Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
24.3.20

Já escrevemos sobre eles, e é tanto, muitíssimo mais, que um dia poderemos dizer, relativamente a esses Tratados da Arca:

 

Que haja condições para isso, uma equipa, ou um qualquer outro «milagre», que amplie as nossas capacidades de trabalho;  e ainda que multiplique as horas em que podemos ficar sentados...!*

 

Assim hoje lembra-se um post nosso que tem oito anos , e em que DLA com o seu endofarchitecture também colaborou**. Mostrando-se aquilo que Philibert De L'Orme sabia, relativamente à iconografia de uma casa nobre: como o Chateau francês - e não esquecer que estudámos Monserrate, le petit chateau de Monsieur De Visme à Sintra... - devia ainda seguir, tal como as igrejas, algumas das prescrições dadas a Deus por Noé, para construir a sua (Arca-)Barca.

 

Mas também se lembra e mostra, um post de hoje, que nos lembra que os dias difíceis, e os de vida confinada, muitos ficaram para a História: há que não o esquecer! ***

 

Fluerus-Livros&LIvros.jpg

Claro que a imagem acima é uma adaptação que fizemos da capa do Dicionário por Imagens da Bíblia. Éditions Fleurus, Paris 1998. Título original: L'Imagerie de la Bible. Versão Portuguesa de Março de 2000.

 

Mas, o mais importante, e aquilo que nos fez trazer para aqui esta imagem, é o facto de sabermos da existência dos Tratados de Hugues de Saint-Victor que, em geral se pensa serem de Teologia, mas que (e como defendemos) deram origem à Arquitectura da igreja românico-gótica:

 

Porque esta quis ser a Arca de Noé, que se supunha ser uma Arca-Barca salvífica. Como está registado numa parede da igreja de Fátima em Lisboa, obra de Almada Negreiros. Um autor que a este propósito se cita, por sabermos que não entregava a outros, nem deixava por mãos alheias, o que devia ser o mais significante - ou o mais impactante - nos seus trabalhos e obras. 

 

Como mostra a imagem acima, sempre gostámos da expressividade e da simplicidade do que vem das crianças, ou é para as crianças. Porém, quem quiser abordar cientificamente este assunto, que nada tem de simples, e pode até ser muitíssimo árduo, então que não deixe de consultar a Patrologia Latina de Migne, o que pode ser feito indo pelo link.

Sobretudo, que não falhe os trabalhos de Patrice Sicard - que foi cónego de Notre Dame (Paris). Um autor cujas investigações dedicadas a este tema, primeiro nos surpreendem imenso; e que depois nos obrigam a admirá-lo pelo trabalho, vastíssimo e extraordinário, a que se entregou.

 

Depois, no fim estão os títulos em latim, os que Hugues de Saint-Victor (autor do século XII com uma obra vastíssima) lhes deu. Concretamente:

DE ARCHA NOE PRO ARCHA SAPIENTIE CVM ARCHA ECCLESIE ET ARCHA MATRIS GRATIE

LIBELLUS DE FORMATIONE ARCHE

Sendo que o primeiro, como gosto de dizer, é toda a construção da alegoria em torno da Igreja , como Arca-Barca que há-de salvar a Humanidade. Acrescentando sempre, que é algo equivalente, ao que hoje é a Memória Justificativa de um projecto de arquitectura.

E o segundo livro - LIBELLUS DE FORMATIONE ARCHE - é o livrinho, cujo titulo nasce do facto de ser de muito menor dimensão; sendo neste que se ensina a construir a referida Arca.

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*E horas em que não estejam professores «verdadeiros patetas-desorientadores» a impedir os nossos trabalhos...

**Embora o mesmo esteja agora inacessível

*** Admitindo que não sabemos se a história de Noé, do primeiro livro da Bíblia, é verdadeira ou lenda...? Certo mesmo é que o Arco - considerado sinal de Deus - a partir de determinada data, foi inserido no que era a Verga Recta (sinal de rectidão, na antiga arquitectura grega). E também, porque ficou escrito assim:

"Disse Deus: (...) Quando eu reunir as nuvens sobre a terra e o arco aparecer na nuvem, eu me lembrarei da aliança que há entre mim e vós e todos os seres vivos..." (Génesis 9 , 12-16)

 

E este é o início de uma outra história, a que a tradução da Bíblia (judaica) para a língua grega - no século IIIº a. C. - veio a dar um muito maior relevo...

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11.3.20

... num quadro de Álvaro Pires de Évora.

 

Claro que logo que os vimos (os arcos entrelaçados) ficámos fascinados. Por se perceber a preocupação do autor em comunicar algo mais; concretamente o contexto teológico. Se quisermos, foi como uma adjectivação que se entendeu dever fazer, relativamente à sua própria fé. Ou, concretamente, ao contexto da Fé Cristã*, em que esta obra se posicionava.

 

Depois, pelo nosso método experimental, desenhámos por cima de uma cópia que se tinha impresso. Mas, claro, não é a mesma coisa... (e era só experiência como nalguns escritos/desenhos exploratórios de Leonardo da Vinci)

AURA-VirgemAPdeÉVORA-sobreposição.jpg

Já que no desenho descoberto (abaixo) - i. e., sem o papel vegetal (como acontece acima) - os arcos quebrados, menores e resultantes das intersecções dos círculos, ainda esses têm mais detalhes, que eram igualmente, falantes**.

APdeÉVORA-FilmeMNAA.jpg

Dentro de cada «meia mandorla», que rectificada seria um triângulo equilátero, ainda estão desenhados, aquilo que - para os referidos triângulos - os geómetras chamam apótemas.

 

E desse modo, ao encontrarem-se no centro do dito triângulo, desenham um Y, que também foi representativo da Trindade, e de Cristo.

 

Pode parecer árido, ao ser explicado desta maneira, mas em desenho tratam-se de formas que enriquecem imenso as composições, e que, por seguirem regras da geometria,  acrescentam sempre um rigor visual que é também harmonia formal. Ou - aquilo que verdadeiramente são - concordâncias geométricas.

 

Estas imagens são materiais, ou se quiserem «ingredientes visuais», também altamente polissémicos. Que, para os antigos (e disto não temos dúvidas, referimo-nos ao clero) seriam certamente falantes.

Já que os saberes ou as ciências, desde Martianus Capella, Alcuíno (de York) e depois ainda desde Hugo de S. Victor, funcionavam muito mais unidos do que hoje; isto é, não eram disciplinas avulsas

E mais ainda: não é por acaso, de todo, que a Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira de Cultura, no volume 2, sobre as Artes Liberais, a dada altura especifica (algo que desde 2002 nunca mais esquecemos):

"Durante a escolástica, as artes, o septívio, não foram estudadas por si  mesmas: eram vias de acesso à Sagrada Escritura"***

Para concluir, como no Credo, onde Carlos Magno obrigou à inserção da partícula FILIOQUE, é isso que se pode ler nesta Aura de Nossa Senhora, atribuída a Álvaro Pirez

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*Que Cristianismo, que religião, ou, em que região da Europa, o encomendador se posicionava.

**Quem saiba geometria, ou tenha uma boa memória visual, pode reconhecer nestes arcos a mesma organização, ou a mesma estrutural visual, igual ao que se passa na fachada do Palácio dos Doges de Veneza: ou até noutros edifícios desta mesma cidade.

*** A frase acima é uma afirmação essencial, impossível de esquecer. E que por isso obriga a rever, várias ideias, demasiado feitas, da historiografia da arte. Ver op. cit., coluna 1417.

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Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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