Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
22.6.18

A prova de que para valer a pena, e ser útil ter alguma Cultura Visual, não interessa ter só a Cultura Visual Contemporânea

 

Por detrás das imagens que um designer pode usar, há significados antigos, ou há ideias reminiscentes que de imediato se associam. Neste caso o produto sai valorizado (culturalmente)..

 

E porque Design é Design, fazendo recurso aos mais variados saberes!

 

Não nos chocamos (aliás ninguém se choca!), pelo contrário, que imagens que tiveram uma origem mística (e depois muito «mista») ou Iconoteológica, sejam postas ao serviço do comércio, da indústria, da promoção da qualidade, do que é disponibilizado aos clientes.

 

Voltando acima, pela simples razao que Design é Design!

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10.6.18

Este post hoje, no Dia de Portugal e de Camões, porque há de facto uma comunidade de Língua Portuguesa, que se interessa pelas imagens: todas, inclusivamente as que passaram para a Arquitectura. Pessoas até de outros continentes, que vêm visitar este nosso blog.

Para nós bastante diferente de ter alunos nas aulas, mas ainda assim uma forma de ensinar com o maior prazer, a todos que nos visitaram nos últimos 30 dias, assim distribuído:

  1. Brasil - 60
  2. Filipinas - 2
  3. Espanha - 1
  4. Itália - 1
  5. Moçambique - 1
  6. Peru - 1
  7. Reino Unido - 1

 

É uma comunidade que também se interessa - »iconoteologicamente« falando - pelo modo como muitas dessas imagens nasceram. Ou seja, não estamos sós, mesmo que «abandonada» pelos que directamente são (connosco) os mais responsáveis pela situação que vivemos...

 

Quer pela confiança que logo no início dos nossos estudos depositaram em nós, mas também, pela inerente e suposta confiança no que seriam depois os resultados dos nossos trabalhos.

 

Só que, aconteceu que as investigações, feitas na perspectiva de Rudolph Arnheim, em que o desenho contém pensamento; olhadas assim (e depois investigadas assim) as imagens da arte e arquitectura, por esse ângulo, levaram-nos a «um rebentar da escala»*.

 

Surgindo para nós o que é "um imenso paradoxo científico".

 

Ou, imaginem esse filme, até com diálogo - qual saco de juta (de dimensões monstruosas), que alguém nos tivesse depositado à porta: E agora o que é que faço?

 

Pelo menos ainda digo thanks God,continuarei a dizer, sobretudo pelo abandono (noutra metáfora) "deste navio, e desta carga preciosa".

 

Um abandono pelos que deveriam não ficar quietos com o que se passou (e continua a passar), havendo cada vez mais, e mais materiais!

P1010032-d.jpg

 

Iconoteologicamente, é o caso da imagem acima, pois este é mais um dos inúmeros quadrifoils significantes, que temos registado e guardado:

 

Esta imagem foi feita para L'Enseignement des Princes**, uma obra que visava - como é tão óbvio e se compreende - que a educação dos Reis, Príncipes e também a dos Nobres, fosse superior; i. e., feita com a máxima qualidade.

 

E a imagem escolhida, primeiro confirma-nos a legenda original, que está em francês antigo.

Depois, espera-se que quem por aqui anda - leitores, comentadores, outros bloggers - se lembrem não apenas da influência francesa sobre toda a Cultura Europeia, mas particular e concretamente, de uma das influências regionais, que aconteceu relativamente à Cultura deste extremo Ocidental:

 

É que o reino de Portugal ainda não existia, mas estando a região ocupada, e acorrendo aos invadidos, vieram Príncipes da Borgonha (França!) - Raimundo e Henrique -, em ajuda de Afonso VI.

 

Depois, o Imperador da Hispânia ("termo legitimado pelo direito romano", como refere Adeline Rucquoi)  - descendente dos povos Romano-Visigodos, - naturalmente grato, deu-lhes, como em geral acontece nas histórias dos príncipes e das princesas, a mão de cada uma das filhas: a de Urraca para Raimundo, e a de Taraja para Henrique.   

 

Só mais tarde é que Henrique «deixa de ser» Príncipe da Borgonha, passando a Conde, como titular do Condado Portucalense.

 

Também só muito mais tarde é que nasceu em latim e depois traduzido, o De eruditione principum.  Como também, foi mais tarde que aconteceu a multiplicação das molduras em quadrifoil, no sentido que supomos teve:

 

Ou seja, essas molduras explicitavam/falavam sobre o contexto em que a acção decorria.

Narrada em imagens (tipo livro de quadradinhos, mas chamados legendas), o objectivo ou a ideia era a de traduzir um amor especial à Mãe de Deus. Que crescentemente veio a ser, como defendemos, e com o desenvolvimento do Catolicismo, uma protectora da Igreja.

Em conclusão:

As boas acções dos Príncipes, teriam sempre em mente esse contexto moral-religioso - um amor especial à Mãe de Deus

 

Claro que ninguém fala do quadrifolio como aqui temos registado, e hoje mais uma vez.

Ou, pelo menos por cá, em Portugal não se conhecem autores que vejam por detrás do emprego das imagens, uma certa mentalidade mecanicista: menos abstracta e como necessidade, para ajudar a pensar; uma necessidade de materializações concretas do pensamento, vindas talvez dos povos germânicos***?

 

Ou ainda, ninguém conta a História desta maneira.

Mas na verdade, se simplificámos muito, não deixa de ser o que é descrito por alguns autores mais antigos.

Através de Alexandre Herculano chega-se à Chronica Gothorum; e de Adeline Rucquoi, por exemplo, a L'Europe, heritière de l'Espagne wisigothique. Madrid, Casa de Vélasquez 1992****. 

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*Isto é, à normal dimensão da Investigação de um doutoramento...

 

**Mais do que um link uma preciosidade que se deixa para os leitores

 

*** O que questionamos (?), sem responder. Pois falamos de uma mentalidade que parece ter sido altamente mecanicista: como na maratona o atleta precisa transportar um testemunho que passa a outro. Para que essa passagem não seja pouco visível, ou mera especulação; e para não haver dúvidas de que ela aconteceu (materializa-se).

 

****O que em 2002 deixou perplexos uns certos profs da FL-UL, e quem sabe, também muito furiosos...? Achariam talvez que Alexandre Herculano é um autor dificil, inacessível, que no IIIº milénio já não se lia. Menos ainda para um mestrado?

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1.6.18

Mas, surgiu da Cosmologia antiga quando ainda apenas se usavam círculos,

Almagest_1.jpg

como são imagens científicas, vindas em especial do Almagesto.

 

Foi portanto da tradição de se mencionar o Céu (e aqueles que se supõe o habitam - Deus com as suas venerandas hierarquias, muito celestiais*), que bastante mais tarde, depois de J. Képler provar serem elípticas as órbitas dos planetas. Foi então depois dessa prova ter acontecido, que usando a mesma lógica tradicional (a de sempre), a Elipse transitou do Céu (e das órbitas) não só para a Ciência e para os Atlas e Mapas do Céu, mas também para as melhores obras arquitectónicas.

 

Obras que como habitual reuniram (e plasmaram de «modos muito decorativos») os Saberes dos tempos em que foram feitas**.

 

Ora muito disto, vem a ser defendido e explicado há anos, tendo sido escrito, concretamente, num dos nossos posts anteriores.

 

As Universidades (onde estou e onde tenho passado) repudiam estes conhecimentos... Apesar de nos aparecerem alunos a conseguirem integrar, e bem, nos seus projectos (gráficos, e ou de design ambiental) essa iconografia tradicional.

Imagens que os próprios, sendo mais observadores do que é normal (e portanto que os restantes colegas), esses alunos retiraram-nas dos azulejos, das grades metálicas, forjadas e fundidas, das varandas antigas.

Ou dos bordados, da Arte Popular, dos monumentos, das fachadas citadinas, e das Casas Nobres, nas zonas mais antigas... etc., etc.

Retiraram, mas sempre sem conscientemente eles terem a noção das fontes de onde essas imagens brotam*** (e em catadupas!).

Assim isto parece ser o que dá jeito às universidades e às Ciências (da Arte, às Escolas de Design, etc.)?

Embora a «turistada» invada as nossas cidades, também pelos riquíssimos ambientes urbanos, muito vintage!

Sem que se apoie a postura científica de quem, com toda a honestidade, entende que estas matérias merecem ser devidamente trabalhadas, nos lugares próprios para o efeito...

Sem que se apoie a Ciência e a Cultura portuguesa de modo a poder ser reconhecida, e desse reconhecimento se tirarem lucros e benefícios, directos ou indirectos, como acontece na Indústria (normal, ou seja não cultural).

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*Hierarquias celestes já referidas em Evangelhos e sobretudo consagradas 3-4 séculos mais tarde na obra do designado Pseudo-Dionísio Areopagita, o sírio que viveu no século V.

Obra de onde dimanou, para o lado de Constantinopla (Oriente), muita da informção e dos conhecimentos que na Idade Média, também o Ocidente veio a adoptar. E se tornou na base (imaterial) das obras materiais produzidas ao longo de milhares de anos.

** A beleza de muitos tectos deve-se exactamente a esta lógica: à vontade de serem um firmamento repleto de astros

*** E assim - porque dá jeito continuar a ignorar o que são importantes descobertas - lá se vai pondo (ou deixando estar de molho) este assunto, que é dito ser do "inconsciente colectivo".

No conceito de C. G. Jung, que tem costas largas, e tão bem responde a esta «preguiça colectiva», revativamente às mudanças que são importantes.

Mas que é também a forma de alguns - continuando a não contribuir e a não ajudar às explicações (que se impõem, pois podem ser dadas!) - manterem algum ascendente sobre todos os outros!

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Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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