Mas, surgiu da Cosmologia antiga quando ainda apenas se usavam círculos,
como são imagens científicas, vindas em especial do Almagesto.
Foi portanto da tradição de se mencionar o Céu (e aqueles que se supõe o habitam - Deus com as suas venerandas hierarquias, muito celestiais*), que bastante mais tarde, depois de J. Képler provar serem elípticas as órbitas dos planetas. Foi então depois dessa prova ter acontecido, que usando a mesma lógica tradicional (a de sempre), a Elipse transitou do Céu (e das órbitas) não só para a Ciência e para os Atlas e Mapas do Céu, mas também para as melhores obras arquitectónicas.
Obras que como habitual reuniram (e plasmaram de «modos muito decorativos») os Saberes dos tempos em que foram feitas**.
Ora muito disto, vem a ser defendido e explicado há anos, tendo sido escrito, concretamente, num dos nossos posts anteriores.
As Universidades (onde estou e onde tenho passado) repudiam estes conhecimentos... Apesar de nos aparecerem alunos a conseguirem integrar, e bem, nos seus projectos (gráficos, e ou de design ambiental) essa iconografia tradicional.
Imagens que os próprios, sendo mais observadores do que é normal (e portanto que os restantes colegas), esses alunos retiraram-nas dos azulejos, das grades metálicas, forjadas e fundidas, das varandas antigas.
Ou dos bordados, da Arte Popular, dos monumentos, das fachadas citadinas, e das Casas Nobres, nas zonas mais antigas... etc., etc.
Retiraram, mas sempre sem conscientemente eles terem a noção das fontes de onde essas imagens brotam*** (e em catadupas!).
Assim isto parece ser o que dá jeito às universidades e às Ciências (da Arte, às Escolas de Design, etc.)?
Embora a «turistada» invada as nossas cidades, também pelos riquíssimos ambientes urbanos, muito vintage!
Sem que se apoie a postura científica de quem, com toda a honestidade, entende que estas matérias merecem ser devidamente trabalhadas, nos lugares próprios para o efeito...
Sem que se apoie a Ciência e a Cultura portuguesa de modo a poder ser reconhecida, e desse reconhecimento se tirarem lucros e benefícios, directos ou indirectos, como acontece na Indústria (normal, ou seja não cultural).
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*Hierarquias celestes já referidas em Evangelhos e sobretudo consagradas 3-4 séculos mais tarde na obra do designado Pseudo-Dionísio Areopagita, o sírio que viveu no século V.
Obra de onde dimanou, para o lado de Constantinopla (Oriente), muita da informção e dos conhecimentos que na Idade Média, também o Ocidente veio a adoptar. E se tornou na base (imaterial) das obras materiais produzidas ao longo de milhares de anos.
** A beleza de muitos tectos deve-se exactamente a esta lógica: à vontade de serem um firmamento repleto de astros
*** E assim - porque dá jeito continuar a ignorar o que são importantes descobertas - lá se vai pondo (ou deixando estar de molho) este assunto, que é dito ser do "inconsciente colectivo".
No conceito de C. G. Jung, que tem costas largas, e tão bem responde a esta «preguiça colectiva», revativamente às mudanças que são importantes.
Mas que é também a forma de alguns - continuando a não contribuir e a não ajudar às explicações (que se impõem, pois podem ser dadas!) - manterem algum ascendente sobre todos os outros!