A série de imagens seguintes foi encontrada na Internet, quando procurávamos o texto do Quicunque.
Ora o Quicunque é um Credo - o Símbolo máximo da Fé Cristã e da Igreja Católica -, que ainda hoje é também conhecido como Credo de Atanásio.
Por estranho que possa parecer, ou porque geralmente muitos somos pouco informados (sobre a Fé que professamos), houve diferentes fórmulas para o que é o Símbolo de Niceia-Constantinopla, que começou por ser o Símbolo dos Apóstolos, reunidos no Cenáculo (na Festa de Pentecostes que a Igreja celebrou ontem).
Esta matéria é imensa e foi inclusivamente objecto das maiores controvérsias, querelas e divisões dentro da Igreja, e portanto de toda a Europa.
Por exemplo o imperador Carlos Magno (m. séc. IX), que hoje é normalmente visto como um político - mas também antes dele concretamente o imperador Constantino (m. séc. IV) - pode-se dizer que ambos interferiram na redacção do Credo que é recitado e proclamado nas igrejas.
E pode ser ainda interessante saber que alguns dos Concílios em que estas matérias foram, razoavelmente debatidas, para além dos locais mais conhecidos como Niceia, Constantinopla, alguns ocorreram na Pens. Ibérica, em Toledo, na Basílica de Santa Leocádia (desde o Iº Concílio no ano 400, até à conversão de Recaredo I em 589).
A palavra latina que deu origem ao nome "Quicunque" significa "Aquele que", e é usada no início dessa fórmula, que pretende definir - mas também separar e unir -, cada uma das pessoas (ou hipóstases) trinitárias.
Há quem refira que as imensas subtilezas (linguísticas) dos teólogos cristãos medievais obrigaram, frequentemente, ao uso das imagens (e da Geometria que é a regra ou a gramática das imagens) para fixar e distinguir algumas das ideias e proposições contidas nas proclamações de fé, e concretamente no Credo.
Quem ler atentamente o referido texto pode reparar que o mesmo terá sido redigido com base em Imagens (como as que se seguem), e que por isso essas mesmas Imagens - que foram Esquemas ou Diagramas (de ideias) - também representaram um resumo da Fé.
Foi como tal, i. e., como fórmulas curtíssimas (ou súmulas visuais), que os referidos diagramas se tornaram naquilo que hoje muitos chamamos sinais ou símbolos.
A sua passagem e emprego nos Escudos não nos deve admirar, pois muitos lutaram pelas ideias em que acreditavam, fazendo dessas ideias, a sua própria força.
No nosso caso, e porque a questão projectual da arquitectura sempre se colocou (como uma grande interrogação, que várias vezes nos ocorreu: "De onde saíram as formas que aparecem na arquitectura antiga e tradicional?); assim, para nós particularmente, foi muito interessante um dia ter percebido*, que nalgumas igrejas a sua planta (ou partes dela, assim como outros elementos considerados construtivos/decorativos) estava o diagrama do Credo de Atanásio, ou Quicunque**.
Note-se que cada uma das imagens seguintes é acompanhada do link respectivo (ou do site onde foi obtida):

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Shield-Trinity-Scutum-Fidei-compact.svg

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:PetrusPictaviensis_CottonFaustinaBVII-folio42v_ScutumFidei_early13thc.jpg

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Tetragrammaton-Trinity-diagram-12thC.jpg

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Trinity_knight_shield.jpg

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Shield-Trinity-Scutum-Fidei-variations.svg

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Shield-Trinity-Scutum-Fidei-earliest-and-latest-major-variants.svg

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Harleian_Ms2169_St_Mihell_arms_colorized.gif

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Wernigeroder_Wappenbuch_010.jpg

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Trinity_triangle_(Shield_of_Trinity_diagram)_1896.jpg

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Trinidad-Anglican-Episcopal-Coat-of-Arms.svg

https://en.wikipedia.org/wiki/Shield_of_the_Trinity#/media/File:Trinity-Parish-Jersey-Coat-of-Arms.svg
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*De facto, dizer que foi interessante é sempre pouco... Pois foi um imenso fascínio, uma enorme emoção:
Um dia, na nossa mente abriu-se uma porta, que nunca mais, em todos os outros dias, não mais se fechou! Por isso, temos escrito repetidamente sobre esta questão que é, não apenas para nós, mas para toda a História da Cultura do Ocidente, uma alteração essencial de visão e de perspectiva.
Do modo como nasceram e passaram a todas as Artes (mas em especial à Arquitectura) muitos dos vocábulos formais alguns ainda agora empregues.
É que quando vários dos investigadores referem as propriedades e em particular a resistência mecânica de algumas dessas «morfologias», estão muito longe de saber que as características que levaram ao seu emprego foram sempre, e prioritariamente - antes de serem adaptadas ao suporte -, de ordem semântica.
**E - como dizemos (sendo até agora, que saibamos, a única pessoa a defender esta ideia) - a maioria das formas abstractas da arquitectura antiga, em geral, foram originadas deste modo. Quer detalhes arquitectónico-decorativos para efeitos do suporte das edificações mas também a planta de algumas (muitas) dessas edificações.