Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
28.2.24

 

Ontem este post de Luís Lobato de Faria fez-nos reagir, lembrando a existência da obra de Jean-Marie Mayeur.

 

Escrevemos: 

 

"Se vir no meu livro dedicado ao Palácio de Monserrate, é feita alusão ao desenho de diferentes arcos. Com o tempo apurei ideias e acho que se deve ler bem o que escreveu Vergílio Correia sobre o arco ultrapassado na cultura visigótica/moçárabe. Isso não é assim "tiro e queda", formulário visual do islamismo. Melhor, é essencial ler ainda Jean-Marie Mayeur na Histoire Du Christianisme, na Antiguidade Tardia. Tenho essa citação num post, vinda do que iria ser o meu doutoramento..."

 

Sabemos (lembramo-nos) que já referimos Jean-Marie Mayeur, assim como um outro autor imprescindível, por ser complementar para estes temas, que é André Grabar.

 

Para já - e dada a permanente falta de tempo (graças às desvalorizações que a UL entendeu impôr aos nossos estudos...) - ficam dois posts em que referimos o autor francês, e a sua importância para o conhecimento da História Religiosa da Peninsula Ibérica

 

1. Em Primaluce ver o post de 11.1.2020: Até à exaustão - como diziam os nossos alunos - aqui vamos tratar "the interlocking arch motif": - Primaluce: Nova História da Arquitectura (sapo.pt)

 

2. Em Iconoteologia ver um post de 31.10.2018: Mértola - e o muito (é imenso!) que vem a propósito... - ICONOTEOLOGIA; ICONOTHEOLOGY (sapo.pt)

 

Por fim chama-se a atenção para o que está escrito (acima): "Flights of inexhaustible imagination transform the interlockong arch motif into ever more novel forms." (**)

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(*) Mais do que implicar vários conhecimentos, deve-se dizer que implica, ou necessita de imensos conhecimentos, uma sabedoria aparentemente infindável. Porque se é preciso perceber o «mix religioso» (em camadas cronológicas diferentes, mas, talvez também simultâneas) que aconteceu nas áreas que o Luís está agora a querer estudar (com um esforço de qualidade que é notório, merecedor de elogio e respeito), o melhor, essencial, é aprofundar os conhecimentos de História. Concretamente a História religiosa desses territórios. Da mesma maneira que nós percebemos e aceitámos, já há anos, a designação ICONOTEOLOGIA, quando a encontrámos pela primeira vez.

 

E está aqui, tendo sido escrito em 23.11.2011:

 

"Glória Azevedo Coutinho (...) tem avançado no conhecimento e «des-construção» da arquitectura antiga, vista como Gótica. No novo estudo (doutoramento)pretende abordar, à semelhança do que sucede hoje, a síntese multidisciplinar da arquitectura. Como a Teologia e as Artes Liberais estiveram na base da Iconografia Cristã..."   

Um pouco mais tarde encontrámos na Biblioteca da UCP em Lisboa (BUJPII) um pequeno livro intitulado:  Cultura Religiosa en la Granada Renacentista y Barroca. Estudio Iconologico(Excerpta de la Tesis Doctoral); Facultad de Teologia, Granada, 1988, um trabalho de Francisco Javier Martinez Medina.

A partir desse momento não só captámos a ideia do título -Estudos Iconoteológicos- como imediatamente adoptámos e passámos a usar a palavra Iconoteologia. Palavra que, e como tantas vezes acontece, é tão explícita que facilita a comunicação da ideia que se quer transmitir. Por outro lado, não parece que tenha direitos de autor? Embora seja interessante saber quem parece tê-la utilizado primeiro:

Isto é, acontece que ainda antes do título escolhido por Francisco Javier Martinez Medina, já um outro autor (em cujo blog fizemos leituras e deixámos informações) tinha escolhido a tão expressiva e óbvia palavra - ICONOTEOLOGIA:

Foi o Pe. Eugenio Marino († 3.XII.2011)**, umdominicano da Igreja de Santa Maria Novella de Florença, que morreu há cerca de um ano.  

No Boletim Dominicano de Janeiro-Fevereiro de 2012 é-lhe feita uma referência, em que é destacado pelo uso que fez da expressão«Icono-teologia»: “Possiamo dire che nella sua esperienza culturale ebbe quasi una folgorazione quando si avvicinò al mondo dell’arte analizzandolo sotto l’aspetto filosofico-teologico per il quale aveva compilato il vocabolo Icono-teologia."

 

(**) As imagens vêm de Moorish Architecture in Andalusia, por Marianne Barrucand e Achim Bednorz, Taschen, Colónia 1992, ver p. 116.

Note-se ainda que Marianne Barrucand colaborou em Moyen Âge Chrétienté et Islam, dirigido por Christian Heck, Flammarion, Paris 1996.

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Não se devendo esquecer nesta temática - em que a religião é preponderante (pois motivou a maior parte da produção visual hoje chamada Arte) - uma frase de Abby Warburg.

 

Desejando ele que, no futuro, "...a História da Arte e o Estudo da Religião partilhem uma bancada no laboratório da ciência iconológica da civilização".

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10.2.24

O Gótico teve muitas versões, e apesar de se tratar de um tema (variante) da História da Arte e da História da Arquitectura, pelo menos entre nós portugueses é um assunto que está longíssimo de se estudar *.

Mas, nos países Anglo-Saxónicos, e sobretudo nos EUA, é «abundante».

Trata-se de uma tradição de raiz religiosa, que a influência inglesa (durante o século XVIII) - nalgumas cidades do nosso país (e depois também no início do século XIX, nalgumas cidades e obras de arquitectura brasileira) -, deixou bem patentes.

Como escrevemos, há/houve uma raiz religiosa neste movimento e corrente arquitectónica,   que é bastante visível no Norte de Portugal, em especial no Porto e na região duriense.

Os dois exemplos de vãos Georgian, estão relativamente distantes (no espaço geográfico), e no entanto, são praticamente iguais:

Uma enorme curiosidade!

No nosso estudo dedicado a Monserrate é referido o filósofo David Hume, que, entre outros, no século XVIII (ligados a um Comitee of Taste, e envolvidos na construção da casa de Horace Walpole - Strawberry Hill), tentaram compreender o porquê da «atractividade de algumas formas», mais relacionadas com o Bom Gosto, reconhecendo poder existir nelas, provavelmente, uma certa SIMPATIA. 

Terá sido portanto essa simpatia, que quiseram compreender, e estudar, a responsável - ideia que vários autores defendem - a responsável, dizemos, por uma certa beleza que em geral se reconhece no estilo georgian ** (de que temos alguns apontamentos já escritos, sobretudo no estudo dedicado a Monserrate).

CompararVãosGeorgian-300ppp-b.jpg

(ampliar)

* Sendo aliás mais fácil desvalorizar o trabalho dos que se interessam pela questão, cujas sequências e consequências ainda chegam aos nossos dias. Mais fácil expulsar alunos das Faculdades, do que os professores responsáveis formarem equipas para aprofundar questões, que têm, inclusivamente, interesse internacional

** E em Monserrate uma Nova História deixámos:

"Depois foram as ideias de David Hume expostas em - Of the standard of Taste que contrariavam definitivamente as teorias de “rigor matemático”, em que todas as mentes eram iguais, e avançando a subjectividade do gosto, influenciaram a criação intelectual do seu tempo. Concretamente (como pensamos) também a de Horace Walpole. A propósito de Hume e sua obra, Mark Gelernter escreveu:

 

“...He noted the inevitable Empiricist conclusion that «beauty is no quality in things themselves. It exists merely in the mind which contemplates them, and each mind perceives a different beauty». None the less, Hume went on, common sense and the demands of practical  action cause us to «seek a Standard of Taste; a rule by which the various sentiments of men may be reconciled; at least a decision afforded confirming one sentiment, and condemning another»...”

Vindo de Mark GELERNTER, Sources of architectural form. A critical history of western design theory, University Press, Manchester 1995, p. 147

E em Monserrate uma Nova História, Livros Horizonte, Lisboa  2008, ver p. 49.

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Ver também: Letter Concerning the Art, or Science of Design

 

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8.2.24

Desde muito cedo nestes estudos percebemos a importância do desenho das Coroas, das Auras, das Mitras.

O que ficou escrito (sobre este assunto) em Monserrate uma nova história é muito pouco (ver na p. 41), mas, a nossa insistência sobre a questão dos geometrismos, e da importância de algumas formas muito especificas - tratadas "en passant" no trabalho dedicado a Monserrate* - essas referências foram mais abundantes na apresentação feita na Fac. de Letras, na defesa da tese que aconteceu em 31.01.2005. 

O «power point» então apresentado, que se mantém inalterado, regista o que nesse dia foi percorrido em defesa das nossas ideias.

E apesar de na altura ter sido reservado muito material para data posterior (talvez para o doutoramento? - mas então também estávamos longe de colocar essa hipótese...); a verdade é que a partir das ideas que formámos, depois disso também passámos a direccionar as nossas explorações de acordo com o que já eram muito mais do que meros feelings.

A partir dessa via apreendemos ainda mais, adquirindo informações que - recuando agora, já não a 2005 mas a 2001 - nunca poderíamos pensar que existissem, ou que, sequer, viessem a estar alguma vez ao nosso alcance?

Como por exemplo, um dia passar a contestar (e a discordar totalmente) de algumas ideias de um Professor de História da Arte de Oxford**?

Porque, ao termos visto um desenho do túmulo de Egas Moniz, pudemos compreender que as argolas e arcarias entrelaçadas - que pareciam apenas desenhos «feitos para ser bonito» - eram, antes de tudo, a ênfase fortíssima de uma afirmação que se pretendia fazer sobre a correcção do «Aio» de D. Afonso Henriques***.

Como mais tarde compreendemos, serem formas falantes e significantes (específicas), que também se encontram nos motivos e figuras escolhidas para colocar à volta das cabeças, como sucede nas Auras.

Desenhos de Estudos

 

Depois percebemos que o mesmo aconteceu para os Halos que incluíam o corpo inteiro, e ainda, seguindo exactamente esta mesma lógica, percebeu-se que nas formas escolhidas para as paredes das edificações, estão figuras que também poderiam ser (e foram) as das Auras e Halos.

Resta acrescentar que quando se encontram textos de autores como Henri De Lubac, ou M.-D. Chenu, que se referem a sucessivas alegorias, nas representações empregues nas obras e na arte medieval - algumas com lógicas muito inesperadas, quase infantis - deduzimos que devem ter sido, possivelmente, este tipo de lógicas: que os surpreenderam, a esses e muitos outros autores?

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*Ler Raymond Bayer, na tradução de José Saramago.

**http://www.martinjkemp.com/

***Hoje dizemos que uma informação - dada com uma certa beleza visual, a partir de um motivo que se repete e torna padrão, isso é um ornamento: uma imagem decorativa. Ou seja o decorativo foi falante, por isso se insistia, e repetia a sua utilização, a ponto de levar alguns a criarem a expressão (errónea) - de haver um "horror ao vazio"... Era ao contrário, era uma insistência, a repetir, como que a gritar (crescentemente). O que ainda hoje se pode dizer como sendo gritante e muito chamativo. 

http://primaluce.blogs.sapo.pt/

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5.2.24

O facebook insiste - e assim fazendo a Agenda das nossas publicações -, em relembrar memórias.

As de hoje 5 de Fevereiro de 2023 vinda daqui

E uma outra de 5 Fevereiro de 2019, vinda daqui

 

A primeira de certo modo remete para a Tetractys, e a segunda para a Elipse.

Mais uma vez sabemos que os Historiadores de Arte e de Arquitectura, pouco sabem destas figuras. Mas as duas estiveram presentes, e estão subjacentes, na configuração de (várias) obras arquitectónicas. De enorme importância, no contexto da História da Arquitectura, já que, em geral são casos ainda meio-enigmáticos... 

Talvez alguns que as conheçam (Tetractys e Elipsese lhes refiram como Símbolos: mas nós preferimos, como sempre vamos dizendo, chamar-lhes Ideogramas.

Tetractys,Elipse serão talvez o que aparece em Raymond Bayer, na sua História da Estética como KALA SCHEMATA? Talvez sim...

Percebe-se, razões para isso não faltam. E estas formas, seguindo uma espécie de regra da Arquitectura Barroca*, ganharam tridimensionalidade

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* Fazendo reviver os minúsculos IDEOGRAMAS (da Antiguidade Tardia e medievais), já que lhes deram valor e volume. Por vezes em dimensões gigantescas. Se comparado com as dimensões desses sinais, enquanto caligrafias

 

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1.2.24

Ver o que consta em Millénarisme, no Dictionnaire Critique D'Iconographie Ooccidentale

Porque, acontece que Joachim de Flore e a título de exemplo - é razoavelmente referido, e citado nessa entrada. Onde se pode ler isto: 

"Un aspect singulier de la méthode exégtique de Joachim est la traduction de sa construction historique en images et schémas visuels présents dans ses trois oeuvres principales (...) recueillis et elaborés ensuite dans le 'Liber Figurarum' . Il affirme de façon explicite que les mystères du divin peuvent être compris mieux en figurae qu'en paroles (...)

Parfois, des images diverses sont associées pour exprimer de nouvelles idées  (...)

Le trait plus original est l'usage des formes géometriques (cercle, triangle, spirale) pour symboliser la doctrine de la Trinité (...) *

TrindadeJoaquimDeFlora-300ppp.png

* Continuar a ler  nas pp. 566 e 567, de Dictionnaire Critique D'Iconographie Ooccidentale, dir. Xavier Barral i Altet, Presses Universitaires de Rennes, 2003.

Ver também sobre Joaquim de Flora, e noutros posts em que referimos as suas "figurae":

O tempo que passa e o mundo que evolui - SENTE-SE - e encontra-se na Internet... - ICONOTEOLOGIA; ICONOTHEOLOGY (sapo.pt)

Claro que, sabemos (todos) que a Quantidade de Informação importa menos do que a sua Qualidade - ICONOTEOLOGIA; ICONOTHEOLOGY (sapo.pt)

Novas explicações sobre o Pensamento Visual que gerou as formas arquitectónicas consideradas abstractas - ICONOTEOLOGIA; ICONOTHEOLOGY (sapo.pt)

A noção de pertença a um grupo - ICONOTEOLOGIA; ICONOTHEOLOGY (sapo.pt)

Bem antes dos Círculos serem «de Venn», e até dos do Mosteiro da Batalha: - ICONOTEOLOGIA; ICONOTHEOLOGY (sapo.pt)

Ontem recebemos: HOMENAGEM A ANTÓNIO QUADROS (NEWSLETTER 067) - ICONOTEOLOGIA; ICONOTHEOLOGY (sapo.pt)

Quando Fernando António Baptista Pereira esteve empenhado nos nossos estudos... - ICONOTEOLOGIA; ICONOTHEOLOGY (sapo.pt)

No Mausoléu de Santa Costanza:  O Mundo da Arte, e as suas curiosidades... - Primaluce: Nova História da Arquitectura (sapo.pt)

E ainda (relacionado com o anterior): Círculos e mais círculos (que ninguém quer entender) - Primaluce: Nova História da Arquitectura (sapo.pt)

link do postPor primaluce, às 11:00  comentar

 
Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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