Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
24.5.18

O título do post de hoje pretende ser abrangente. Tal como fez muitas vezes André Grabar ao escrever sobre As Vias da Criação na Iconografia Cristã.

Mas este nosso post também pretende - já agora - ligar com outros que se têm escrito sobre a Elipse.

Se vos interessar vejam:

_Grabar-Les voies... 000.jpgPor isso do livro cuja capa está acima retiram-se algumas das suas referências - que foram imensas, repetidas e insistentes - para tentar transmitir as ideias do seu autor relativamente à origem e à composição das imagens da Arte Cristã.

Concretamente sobre a importância do círculo e dos desenhos da Cosmologia - e Cosmografia, geralmente também círculos -, que eram representações cientificas dos astros. Concretamente dos planetas e das suas órbitas (de acordo com Aristóles e o Almagesto*); imagens que entraram directamente na Iconografia Cristã como A. Grabar defendeu.

Por isso deixamos-vos hoje alguns excertos do que escreveu, pois em nossa opinião este autor não pode ter sido mais explícito (embora não compreendido, em toda a profundidade), nos contributos que deu para o entendimento da Arte Cristã.

E é com base nas ideias que defendeu, que se percebe, muitíssimo bem (pelo menos percebemo-lo e aceitamos), que a partir do momento em que J. Képler demonstra que as órbitas não eram circulares mas sim elípticas, que então a Elipse passou a ter também um lugar na arquitectura**.

_Grabar-Les voies... p.325.jpgver op. cit. p. 325

p.333.jpgop. cit., p. 333

_Grabar-Les voies... p.334.jpg op. cit., p. 334

 E a terminar faz todo sentido associar este vídeo-post da Filipa AC, a ver desde o principio ao fim, porque são ainda hoje as mesmas preocupações da Humanidade. Embora já nem sempre relacionadas com Deus, ou, se quer, transformadas em detalhes e «decorações» da Arquitectura.

*Ver imagens alusivas a uma obra escrita no século II por Cláudio Ptolomeu

**Apesar de muitas vezes a Elipse ser confundida com a Oval (pelos que não dominam a Geometria), existem vários exemplos... Quer na composição urbana - Praça de S. Pedro: quer ao nível dos detalhes (em Portugal) de obras menos conhecidas.

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21.5.18

A série de imagens seguintes foi encontrada na Internet, quando procurávamos o texto do Quicunque.

 

Ora o Quicunque é um Credo - o Símbolo máximo da Fé Cristã e da Igreja Católica -, que ainda hoje é também conhecido como Credo de Atanásio.

 

Por estranho que possa parecer, ou porque geralmente muitos somos pouco informados (sobre a Fé que professamos), houve diferentes fórmulas para o que é o Símbolo de Niceia-Constantinopla, que começou por ser o Símbolo dos Apóstolos, reunidos no Cenáculo (na Festa de Pentecostes que a Igreja celebrou ontem).

 

Esta matéria é imensa e foi inclusivamente objecto das maiores controvérsias, querelas e divisões dentro da Igreja, e portanto de toda a Europa.

 

Por exemplo o imperador Carlos Magno (m. séc. IX), que hoje é normalmente visto como um político - mas também antes dele concretamente o imperador Constantino (m. séc. IV) - pode-se dizer que ambos interferiram na redacção do Credo que é recitado e proclamado nas igrejas.

 

E pode ser ainda interessante saber que alguns dos Concílios em que estas matérias foram, razoavelmente debatidas, para além dos locais mais conhecidos como Niceia, Constantinopla, alguns ocorreram na Pens. Ibérica, em Toledo, na Basílica de Santa Leocádia (desde o Iº Concílio no ano 400, até à conversão de Recaredo I em 589).

 

A palavra latina que deu origem ao nome "Quicunque" significa "Aquele que", e é usada no início dessa fórmula, que pretende definir - mas também separar e unir -, cada uma das pessoas (ou hipóstases) trinitárias.

 

Há quem refira que as imensas subtilezas (linguísticas) dos teólogos cristãos medievais obrigaram, frequentemente, ao uso das imagens (e da Geometria que é a regra ou a gramática das imagens) para fixar e distinguir algumas das ideias e proposições contidas nas proclamações de fé, e concretamente no Credo.

 

Quem ler atentamente o referido texto pode reparar que o mesmo terá sido redigido com base em Imagens (como as que se seguem), e que por isso essas mesmas Imagens - que foram Esquemas ou Diagramas (de ideias) - também representaram um resumo da Fé.

 

Foi como tal, i. e., como fórmulas curtíssimas (ou súmulas visuais), que os referidos diagramas se tornaram naquilo que hoje muitos chamamos sinais ou símbolos.

A sua passagem e emprego nos Escudos não nos deve admirar, pois muitos lutaram pelas ideias em que acreditavam, fazendo dessas ideias, a sua própria força.

 

No nosso caso, e porque a questão projectual da arquitectura sempre se colocou (como uma grande interrogação, que várias vezes nos ocorreu: "De onde saíram as formas que aparecem na arquitectura antiga e tradicional?); assim, para nós particularmente, foi muito interessante um dia ter percebido*, que nalgumas igrejas a sua planta (ou partes dela, assim como outros elementos considerados construtivos/decorativos) estava o diagrama do Credo de Atanásio, ou Quicunque**.

 

Note-se que cada uma das imagens seguintes é acompanhada do link respectivo (ou do site onde foi obtida):

558px-Shield-Trinity-Scutum-Fidei-compact.svg.png

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Shield-Trinity-Scutum-Fidei-compact.svg

PetrusPictaviensis_CottonFaustinaBVII-folio42v_Scu

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:PetrusPictaviensis_CottonFaustinaBVII-folio42v_ScutumFidei_early13thc.jpg

Tetragrammaton-Trinity-diagram-12thC.jpg

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Tetragrammaton-Trinity-diagram-12thC.jpg

Trinity_knight_shield.jpg

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Trinity_knight_shield.jpg

 

610px-Shield-Trinity-Scutum-Fidei-variations.svg.p

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Shield-Trinity-Scutum-Fidei-variations.svg

800px-Shield-Trinity-Scutum-Fidei-earliest-and-lat

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Shield-Trinity-Scutum-Fidei-earliest-and-latest-major-variants.svg

Harleian_Ms2169_St_Mihell_arms_colorized.gif

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Harleian_Ms2169_St_Mihell_arms_colorized.gif

800px-Wernigeroder_Wappenbuch_010.jpg

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Wernigeroder_Wappenbuch_010.jpg

Trinity_triangle_(Shield_of_Trinity_diagram)_1896.

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Trinity_triangle_(Shield_of_Trinity_diagram)_1896.jpg

500px-Trinidad-Anglican-Episcopal-Coat-of-Arms.svg

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Trinidad-Anglican-Episcopal-Coat-of-Arms.svg

600px-Trinity-Parish-Jersey-Coat-of-Arms.svg.png

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Trinity-Parish-Jersey-Coat-of-Arms.svg

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*De facto, dizer que foi interessante é sempre pouco... Pois foi um imenso fascínio, uma enorme emoção:

 

Um dia, na nossa mente abriu-se uma porta, que nunca mais, em todos os outros dias, não mais se fechou! Por isso, temos escrito repetidamente sobre esta questão que é, não apenas para nós, mas para toda a História da Cultura do Ocidente, uma alteração essencial de visão e de perspectiva.

Do modo como nasceram e passaram a todas as Artes (mas em especial à Arquitectura) muitos dos vocábulos formais alguns ainda agora empregues.

É que quando vários dos investigadores referem as propriedades e em particular a resistência mecânica de algumas dessas «morfologias», estão muito longe de saber que as características que levaram ao seu emprego foram sempre, e prioritariamente - antes de serem adaptadas ao suporte -, de ordem semântica.   

**E - como dizemos (sendo até agora, que saibamos, a única pessoa a defender esta ideia) - a maioria das formas abstractas da arquitectura antiga, em geral, foram originadas deste modo. Quer detalhes arquitectónico-decorativos para efeitos do suporte das edificações mas também a planta de algumas (muitas) dessas edificações.

link do postPor primaluce, às 18:00  comentar

18.5.18

PODIA SER MAS NÃO É...

 

Sim, a frase seguinte de Rudolph Arnheim podia ser um slogan; uma maneira de chamar alunos para Cursos Inovadores de uma qualquer escola de Design:

"Thinking calls for images and images contain thought. Therefore the visual arts are a homeground of visual thinking..."

Como aliás o mostram as duas imagens seguintes, feitas ambas para traduzir conceitos essenciais (dogmas - como se dizia frequentemente) do Cristianismo.

No primeiro caso a imagem foi obtida em Jacques Dalarun (ver: https://primaluce.blogs.sapo.pt/podia-ser-mas-nao-e-421538)

P1010070-credo e y-c.jpg

E no segundo caso, cujo esquema é equivalente ao da 1ª imagem - mas estando depurada de outras informações visuais tendo ficado apenas o Diagrama essencial; a imagem seguinte veio de Edward Norman, do seu livro - The Roman Catholic Church, Thames and Hudson, Londres 2007, p. 36. Como está na legenda a) serviu para esquematizar o Credo de Atanásio; e b) deriva de um manuscrito do século XIII (provavelmente o mesmo que está acima?).

CredoCristão.jpg

E se "Podia ser mas não é", como se escreveu no título; ou seja, se a frase de Rudolph Arnheim não é ainda levada a sério, como o são outras disciplinas e outras práticas, é porque a Arte está ainda muito longe de ser (bem) percebida. Não tanto a Arte Contemporânea, mas sobretudo a Arte mais antiga: que nasceu como uma escrita e ligada ao Pensamento.

Enfim, porque a Arte (e muitos dos seus estudiosos) também continua longe de perceber a enorme vantagem de se auto-conhecer, num contexto de Neuro-ciências*.

Portantto fortemente ligada à Linguística e à Semiologia

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*Temos vários posts sobre o assunto. Em geral com o apoio de textos (e o que compreendemos deles...) de António Damásio. Usem a tag António Damásio e vão encontrar

 

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Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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