Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
30.7.19

Como parece poder concluir-se de um livro que nos chegou às mãos. Ou, sobretudo do Programa Visita Guiada da RTP2, como aqui podem ver. 

 

Sabemos que não são muitos os que aqui vêm, e embora tenhamos criado este blogue para divulgar a noção de que muitas imagens da Arte são de origem religiosa cristã - e por isso adoptámos esta designação (ICONOTEOLOGIA) inventada pelo Pe. Eugenio Marino. No entanto, o nosso primeiro blog que foi PRIMALUCE, esse continua a ser mais conhecido e mais visitado.

 

De qualquer forma este blog já existe desde 2012, com o propósito de divulgar Iconografia que é empregue na Arte, e cuja génese temos vindo a encontrar, directamente relacionada com textos da Teologia Cristã.

 

Podem ser textos bíblicos, ou excertos da Patrologia (ver este exemplo do século V-VIº), mas também orações  (o Pai Nosso, o Credo) cujas palavras desenharam não apenas o imaginário mental  - dentro da "caixa negra" que é o cérebro de cada um -, mas que também foram adaptados, e se podem ver em inúmeras obras realizadas. Pois foram transpostos para as mais variadas matérias e suportes, e nalguns casos com essas imagens a funcionarem como verdadeiras legendas.

 

Assim hoje temos centenas de imagens (algumas postas on line, várias fotografias, mas também muitas que as desenhámos); em resumo, inúmeras imagens difíceis de organizar por categorias.

 

Isto é, difíceis de separar segundo as categorias, hiper-delimitadas e a corresponderem às áreas cientificas que estão definidas pela Agência A3ES. Ou, como também pretendia, muito «metodologicamente», o nosso orientador do doutoramento!

 

Deste modo temos que dizer que a palavra Heráldica podendo parecer uma solução simples, para designar/nomear essas mesmas categorias, é em simultâneo demasiado redutora. Porque irá afastar (atirando para o lixo, ou para que outra área?) muitos materiais iconográficos que continuam livres. E que continuarão a circular e a serem aplicados, nas mais variadas áreas da «comunicação visual» (sem limites, e sendo ao mesmo tempo muitíssimo polissémicos...).

 

Isto é, da comunicação visual que se vai fazendo através de sinais que não correspondem a sons ou a fonemas.

 

Como lhes chamamos desde 2002, muitos desses sinais postos na Arte - e principalmente na Arquitectura, em que este tema nos interessa (sublinhe-se) - esses sinais eram como IDEOGRAMAS. Ou seja, tinham alguma correspondência a ideias - e não a sons - como acontece com as palavras.

 

E já agora, acrescente-se, mesmo que esses ideogramas estivessem em obras gráficas, com dimensões da ordem dos 2-3 milímetros, ou até menos, desde que fossem visíveis; mas podendo, em alternativa, ir até aos mais de 60 metros, como têm os arcos quebrados do Aqueduto das Águas Livres, no Vale de Alcântara. 

 

Assim no fim deste post poderão perguntar-nos - e é possível, pois talvez já se tenha dito assim...? - se os Arcos do Aqueduto verdadeiramente, são mais "estruturais" ou mais "heráldicos" ? E na verdade (para mim) essa resposta fica dificílima...

 

Porque D. João V fez o Aqueduto*, numa época em que já se conhecia o sistema de vasos comunicantes. Será que o fez sobretudo por uma questão de visibilidade, que quis dar, ao Arco Quebrado, e às formas da arquitectura gótica? Formas que passaram a empregar-se, com enorme frequência, na Inglaterra protestante (e é chamado Revivalismo do Gótico).

O que, como supomos, não aconteceu por uma razão de moda, e à semelhança dos fenómenos da actualidade  - qual cansaço em relação aos estilos anteriores... -, mas sim por razões de identificação religiosa** (separando os países que seguiram as ideias de Lutero, para a necessidade de Igreja se "reformar", dos países que seguiram Roma na designada Contra-Reforma).  

 

Voltamos à pergunta do título:

Será tudo Heráldica? Ou estamos perante Sistemas de Sinais que devem ser mais estudados e  conhecidos, já que existem em diferentes contextos, ou «linguagens»?

Depois de estudados, e se for necessário (?), podem então ser arrumados em classes e categorias...

 

SISTEMAdeSINAIS-170ppp.jpg

*Só que os referidos Arcos, e pela menor agressividade (sísmica) que o terramoto de 1755 teve no Vale de Alcântara; o Aqueduto por ter ficado quase incólume, veio assim a contribuir para se reforçar, ainda mais, a noção da capacidade de resistência estrutural do arco quebrado.

 

**Mas tornando-se, nalguns casos, posteriormente, num fenómeno de moda. E de tal modo, que ainda agora a Historiografia da Arte considera (e referimo-nos em especial ao Revivalismo Gótico), um típico fenómeno de moda. Não tendo (ainda) colocado a questão, ou a hipótese, de alguns revivalismos se relacionarem com "expressões nacionais"...

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24.7.19

... uma nova arquitectura.

 

De que já escrevemos várias vezes, como podem ler:

 

Esta última no FB, mas também em Primaluce em 26 de Fevereiro de 2011

link do postPor primaluce, às 20:00  comentar

16.7.19

Depois de duas, lembrámo-nos de uma outra, terceira razão, para pensar hoje na lua

 

Acontece que sobre INFRA-LUNARES e SUPRA-LUNARES já escrevemos várias vezes como podem confirmar*.

 

E escrevemos não apenas por ser um assunto antiquíssimo, que vem desde o tempo de Aristóteles (pelo menos!); mas, sobretudo porque nos diverte esta persistência muito humana: Uma imensa curiosidade, que levou os antigos, face aos gaps de conhecimento e de informação, a ficcionarem, em doses razoáveis «de invenção»!

Assim sendo, temos agora que acrescentar um pouco mais ao que já apresentámos sobre este tema que achamos tão curioso, e que - também ele - se articula com a nossa profissão:

 

O que desde lá atrás, de há milhares e centenas de anos, fez com que os círculos  e todo um formulário visual fosse considerado celeste, e passasse depois às Artes e à Arquitectura, em especial na Idade Média.

 

Porque foram desenhados, a partir «dele» - desse formulário visual - arcos e mais arcos, ou a três dimensões - abóbadas umas sobre as outras, com superfícies esféricas ou cilíndricas. Elementos que primeiro foram gráficos e depois tridimensionais, e também serviram para, por vezes, e em função das diferentes localizações na construção, serem os mais variados suportes. Inclusive, sendo alguns mais importantes (ou mais valorizados) do que outros.

 

Elementos que agora constituem "detalhes visuais", e também "peças técnicas", que foram suportes.

Sempre eficientes, mas também sempre falantes! Por isso muitos lhes chamam (e os consideram) - simbólicos.

Começamos então por referir o Saber, e os conhecimentos - que, forçosamente, sempre foram a base de todas as Artes**.

Image0041-c.jpg

E, de acordo com Michel Lemoine, optando pelo Didascalicon de Hugo de S. Victor como primeira enciclopédia moderna (mas não das Artes); porque no século XII essa palavra tinha outro sentido, diferente do actual.

 

Significava Saber/Arte/Técnica - tudo unido -, já que foi num contexto de Artes Liberais*** que Hugo de S. Victor escreveu o Didascalicon.

Vejamos portanto o desenvolvimento que veio a imprimir a este seu trabalho.

Image0042-c.jpgComo é legível, está-se perante o que é agora um índice, ou um plano de trabalho, onde, aparentemente, o que pode ser a Psicologia (Sagesse), a Filosofia (Lógica), e os saberes práticos  (como as mecânicas), tudo isso, parece ter sido misturado.

É pois por aqui que os Cientistas (de hoje), altaneiramente, olham para o passado e acham que se confundia tudo!

 

E se o que está acima é razão para a sua presunção e soberba (?), também são capazes de dizer a alguns - por exemplo aos pobres dos estudantes de doutoramento... -, que "não se aceitam as suas metodologias de investigação e de trabalho..."

 

Isto é, eles não aceitam o «bolo interdisciplinar» sobre o qual os seus alunos têm que trabalhar, porque (e desconhecem-no!!!) é constituído por várias disciplinas diferentes das actuais; como, por exemplo, era/foi no tempo de Hugo de S. Victor.

Disciplinas diferentes, e diferentemente relacionadas entre elas, as quais, para as cabeças dos orientadores  dos estudos pós-graduados - os sapientíssimos que habitam as nossas universidades (e estacionaram sobre as hiper-especializadas disciplinas dos séculos XX e do XXI), eles não conseguem vislumbrar de outro modo, diferente do que aprenderam!

 

Mostrando-se assim completamente incapazes de retrocederem; ou totalmente «des-imaginativos», não conseguindo viajar mentalmente até (i. e.,  imaginar) ao passado.

 

Por isto - e no desenvolvimento do plano de intenções que Hugo de S. Victor elaborou para o Didascalicon -, é verdadeiramente curioso o que escreveu e nos apresenta à volta da Lua:

Como o satélite da Terra lhe serviu - mas isso já vinha de trás (não esquecer) -, para estabelecer níveis diferentes, aplicáveis ao mundo (agora diríamos universo), e às suas criaturas, obra de Deus.

Image0043-c.jpg

E ao ler vemos que o mundo supra-lunar - que é a Natureza  (como está a seguir) -,  é também chamada Tempo.

 

Mas é ainda, em simultâneo, o Céu. Sendo este oposto ao mundo inferior, que é o Inferno. Visto como (ou sinónimo de) mundo da instabilidade e da confusão. Pelo que aqui se aproveita para lembrar, que na origem etimológica, a palavra diabólico é o oposto de simbólico.

Image0044-c.jpg

Por fim, e acabada esta escrita difícil que se quer resumir (mas é impossível...), vamos ver a LUA:

A do eclipse, e aquela a que os homens chegaram há 50 anos; depois de milhares de anos de  suposições, de ficções e de invenções, que apetece perguntar, se já terão estabilizado? Ou se, a Ciência ainda um dia terá bastante mais para acrescentar, àquilo que agora se sabe?

 

Ou será que, ainda um dia, se vai confirmar que todos temos os tais "orifícios invisíveis", como "poros para a infusão", por onde cada um recebe o "espírito vital" ? Espírito que nos alimenta desde a nascença, mas que depois se amplia para subsistirmos enquanto crescemos? 

~~~~~~~~~~~~~~~~~~

* VER EM:

1ª- https://primaluce.blogs.sapo.pt/2013/09/14/;

2ª- https://primaluce.blogs.sapo.pt/2015/01/;

3ª - https://iconoteologia.blogs.sapo.pt/2014/03/

**Neste caso não excluindo a Arquitectura, ainda agora vista como sendo uma Arte, completamente, transdisciplinar

***As Artes Liberais eram um conjunto de saberes, o correspondente ao que hoje se chamam disciplinas

link do postPor primaluce, às 18:00  comentar

 
Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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