Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
23.3.23

As duas palavras acima, na origem, e ao longo do tempo, designaram coisas diferentes: conforme tenha sido  na Idade Média, no Renascimento, ou na actualidade:

LÚMENS referia-se à luz física,   e

LUX referia-se à luz espiritual  (na Idade Média)

Já tinha encontrado este «assunto», que para nós é interessantíssimo, e tentámos alguma clarificação da diferença significante entre as duas palavras, em PIERRE MAGNARD. O filósofo francês, que estudou, entre muitos outros temas, a vida de Marsile Ficin.

O que se pode ouvir aqui {vindo de: https://www.canalacademies.com/emissions/point-de-mire/marsile-ficin-et-lacademie-platonicienne-de-florence}, ou ler, se preferirem...

Devendo reparar-se que o que está escrito, é um pouco diferente do que está no filme (referido mais abaixo), e que é dedicado à construção da designada "primeira Catedral Gótica" . Portanto, na Idade Média, alguns séculos antes do Renascimento, em que viveu Marsile Ficin (séc. XV, quando procurou compreender a luz, sobretudo numa «perspectiva transcendente»):

Ficin et la recherche de la lumière

"Très vite , il est apparu comme le philosophe de la lumière, tout comme un certain peintre, Angelico,le sera lui aussi. Une sorte de parenté de pensée rapproche ces deux penseurs, unis par le sens de la lumière. Pour Ficin, la manifestation la plus sensible de la vérité la plus haute, c'est le rayonnement du soleil : "lumen" est la splendeur d'un paysage illuminé, et "lux" désigne l'astre d'où la lumière émane. Toute sa réflexion consiste à se demander quelle relation existe entre les rayons du soleil et le soleil lui-même. Nous sommes en tant que créatures des rayons de ce soleil. L'apologétique de Ficin est une réflexion sur le rayonnement lumineux, qui nous montre comment le monde se manifeste, d'où il procède, se développe. Tout rayonnement émane du soleil mais toujours pour y faire retour. Et nos vies, bien conduites, ne sont pas autre chose..."

Talvez não seja fácil perceber (?), para o leitor comum, a diferença, entre o que diz Pierre Magnard, para LÚMEN e LUX, num tempo que é já renascentista, sendo que o que está no filme é relativo à igreja da Abadia de Saint-Denys, que, como se percebe foi concebida na Idade Média, sendo «inaugurada» pelo abade Suger em 1144.

Comecemos por traduzir a explicação de Pierre Magnard (sublinhada a amarelo - 1."lumen" est la splendeur d'un paysage illuminé, et 2. "lux" désigne l'astre d'où la lumière émane ):

1. LUMEN é o esplendor de uma paisagem iluminada

2. LUX designa o astro de onde a luz emana

Nada levaria a pensar que um dia - i. e., na actualidade e cientificamente - os dois «referentes» surgissem como que trocados:

Que LUX passasse a ser o nível de iluminação de um dado ambiente; e, inclusivamente qualificado com todo o rigor numérico/matemático, que habitualmente se atribui às unidades de medida *.

E que LUMEN deixasse de ser o equivalente a um adjectivo - como é esplendoroso, ou luminoso... - e se viesse a tornar, na actualidade, na quantidade de luz que é emitida por um objecto luminoso, concretamente, por uma lâmpada eléctrica.

Porém, tendo nós lidado com esta terminologia - lúmens e lux - durante décadas, talvez essa (estranha**) vantagem nos facilite o entendimento, e agora ajude a perceber melhor a diferença entre os dois termos?

Mas, mesmo assim, é ainda estranhíssimo, quase paradoxal, ver que um conceito (as unidades de medida) que empregámos no âmbito dos cálculos de luminotecnia que ensinávamos aos alunos de ambientes, e de design de interiores a fazerem, é de facto bastante estranho que tivessem nascido na religião (!).

Embora o contrário seja explicado, como verificamos, por alguns autores a propósito dos círculos que «enxameiam», ou pululam, na arte cristã, e deram origem aos diferentes ideogramas (ou emblemas?), e estes aos arcos dos diferentes estilos.

Concretamente desde a Antiguidade Tardia, sendo explicado por André Grabar que esses círculos eram provenientes de esquemas científicos, explicativos do Cosmos.   

Enfim, voltando ao início, e ao que nos trouxe a escrever este texto: tínhamos acabado de escrever um  post no fb, quando, reparámos que faltava mais alguma coisa...

Só que afinal era imenso o que faltava, e o novo texto passou a ser este, a que se acrescentou um enorme preâmbulo (o que ficou acima):

Penso na Luz e em Luis Chimeno Garrido, que ontem me sugeriu que visse este filme {https://www.rtp.pt/.../the-story-of-the-first-gothic...}.

Venho agradecer-lhe, e perguntar se se lembra das aulas de iluminação?

Porque no filme, quase no fim, refere-se Lúmen e Lux.

Assunto que tivemos que tratar durante anos, explicando aos alunos que as lâmpadas fornecem luz - que se mede em LÚMENS (por exemplo - ver as embalagens no supermercado); pois haveria sempre o objectivo de atingir um determinado nível de iluminação. O qual, por sua vez, era preconizado em função das actividades a exercer. Valor definido em LUX (como está numa tabela de ergonomia que agora se acrescenta).

Ou seja, para fazer um cálculo de iluminação, e supondo uma situação ideal, sem haver percas 1 LUX = 1 LÚMEN/m2.

No filme, quase no fim, faz-se notar que o principal objectivo do Abade Suger, na obra de arquitectura de Saint-Denys, foi o de "transformar LÚMENS - a luz física, em LUX - a luz espiritual ".

Pergunta-se:

Não é (quase) incrível, fascinante mesmo..., esta coincidência? E a história da minha vida profissional?

É que se não se tivesse passado comigo, dificilmente ia acreditar...

~~~~~~~~~~~~~~~~~~

* Abaixo a imagem de um Luxímetro, e as Tabelas de Ergonomia, base para os cálculos de luminotecnia. Estas indicam o número de lux necessários, ou aconselhados, para as diferentes tarefas visuais (em função da maior ou menor exigência da tarefa visual, a desempenhar).   

luxímetro.jpg

Lux-ciência.jpg

** Mas essa "estranha vantagem", deixa de o ser quando se percebe que a Ciência de hoje deriva de uma Pré-Ciência, que, em geral desconhecemos. Assim como a sua história e como evoluiu ao longo de centenas, ou por vezes, de milhares de anos. Evolução, na qual a maioria dos conhecimentos, antes estavam todos ligados, e nunca sectorizados, ou tornados independentes como hoje se verifica. Tornando extremamente difíceis, nas diferentes actividades profissionais, a compreensão das interligações transdisciplinares, que, frequentemente, são necessárias estabelecer.

link do postPor primaluce, às 01:00  comentar

14.3.23

(Ad triangulum)

tetraktys-CUBICA-3.jpg

Continuando com metodologias experimentais, para já acrescenta-se um excerto de um post de Vítor Serrão:

VítorSerrão-FB-AdTriangulum-250ppp.jpg

Em breve vamos contrariar o historiador E. H. Gombrich*, e acrescentar informações relacionadas com este tema de ICONOLOGIA, e em cuja raiz está o "Y", a Tetraktys, e o Credo de Atanásio, como já se abordou.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*Ele que escreveu de maneira fascinante: tão bonito e sempre interessante. Porém, o "treino" que vamos levando também se torna ele mesmo, numa fonte de informações nesta temática.

link do postPor primaluce, às 17:30  comentar

 
Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
Março 2023
D
S
T
Q
Q
S
S

1
2
3
4

5
6
7
8
9
10
11

12
13
15
16
17
18

19
20
21
22
24
25

26
27
28
29
30
31


tags

todas as tags

subscrever feeds
blogs SAPO