Mesmo que, mais indirectamente, do que de maneira directa, continuo a pensar neste tema, e a andar à roda dele.
PORQUE, muitas igrejas - sobretudo depois de Hugo de São Victor e dos seus Tratados da Arca de Noé - foram vistas como Arcas.
Mas, acontece que o nosso tempo é sempre muito limitado, por isso aqui (com pouco texto e mais imagens) fica um tecto - lindo - que há dias apanhámos num post de Vítor Serrão. O «nosso» Mestre da desconfiança e da incredulidade...*
Alguém que mexendo muito, por isso passa por materiais fantásticos, como é mais esta prova da existência de motivos e de padrões significantes; e como tal muito convenientes para algumas superfícies e paramentos - os de maior valor (sagrado) - dentro das igrejas.
Já agora vai acompanhado de outros motivos: concretamente, de um outro, que tem a mesma geometria, visto há dias na Internet, num filme sobre a Catedral de Santa Cecília de Albi **
E por fim, vindo de Alcobaça - mas não directamente -, de duas arcas tumulares a que nos referimos no nosso trabalho sobre Monserrate (ver na p. 264), este outro padrão que temos vindo a trabalhar - por estar ligado à "Grande Arca de Belém"
Concluindo:
É fortemente provavel que D. Manuel I tivesse visto com alguma atenção essas arcas de Alcobaça, e soubesse do seu valor significante e decorativo.
Do seu sentido antigo, que era o da conveniência, e não apenas no sentido actual da palavra decorativo, que parece ser apenas o de "encher os olhos". SIM, a noção antiga da palavra décor, era mais a de encher a cabeça de valores e de ideias. E era menos a de agradar aos olhos...
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*Incredulidade relativa à capacidade falante de muitas das fórmulas visuais empregues na Arte, e concretamente na Arquitectura. Alguém que não leu o «Tratado de Vitrúvio», e o que sobre ele escreveu Justino Maciel, ao explicar o sentido da palavra Décor.
**Que também está no Porto, na igreja de S. Nicolau (se quiserem a procurar nos nossos posts)
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