Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
22.12.19

Estou a pensar (sim, para ver como hei-de expôr este tema complicado...) e é na última VISITA GUIADA {https://www.rtp.pt/play/p5656/e443819/visita-guiada}, dedicada às abóbadas algarvias de Fuzeta, e aos seus desenhos.


Sendo altamente curioso, que seja mesmo no fim do programa, que se diga o que todas essas abóbadas têm em comum, apesar dos materiais diferentes e até das tecnologias construtivas também diferentes... (algo de celestial!)

Tecto FUZETA.bmp

Por isso, na nossa posição (teórica, diferente da que foi exposta no dito programa, pela arquitecta Mafalda Pacheco), o que vemos e defendemos, é que aconteceu exactamente ao contrário:


É logo no início, que se percebe o facto de ter existido uma ICONOTEOLOGIA, que desenhou todas essas abóbadas.


Válido mesmo para as abóbadas chamadas "de Vela", ou as "de Barrete de Clérigo" (ou até para as mais simples, quer sejam apenas esféricas ou cilíndricas).


Porque sim! É o que constatamos depois de longas análises*.
É notório que todas têm/tiveram uma génese comum: e na verdade, uma vontade de reprodução do céu, ou, da abóbada celeste. Em duas palavras - INVOCAR DEUS


Assim - e voltando ao Programa da RTP - estamos perante técnicos que são muito estudiosos e muito sábios, talvez a trabalharem para as Câmaras Municipais (?)  mas que, lamentavelmente para eles, a regra é, ainda, a de fazer subordinar o mecânico ao conceptual.


Aliás, também a História da Arte - que é a «grande culpada» de esta visão ainda prevalecer continua a ir atrás disso:


Não vendo que as diferentes «tectónicas» (ou as técnicas construtivas) se adaptaram - seguindo uma máxima de que S. Paulo falou... - para produzir as formas que, por si só, eram já elas significantes.


Claro que esta é uma teimosia ou persistência muito nossa, que havemos de provar..., e já faltou bastante mais tempo, para isso acontecer!

Donde, por aqui, e como em toda a parte - e para todos - SAUDINHA É O QUE DESEJAMOS!

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* Talvez menos gestalt - ou de uma visão geral -, e sobretudo muito mais analíticas. I. e., no sentido da percepção (que cada um apreende para si) que o todo pode induzir a uma leitura diferente daquela que se pode fazer: mais rica, quando lemos as várias partes que constituem esse mesmo todo.

link do postPor primaluce, às 14:30  comentar

8.12.19

Senão exactamente hoje, pelo menos foi-o no passado, e quase se pode dizer que o foi durante dois milénios

O culto da Virgem Imaculada, ou Imaculada Conceição  - muito frequentemente representada como uma concha  (mas não só, porque há outras representações) -, começou no Oriente tendo-lhe sido dado o título de Theotokos, o qual é explicado como Mãe de Deus

"Theotokos - Mother of God (used in the Eastern Orthodox Church as a title of the Virgin Mary)."the love poured into the Theotokos to enable her to love so fully in her turn"

 (...) ORIGEMfrom ecclesiastical Greek, from theos‘god’ + -tokos‘bringing forth’. "(*)

Numa enciclopédia on line pode-se ler:

"The title of Mother of God (Greek: Μήτηρ (του) Θεοῦ) or Mother of Incarnate God; abbreviated ΜΡΘΥ, Latin Mater Dei) is most often used in English, largely due to the lack of a satisfactory equivalent of the Greek τόκος / Latin genetrix. For the same reason, the title is often left untranslated, as "Theotokos", in Orthodox liturgical usage of other languages." (**)

Não é muito comum encontrar-se, mas as letras gregas (ΜΡΘΥ) do texto acima, foram algumas vezes usadas - em trabalhos que hoje vemos como arte -, para referir/indicar/tornar presente aquela a que, na nossa cultura, normalmente é designada por "Nossa Senhora".

Este culto nascido no Oriente foi sucessivamente ampliado, sendo que, em 25 de Março de 1646 o rei D. João IV a proclamou Rainha de Portugal.

Mais tarde, com D. João VI, vários reis católicos (da Europa) pediram ao papa que fosse declarada Imaculada Conceição.

No site da Paróquia de S. Miguel de Queijas  encontra-se informação mais completa:

"Em Portugal, a bula Ineffabilis Deus de 1854, com a definição, precisava, para ser publicado oficialmente, de beneplácito régio, que o soberano não podia conceder sem a aprovação das duas Câmaras. O Ministro da Justiça conseguiu-a finalmente, após duas sessões de três horas cada uma na Câmara dos deputados e após uma sessão de duas horas na Câmara dos Pares. Por fim, D. Fernando, regente em nome de quem viria a ser D. Pedro V, pôde conceder o beneplácito a 16 de Março de 1855. Foi publicado a bula no Diário do Governo."

Para além deste, de hoje (e pela sua imensa relevância na história da arte), já lhe dedicámos outros posts, como é possível confirmar***.

Theotokos-JDalarun-c.jpg

Por fim, e voltando à designação Thetokos que também está na imagem acima (excerto vindo de Jacques Dalarun), é importante dizer que esta designação - e a ideia da Virgem como sendo Mãe de Deus - por ser «ideia complexa» também gerou as maiores controvérsias. As quais levaram, inevitavelmente, a  diferentes «noções» sobre Cristo (ou o seu conhecimento - como em geral preferimos dizer).

O mesmo "conhecimento de Deus", e de Cristo - que esteve na raiz de algumas heresias e depois de alguns dogmas; todo um conjunto de ideias que por ser difícil de traduzir  em palavras frequentemente foi posto em esquemas e imagens de raiz geométricos

O texto seguinte que seleccionámos - a abrir um sub-capitulo de La Vierge Marie, por Jean Guitton (Éditions Montaigne, Paris 1957, ver p. 105) - e que apesar de ser um excerto muito curto já prova a complexidade e as subtilezas a que nos referimos:

Image0134-c.jpg

  *Como se pode ler aqui

** Em https://en.wikipedia.org/wiki/Theotokos

*** O último em Maio de 2019; e um dos primeiros posts (embora algumas destas referências já estejam publicadas no nosso livro, dedicado ao Palácio de Monserrate) foi em 2014. Ver ainda o post de Fev. de 2017

link do postPor primaluce, às 17:00  comentar

 
Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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