Já aqui escrevemos, muitas vezes, sobre uma iconologia específica - ou, entenda-se, de vários sinais da iconografia cristã (aplicados na arquitectura), - que eram sinais de nobreza, marcantes da(s) Domus (ou arquitectura doméstica nobre).
Mas para a frase em latim que está no titulo de hoje a explicação pode (re)ler-se indo por aqui.
É que nas sociedades europeias, antigas e tradicionais, apesar da estarem em diferentes regiões geográficas, e de ter havido várias fracturas religiosas marcantes, no entanto tudo esteve ligado, sob uma lógica divina: é que a não-existência de Deus, que para muitos (ou quase todos?) hoje é banal, era então inconcebível.
E os nobres pertenciam a um grupo, ou categoria/classe, que era como que sagrada:
A nobreza existia (ou vinha de) em Deus;
O Direito (de julgar) que os Reis exerciam provinha de Deus;
Era portanto através de sinais específicos que a nobreza de uma Casa (ou família/linhagem) ficava assinalada na Arquitectura (*).
E se houvesse dúvidas, havia/houve quem o lembrasse. Concretamente Sebastiano Serlio escreveu-o com toda a clareza (como aliás já citámos em Iconoteologia):
“... and through them the nobility of that house was expressed. The man who had no statues, not being of the nobility, was called ‘a son of the soil, born from himself’. After that instead of statues they began to use coats of arms, which were similarly awarded to the captains of armies and princes, as had once been done with the statues.” (…)
Por fim, e porque Serlio (se lerem com atenção percebem-no) também se referiu a um German work; esse trabalho de cariz mais marcado, germânico - de que S. Serlio escreveu (e note-se estamos a fazer uma citação de um trabalho que foi publicado em Paris em 1547, 30 anos depois de Lutero ter postado as suas 95 teses em 1517 - ver post anterior).
Enfim, essa característica mais germânica (que alguns «sentem» desde Carlos Magno, fundador do Sacro Império) foi depois instilada, propositadamente, na Arquitectura que até agora tem sido chamada Revivalista. Em geral também a do Norte da Europa: dos países que aderiram ao Protestantismo, e à Reforma que Lutero desencadeou.
~~~~~~~~~~~~~~~~
(*) O que é incrivelmente visível, e muito notório, na parte mais antiga da cidade de Portalegre:
A cidade dos 6 ou 7 conventos (?), mas também a que é das Pedras d'Armas e dos Portais Armoriados.