus sobre todas as coisas. A existência de 4 conjuntos de “9 pontos rodeados”, dispostos na decoração apotropaica em quadrangulação em simetria, resulta de o número quatro se comportar na Bíblia Sagrada como aquele que apresenta a criação de Deus e a totalidade das coisas."

Claro que trazemos este texto, bem interessante, para este blog  (Iconoteologia) e anexado a um post recente, sobre uma das representações do Espírito Santo. A mais comum.

Porque, há muito - e com Barbara Obrist - estamos de acordo que o octógono não foi apenas uma alusão ao oitavo dia da Criação, e àquele em que Deus descansou, mas também a representação sumária da Rosa dos Ventos. E esta por sua vez, tendo subjacente a ideia do Espírito de Deus - i. e., o Espírito Santo - tal como já temos escrito {ver em https://iconoteologia.blogs.sapo.pt/os-ventos-e-as-representacoes-do-106414}

E ainda no conjunto das imagens/ideogramas apresentados (a ver aqui) pode acrescentar-se que no centro existe uma cruz latina. Nessa é interessante ver como a cruz se ergue acima de 3 semi-círculos (ou lunulae, como lhes chamou Leonardo Da Vinci - em textos até agora muito insuficientemente estudados). Semi-círculos que, e mais uma vez altamente polissémicos (sincréticos, e naturalmente também enfáticos), estavam, nessa composição,  a fazer alusão à Trindade (santíssima).

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3.4.24

Para quem puder ler francês antigo, hoje, extracto de uma página de um livro de Philibert De L' Orme

(ampliar)

Um post que está ligado a este outro  (a continuar)

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28.2.24

 

Ontem este post de Luís Lobato de Faria fez-nos reagir, lembrando a existência da obra de Jean-Marie Mayeur.

 

Escrevemos: 

 

"Se vir no meu livro dedicado ao Palácio de Monserrate, é feita alusão ao desenho de diferentes arcos. Com o tempo apurei ideias e acho que se deve ler bem o que escreveu Vergílio Correia sobre o arco ultrapassado na cultura visigótica/moçárabe. Isso não é assim "tiro e queda", formulário visual do islamismo. Melhor, é essencial ler ainda Jean-Marie Mayeur na Histoire Du Christianisme, na Antiguidade Tardia. Tenho essa citação num post, vinda do que iria ser o meu doutoramento..."

 

Sabemos (lembramo-nos) que já referimos Jean-Marie Mayeur, assim como um outro autor imprescindível, por ser complementar para estes temas, que é André Grabar.

 

Para já - e dada a permanente falta de tempo (graças às desvalorizações que a UL entendeu impôr aos nossos estudos...) - ficam dois posts em que referimos o autor francês, e a sua importância para o conhecimento da História Religiosa da Peninsula Ibérica

 

1. Em Primaluce ver o post de 11.1.2020: Até à exaustão - como diziam os nossos alunos - aqui vamos tratar "the interlocking arch motif": - Primaluce: Nova História da Arquitectura (sapo.pt)

 

2. Em Iconoteologia ver um post de 31.10.2018: Mértola - e o muito (é imenso!) que vem a propósito... - ICONOTEOLOGIA; ICONOTHEOLOGY (sapo.pt)

 

Por fim chama-se a atenção para o que está escrito (acima): "Flights of inexhaustible imagination transform the interlockong arch motif into ever more novel forms." (**)

~~~~~~~~~~~~~~~~~~

(*) Mais do que implicar vários conhecimentos, deve-se dizer que implica, ou necessita de imensos conhecimentos, uma sabedoria aparentemente infindável. Porque se é preciso perceber o «mix religioso» (em camadas cronológicas diferentes, mas, talvez também simultâneas) que aconteceu nas áreas que o Luís está agora a querer estudar (com um esforço de qualidade que é notório, merecedor de elogio e respeito), o melhor, essencial, é aprofundar os conhecimentos de História. Concretamente a História religiosa desses territórios. Da mesma maneira que nós percebemos e aceitámos, já há anos, a designação ICONOTEOLOGIA, quando a encontrámos pela primeira vez.

 

E está aqui, tendo sido escrito em 23.11.2011:

 

"Glória Azevedo Coutinho (...) tem avançado no conhecimento e «des-construção» da arquitectura antiga, vista como Gótica. No novo estudo (doutoramento)pretende abordar, à semelhança do que sucede hoje, a síntese multidisciplinar da arquitectura. Como a Teologia e as Artes Liberais estiveram na base da Iconografia Cristã..."   

Um pouco mais tarde encontrámos na Biblioteca da UCP em Lisboa (BUJPII) um pequeno livro intitulado:  Cultura Religiosa en la Granada Renacentista y Barroca. Estudio Iconologico(Excerpta de la Tesis Doctoral); Facultad de Teologia, Granada, 1988, um trabalho de Francisco Javier Martinez Medina.

A partir desse momento não só captámos a ideia do título -Estudos Iconoteológicos- como imediatamente adoptámos e passámos a usar a palavra Iconoteologia. Palavra que, e como tantas vezes acontece, é tão explícita que facilita a comunicação da ideia que se quer transmitir. Por outro lado, não parece que tenha direitos de autor? Embora seja interessante saber quem parece tê-la utilizado primeiro:

Isto é, acontece que ainda antes do título escolhido por Francisco Javier Martinez Medina, já um outro autor (em cujo blog fizemos leituras e deixámos informações) tinha escolhido a tão expressiva e óbvia palavra - ICONOTEOLOGIA:

Foi o Pe. Eugenio Marino († 3.XII.2011)**, umdominicano da Igreja de Santa Maria Novella de Florença, que morreu há cerca de um ano.  

No Boletim Dominicano de Janeiro-Fevereiro de 2012 é-lhe feita uma referência, em que é destacado pelo uso que fez da expressão«Icono-teologia»: “Possiamo dire che nella sua esperienza culturale ebbe quasi una folgorazione quando si avvicinò al mondo dell’arte analizzandolo sotto l’aspetto filosofico-teologico per il quale aveva compilato il vocabolo Icono-teologia."

 

(**) As imagens vêm de Moorish Architecture in Andalusia, por Marianne Barrucand e Achim Bednorz, Taschen, Colónia 1992, ver p. 116.

Note-se ainda que Marianne Barrucand colaborou em Moyen Âge Chrétienté et Islam, dirigido por Christian Heck, Flammarion, Paris 1996.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Não se devendo esquecer nesta temática - em que a religião é preponderante (pois motivou a maior parte da produção visual hoje chamada Arte) - uma frase de Abby Warburg.

 

Desejando ele que, no futuro, "...a História da Arte e o Estudo da Religião partilhem uma bancada no laboratório da ciência iconológica da civilização".

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Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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