Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
10.2.23

Comentário (de 10.02.2023) ao título simples de um post de Joaquim de Azevedo no FB *

PlateXXX-300ppp-b.jpg

FB-JoaquimDeAzevedo.jpg

Malhas ..., malhas, malhas,

até parece o meu “malhar em ferro frio"! Obrigada ao primo De Azevedo.

Num tema que é vastíssimo - e ainda maior, no fascínio, curiosidade e entusiasmo que cria - tento deixar pouca informação (se é que consigo?).

Para além de todas as representações icónicas – como a imagem da Trindade do século XV (Trono da Graça – linda sem dúvida!), lembramo-nos, e diz-se no Credo - Símbolo de Niceia-Constantinopla - que Deus é Luz: “Deus de Deus, Luz de Luz...”

Ora, segundo a lógica da arquitectura, nas grandes igrejas e catedrais, essa Luz-Deus (luz metafisica) passava por aberturas que eram janelas. Mas as ditas janelas [1], em geral, na sua parte superior (nas bandeiras ou nas vergas) tiveram formas (desenhos) que significavam Deus.

Uma das questões mais interessantes, foi o facto de S. Bernardo de Claraval, ter proposto, para as igrejas cistercienses, e contra os «excessos de cluny», a máxima simplificação (por vezes vista como iconoclasta), para os desenhos dos vidros das janelas.

Passaram a ser losangos, sempre pequenos porque as técnicas do vidro, ainda não tinham avançado (como aconteceu mais tarde), e não permitiam grandes dimensões; pequenas peças, pelas quais a luz – (também) considerada divina [2], passava.

Mas prometi ser breve, e assim lembro que já escrevi algumas vezes sobre António Quadros - fundador da escola onde fui prof. durante 43 anos. Lembrando que num dos seus livros o Dr. A. Quadros se referiu e procurou “um Champollion” para uma escrita que, segundo ele [3], teria existido, «chamando-lhe» escrita ibérica.

E também já escrevi sobre a «minha» Pedra de Roseta – a que foi a fonte de tanta informação, inesperada e imparável - que nos caiu em cima {https://primaluce.blogs.sapo.pt/a-minha-nossa-pedra-de...}.

Por fim dizer que E. H. Gombrich [4], e bem, chama PADRÕES, ao que nós chamamos malhas.

Mas isso tem ainda a ver com a escola onde estive 43 anos, e onde Lima de Freitas - penso que terá sido ele (?) - lançou as bases de um design básico, pelo qual qualquer aluno tinha que passar. Por isso, os ditos PADRÕES, no IADE eram (e ainda agora são) conhecidos como as “Malhas da Olga”. Só que, já ninguém as faz. Não perceberam (nós também não!) para o que serviam, e hoje, se era pelo lado do desenho rigoroso, para “fazer mão[5], agora há o AI (adobe illustrator) e o CAD...

Por fim, vai para nota [6], a referência a um outro post, de um excerto do Pseudo-Dionísio, o Areopagita, traduzido por Maurice de Gandillac. Refere o que é talvez (?) o mais importante/o cerne das minhas “trouvailles”: somos perspicazes e capazes de nos exprimirmos (linguisticamente) com muito pouco: i. e., com formas simples, sem som (portanto numa escrita não fonética), mas com incríveis qualidades visuais.

Quanto às Artes e ao Ensino - quando um dia aqui chegarem... (se chegarem a ouvir falar nestes assuntos?) – as Neurociências vão ter imenso que fazer. Porque, só a Iconoteologia (do cristianismo) tem material, quase infindo, para fornecer

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[1] Também em varandas, as respectivas guardas, grelhas por onde entrava a luz, etc.

[2] E não apenas funcional como é hoje, para nós, quer a luz artificial, quer a luz natural. A luz do dia e do sol era um dom/dadiva de DEus

[3] Ao que parece terá aprendido com os seus mestres?

[4] Em O Sentido da Ordem, Um estudo Sobre a Psicologia da Arte Decorativa, ed. Bookman 2012. Ver p. 63. In Cap. III, O Desafio das Restrições, 1. Realidades da criação de padrões. Original de 1979, publicado por Phaidon Press Limited: The Sense of Order- a study in the psicology of decorative art.

[5] Só que, agora dizemos que mais do que “fazer mão”, afinar e afiar lapiseiras, minas e lápis, eram traçados directores. Mais ainda: como Estruturas do Universo, às quais muitas das formas – como as da Rosácea de Villard de Honnecourt (a acompanhar este post) – se deviam conformar. O que já ficou em Monserrate uma nova História, no comentário a uma expressão de Patrick Gautier Dalche, quando na sua legenda a uma imagem medieval, realça o respectivo geometrismo: “…Les diagrammes (…) suivent une structure géométrique rigoureuse: ce sont des concepts illustrés et nom une représentation fidèle du monde"

[6] https://iconoteologia.blogs.sapo.pt/uma-inteligencia...

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* E AQUI

 

link do postPor primaluce, às 16:30  comentar

7.2.23

Depois da malha publicada num post - como reacção a um outro de Joaquim de Azevedo, procuro (outras) malhas apresentadas na Fac. de Belas-Artes, no âmbito dos estudos de doutoramento.

De um PPT de Abril de 2010, retiro 2 slides:

PPt-Abril2010-fbaul-a.jpg

(slide 1)

PPt-Abril2010-fbaul-b.jpg

(slide 2)

Um dos primeiros, e o último.

Porque:

1. Na discussão teológica entre o Filioque e o Perfilium foram geradas algumas das formas mais importantes da Arquitectura do Ocidente... etc.

(porque pensar exigia desenho**, havendo tudo, e mais alguma coisa - um mundo a escrever -, para explicar o que se passou)

2. No último slide dessa apresentação em PPT havia ainda a junção de vários elementos, simples, mas também, e já em padrão (ou malha), o aproveitamento de desenhos medievais (alguns de Isidoro de Sevilha), que foram transpostos para indústrias do séc. XX. Concretamente, as cerâmicas para a construção - em que muitas malhas medievais «reviveram»; e desse modo acrescentaram padrões ao que hoje, em geral, todos querem lisinho e minimalista... etc.

[sem perceberem, como Adolf Loos, indirectamente (ao anular a imagem), contribuiu para o turismo de massas de hoje; para as viagens que muitos fazem em demanda do passado visual, culto e da cultura, que é ainda, simultaneamente, enorme interrogação, por ser inconsciente colectivo...]

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* Vindo do Facebook, post de 7.2.202

** Ler aqui

link do postPor primaluce, às 18:30  comentar

3.2.23

Uma das nossas imagens preferidas (*), de entre todas as que temos publicado é esta:

MalhaCredoAtanásio-2.jpg

Que, praticamente, terá significado o mesmo que esta outra, vinda do Liber Figurarum de Joachim de Flora

Liber_Figurarum_Libro_de_las_Figuras_Tabla_XIb_Có

É dificil prever se continuaremos sempre, a explicar, detalhadamente, o que aconteceu, lá atrás, no tempo e na História? Assim como na Geometria...

Mas ontem, de impulso, a propósito de Santo Agostinho e do seu De Trinitate, em que tanto meditou,  saiu - i. e.,  reagimos a um post de Joaquim de Azevedo - com o resumo seguinte:

 SobreSantoAgostinho-2.jpg

Resumo de ideias que, como nós próprios verificamos, estão cada vez mais depuradas, felizmente. Sem que nos tenha acontecido, o que alguns, ou muitos (?) desejariam... 

Por isso, óptimo, e thanks God !

Mas perdeu e perde, a Universidade e a História da Arte, entregue a professores glutões muito pouco produtivos, nada interessados em conhecer e aprofundar aquilo que diz respeito a todos (**).

Mary Carruthers, que me lembre, não chama Ideogramas às formas geométricas a que nos referimos; mas captou que, na sua essência - com mais ou menos elementos decorativos (outros, agregados), elas serviram para elevar os crentes cristãos, até Deus: eram imagens anagógicas.

Ou, como explica, para «ajudarem» numa "Contemplatio", que fez questão de designar em latim.

Borromini utilizou o ideograma de base triangular (equilátero) da primeira imagem, para uma das suas obras, como já se escreveu e podem ler - aqui. É o que chamamos Ideograma do Credo de Atanásio ***.

E também os Círculos Entrelaçados de Joachim de Flora foram muitissimo usados; embora, mais tarde - e porque são necessários 3 circulos para desenhar a oval - também a oval foi depois confundida com a elipse; que se passou a usar depois de Kepler «a ter descoberto», no traçado das órbitas dos planetas 

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(*) E da nossa autoria, por se tratar de uma malha que nunca vimos - enquanto padrão (mas apenas como elemento simples, num tecto de uma igreja de Borromini) 

(**) E depois expulsando da Universidade quem não os seguir ...

*** Imagem seguinte (já apresentada)

ARCO-CREDO-ATANÁSIO-3.jpg

 

link do postPor primaluce, às 13:30  comentar

 
Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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