Desde que conheci esta imagem fiquei fascinada com ela.
E emocionada, e sei lá até se com o coração a bater acelerado...? Foi amor à primeira vista.
Mas depois li, e reli, a legenda dos editores, e de quem seleccionou as imagens deste livro que é absolutamente maravilhoso*.
Li avidamente à procura de mais. Mas a legenda (abaixo), embora com algumas "tournures" - que pretendem alertar para algo que a composição possa conter; apesar disso, o que deixaram escrito pouco adianta, ficando muito aquém - completamente «abaixo» - da imensa riqueza (conceptual) da obra que, há séculos tinha sido criada...
É que na imagem o que se vê, tirando os dois jardineiros, e os pauzinhos mais ou menos retorcidos e naturalistas, de uma trepadeira que provavelmente devemos pensar como sendo uma vinha; o que todos vemos - canteiros, escadas, paliçada, casa - com porta e duas janelas; e ainda os arcos (de círculo) entrelaçados - tudo isso, todo o cenário é, propositadamente e assumido, feito exclusivamente de Geometria**.
É aliás um óptimo exemplo, dos melhores que conhecemos, para associar àquela frase original (em grego) do Pseudo-Dionísio, o Areopagita; à frase que Maurice de Gandillac traduziu para francês assim:
"...En somme une intelligence perspicace ne saurait être embarrassé pour faire correspondre les signes visibles aux réalités invisibles.” **
Mas, e para o caso de haver dúvidas sobre a legibilidade desta, e de outras obras, para isso estamos aqui.
E vamos continuar a estar, mesmo que, como hoje, fique para o leitor a tarefa principal que é a de fazer a leitura/interpretação da obra. Que responda a esta pergunta:
Porque é que alguém diz que a imagem acima é linda...?
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* Referimo-nos a Le Moyen Âge en Lumière, dir. Jacques DALARUN, Fayard, Paris 2002.
** A mesma (geometria) que para Hugues de Saint-Victor era - "...source des sensations et l'origine des expressions".
*** E que várias vezes já citámos noutros posts. Como por exemplo neste outro.
link do postPor primaluce, às 14:30  comentar