Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
30.8.22

Para começar, lembra-se que estamos de volta destes temas, Escrita na Arquitectura, desde praticamente 2002! Sendo que, se a primeira nota (*) deste post de hoje faz referência a um texto que só recentemente se encontrou, há no entanto muitos outros materiais - sejam eles textos ou informações soltas -, que são conhecimentos nossos, que os temos há imenso tempo, e portanto bem mais antigos.

Podem não estar no nosso livro** - onde naturalmente não cabia tudo -, mas já estavam na nossa mente (e desde 1968, de certeza...).

Embora apenas raramente explicitados, como é o caso de imagens que estão neste livro - Archigraphia, Architectural and Environmental Graphics,  Edited by Walter Herdeg, The Graphis Press 1978, Zurich - que o adquirimos em 1978, data a partir da qual passámos a conhecer (melhor) - o que para um arquitecto é (quase forçosamente), óbvio.

Imagens onde é muito fácil perceber como a sinalização visual - que nos exemplos seguintes completa a arquitectura - são caligrafias «extrudidas».

archigraphia-p.85(3).jpg

archigraphia-p.84(2).jpg

(vindo de Archigraphia, Architectural and Environmental Graphics,  Edited by Walter Herdeg, The Graphis Press 1978, Zurich, pp. 85 e 84)

Aliás, as imagens do livro não são muito diferentes (a diferença está só na materialização) do que já se fez e publicou neste outro post de Set. 2021. A relembrar:

Enfim, o IDIOTA ÚTIL - porque a nós nos foi útil - está prestes a atingir o limite de idade. E pode ser, tenhamos muita  esperança, que no IHA da Fac. de Letras da Universidade de Lisboa (who knows ?) seja sucedido por alguém menos limitado e menos atávico; mas sobretudo alguém mais honesto? 

Alguém que tenha uma mente aberta, seja inter-multi-disciplinar, e esteja mentalmente mais  preparado para entender uma Nova História da Arquitectura.

À luz da qual, quem sabe?, até os Painéis de S. Vicente, possam vir a ganhar interpretações mais sensatas e verosímeis? 

Razão para terminar este post com uma nova citação de Béatrice Fraenkel da EHESS, onde chama a atenção para caminhos novos que a História de Arquitectura (e da Arte) terá que percorrer:

 

"Au terme de ce parcours qui, rappelons-le, ne prétend ni à l’exhaustivité d’un compte rendu de publications ni à l’objectivité d’une synthèse bibliographique, les divers travaux ici mentionnés invitent à porter un regard plus attentif sur les écritures, qu’elles soient exposées ou architecturales. Ainsi mis en relation et au-delà de leurs spécificités, ces travaux dessinent les contours d’un domaine de recherche sinon nouveau au moins renouvelé.

(…) Symétriquement, l’anthropologie de l’écriture déplace la question traditionnelle de l’ornement en architecture en soulignant la dimension écologique des « embellissements » comme les nommait Alberti. Fabriquer une ville lettrée, qu’elle soit de néons ou de pierres gravées, c’est donner une consistance à un espace public, rendre visible un champ de forces contraires, instables, ouvertes à de multiples usages citadins."

~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*Note-se que o nosso título vem inteirinho daqui,  mas inclui também materiais de um outro post escrito há dias sobre algumas frases de Léon Battista Alberti

** Monserrate uma Nova História, por Glória Azevedo Coutinho, Livros Horizonte, Lisboa 2008.

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16.8.22

Não perder o rumo...

Concretamente, não esquecemos um post de Novembro de 2013, e aquilo que em determinado período tanto nos entusiasmou.

Entusiasmo que não foi só nosso, mas induzido também pelo orientador, como podem ler na nota e no link abaixo*. 

ResumoFABP.jpg

E sobre isto que convém não esquecer, na verdade, é em ARQUIVO. PT e na página seleccionada, que vamos encontrar ajuda. Pois foi o responsável pelos nossos estudos Fernando António Baptista Pereira que o explicou, na Faculdade de Belas Artes, numa frase sua - e que bem sintetizado! - aquilo que viu nesses mesmos estudos:  

Origens, Significado e Evolução dos Estilos Artísticos – Evolução dos Conceitos nos seus Contextos Culturais desde a Antiguidade até ao Mundo Moderno

Mais tarde - e/ou porque algum bicho lhe mordeu...? - deixou de nos orientar e passou a «desorientar». 

Só que, quanto a bússolas, ou sobre saber onde nasce e onde o sol se põe, em cada dia, seja verão ou inverno, ainda não estamos perdidos...

Como não está perdido este nosso desenho, decalcando L. B. Alberti (ou quem sabe Giorgio Vasari?), de uma formulação visual/arquitectónica** que é, absolutamente fascinante:

Sol-Invictus-SantaMariaNovella.jpg

*Os nossos estudos de mestrado e depois de doutoramento, em que nos começámos a aperceber como a História da Arte e da Arquitectura tinham sido substancialmente diferentes daquilo que em geral se conhece. 

** Imagem existente na fachada de Santa Maria Novella em Florença

 

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10.8.22

Já se tinha escrito sobre a imagem seguinte, mas, entretanto alguns artigos que lemos avivaram-na ainda mais:

Assim começamos pela palavra liminar, que segundo o dicionário (aqui ao lado *) é um "limiar". Dizendo-se a seguir que é subliminar aquilo que é inferior ao limiar, pois não ultrapassa o "limiar da consciência".

Lembramo-nos de António Damásio, mas..., vamos em frente, continuando com o que consta no dicionário a propósito de subliminar:

"... diz-se dos estímulos de fraca intensidade que quando repetidos, actuam no indivíduo ao nível do subconsciente, podendo interferir na sua conduta sem que ele se aperceba;"

É outra perspectiva.

Mas é também quando nos acorre a lembrança de C. G. Yung, e a sua ideia de Inconsciente Colectivo.  E com esta vem a noção de camadas, que se aplica, às leituras da imagem que está a seguir. Incluindo nela, na 2ª versão (com os círculos que inserimos) o que não está lá, mas que, mentalmente se sub-entende!

MandorlaNoCentroTecto-completa.jpg

Imagem que tem servido a Vítor Serrão para (longos) discursos sobre o visível, presente nas composições que narra, com enorme entusiasmo. Sem que, nessas suas deambulações descritivas, chegue alguma vez a exprimir a essência da composição. Pois na verdade deveria perguntar-se, o que move?, porque rodopiam em tanto dinamismo, ou o que desenham, os elementos que se vêem, e integram a imagem...?

No entanto, e porque se vão encontrando, neste mesmo tema (dos "brutescos"  **) - composições quiçá herméticas...?, e tão repletas de elementos icónicos e anicónicos - elas terão servido, é quase óbvio, para pôr a falar,  directamente, o invisível.

Isto é, querem afirmar exactamente o que não consta - nem está explicitado pelo desenho, já que não foi completamente desenhado/riscado ou inscrito na própria composição - mas que se sente!

Só que, muitos desses elementos, não apenas os que foram representados naturalisticamente, mas também os anicónicos, ou abstractos (ditos simbólicos...); em geral tudo isso integra a enorme colecção de imagens que, sem a consciência deste fenómeno, contribuiu para a formação do Inconsciente Colectivo...

E estão na Arte!

Sendo neste ponto, que uma série de artigos que decidimos ler*** - e dão origem a este post, como consta logo de entrada - se nos apresentam muitíssimo «desarticulados». Numa desarticulação que faz com que, poucos se consigam entender.

Claro que é a nossa opinião, relativamente à Arte Cristã e ao maior interesse que pode (ou deveria) existir, no seu estudo. Estudo a fazer desde as origens, cientificamente, e desde quando o Cristianismo surgiu, com as imagens a serem postas a falar, ao serviço da religião. O que aconteceu, até que - vindo sobretudo de Adolf Loos (que mostra não ter percebido o que «viu» como excessos de decorativismo) - a Arte Cristã passou a ser posta ao mesmo nível do que era cada vez mais, e simplesmente a Arte.

Arte que vinha a ser desligada, e crescentemente descomprometida, do sentido de serviço ao religioso, em que tinha nascido (e para o qual fora criada...)

Quando Maria João B. Neto reporta, a partir de Manuel Mendes Atanásio, sobre as origens do questionamento da Arte Religiosa, tendo em vista, no meio do século XX, a criação de um movimento que introduzisse inovação na Arte e na Arquitectura; então cita Frei Marie-Alain Couturier, O. P. (1897-1954) - que foi Editor Chefe da Revista L' Art Sacré, o qual, segundo escreveu:

"...não hesitava em afirmar que as causas principais da decadência da arte sacra não eram de origem artística, mas sim de ordem religiosa." 

E é com esta noção presente - como se vem a passar connosco desde 2004-06 - que vamos encontrando, nos muitos e diversos textos que lemos - toda uma imensa desarticulação, que, cada vez mais, precisaria ser esclarecida.

Que se começasse a usar, por exemplo, a nomenclatura de Robert Adam em The Globalisation of Modern Architecture , onde são referidos os "Faith-Based Styles".  Mas também que leiam Mark Gelernter (n. 1951) arquitecto e professor em Denver, e o seu fantástico livro de 1995: onde já ficaram claríssimas, muitas das ideias que hão-de um dia estar numa qualquer nova história da arte e da arquitectura. 

~~~~~~~~~~

* Dicionário Universal da Língua Portuguesa, Texto Editora, Lisboa 1995.

** Ver imagens do tecto da igreja de Santo António no Estoril, pintado por Carlos Bonvalot 

*** Reunidos sob o título Arte e Igreja em Portugal, Histórias e Protagonistas de Diálogos Recentes, Edição Caleidoscópio. Lisboa Novembro 2021. Por exemplo, de entre as «Histórias e Protagonistas de Diálogos Recentes», concretamente no artigo que tem como subtítulo - Interpelação e interpretação moderna de símbolos cristãos  (ver na p. 99), a referência ao valor e importância do espiritual, não chega. Não é de modo nenhum suficiente, para ajudar a destrinçar, e assim a compreender - se de facto se pretende fazê-lo?! -, o que é a arte cristã e a arte laica. É que o problema - pois pode de facto existir aqui um problema, de entendimento e classificação, que se pretende seja racional, para além do emocional. É que, se a Arte é Arte?, se lhe reconhecemos qualidades (quase) fora do racional, e do comum, nas obras? Se achamos que houve habilidade técnica, e também ao nível das ideias, para reunir e concretizar algo de muito belo? Se isso aconteceu, é porque uma centelha de algo, que já de si é divino, conseguiu passar às obras.

A Arte eleva, tal como no passado se pretendeu (ver em Exégèse Medievale, Les Quatre Sens de L'Écriture, por Henri De Lubac), que a arte e a arquitectura fossem anagógicas. 

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Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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