Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
15.6.17

 

A Quilha da Arca de Noé

 

Assunto que há uns bons anos afligiu, muito, uma orientadora, pois não queria que na nossa tese houvesse algum equívoco relativamente ao que ela já tinha escrito, sobre o que lhe pareceria uma tonteria*, dos viajantes ingleses (?), nas suas demandas, no século XVIII, "Em torno das origens do Gótico".

Assim, e como Maria João Baptista Neto aprecia especialmente a língua inglesa, aqui lhe deixamos um excerto (da autoria de Grover Zinn) sobre a referida, e tão enigmática, "Keel".

 

"The keel of the ark is prominently indicated by a line running from the bow to the stern. Along this line Hugh inscribes the human genealogy of Christ, beginning with Adam, and the spiritual filiation of the Bishops of Rome, beginning with Peter and ending with Honorius II. Christ is represented by the small square which rests in the center of the drawing and consequently at the mid-point of the timeline. Thus the passage of time from the Creation to the present (and into the future to the eschaton) is marked on the keel of the ark.18 The twelve patriarchs and twelve apostles are singled out for special recognition; each group of twelve men is portrayed by a line of twelve small "icons," as Hugh calls them, extended across the width of the ark. Here the focus is clearly eschatological; Hugh describes their appearance as being "like the senate (senatus) of the city of God."19"

 

Também porque (não vá o diabo tecê-las?, já que a dita Professora tende para o plágio, sem a pinga de um sentido de honra que em geral respeitamos), aquilo que nós lemos e portanto deduzimos dos desenhos e dos registos (que incluem palavras) atribuídos a Hugo de S. Victor, integrantes do Libellus de formatione arche, e do Didascalicon - ou, resumidamente, naquilo a que tivemos acesso e podemos compreender -; para nós, e escrito por nós em português, a peça que é a Quilha da Arca de Noé, dá/dava estrutura, consistente, à Igreja**. Mas era/foi, enquanto alegoria, muito mais rica, do que aquilo que Grover Zinn (pelo menos no texto acima) dá a entender.

Por isso, pela nossa ideia que é «mais inclusiva», também devemos deixar aqui registadas várias perguntas:

 

1. Será a nossa fé, ou ainda um imenso entusiasmo que este tema suscita, que nos leva a fazer uma exegése bastante mais ampla?

 

2. A considerar que a Quilha desenhada por Hugo de S, Victor no seu Tratado, e os nomes que integra, pretendeu ser, também, muito ecuménica: i. e., definidora de uma Igreja mais universal, do que a ideia que temos da Fé e dos vários comportamentos a ela associados, que hoje a História ensina como tendo sido caracteristicos da Idade Média?

 

3. Quando Hugo de S. Victor associa a Igreja à Sabedoria (colocando a instituição Igreja primeiro, e os espaços de cada igreja-edifício, ou a assembleia local dos crentes, depois...), não está também a associar a dita Quilha - ou seja o elemento do barco, essencial (que tem que ser resistente para cortar a àgua) - a uma Sagesse? Ao Saber/Conhecimento que preconiza como a base, e a linha essencial por que se deve guiar uma instituição que pretende "levar a humanidade a Deus"?

 

 

As imagens a seguir (reproduções de um Tratado que se supunha ser apenas de Teologia, para contemplar o próprio manuscrito), como defendemos essas imagens tiveram propósitos arquitectónicos: ou seja, foram um desenho para obra (ideia nossa). Como Patrice Sicard estudou, e escreveu, foram repetidas dezenas ou centenas de vezes, constando nos arquivos de muitas catedrais.  Mas, é sempre a mesma, partindo-se do geral - a página de um livro, para o particular, que se assinalou, a amarelo, para os leitores. A linha mais longa, longitudinal, seria a Quilha (visto que toda a Igreja era a Arca de Noé). No seu centro, de acordo com os desenhos - mas que nem sempre terá sido edificado assim (havendo transeptos) - , estaria o cruzeiro.

(legenda)

 

*"Tonteria" que alguns estudiosos, teólogos vaticanistas, como por exemplo M.-D. Chenu, Henri De Lubac, e outros, mostram ter sido um gosto especial, ou preferência, que a imensa fé dos Cristãos da Idade Média sentiam por analogias. Por metáforas e alegorias, que criavam umas sobre as outras, levando a que alguns destes teólogos cheguem mesmo a referir (parecer) haver uma certa infantilidade nas muitas analogias e associações que foram estabelecidas.Tantas, dizemos agora nós, que criaram uma imensa polissemia, que, particularmente, nos dificultou a vida, e a necessidade que tínhamos de organizar um Glossário Visual, que seria (depois), um ajudante precioso para se entenderem as obras de Arte (das Artes Visuais), e as ideias que as mesmas pretenderam sintetizar. Glossário que anda connosco, e que, talvez felizmente (?) ainda não se pôs no papel....

**Dava-lhe tempo, antiguidade (ancestral), associava-lhe as qualidades, os méritos, os valores, que até à data em que Hugo escreveu o Libellus - desde Adão, até ao Papa seu contemporâneo - todos esses grandes homens contribuíram para aquilo que a Igreja (a instituição) se tornou. Mais uma alegoria à estrutura, como Mary Carruthers explicou, tendo por base uma frase de S. Paulo.

 

NOTA: Tal como o leitor, gostaríamos de ter uma melhor paginação, a facilitar a leitura. Acontece que a nossa agenda, nem sempre permite chegar a tal desiderato. Façam como nós, não desistam do que um dia se pode vir a concretizar.

Mais importante para já, é mostrar aos que nos visitam o muito que existe e tem sido silenciado. Segundo o sapo statistics são muitas as visitas, até de outros continentes...

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12.6.17

Que nos vem lembrar situações pelas quais já passámos, estudos que silenciaram, ou

...posts que já escrevemos?

 

E será que esse alguém já leu sobre "faith-based styles"...?

Fica uma referência

 

É que nós já lemos, sim, em Robert Adam - o arquitecto nosso contemporâneo. Um autor que teve força (tempo e várias outras condições...) para poder colocar a questão publicamente. Mas, nós sabemos*, que um dia vai-se poder ir bastante mais longe.

Vai se poder distinguir, por regiões (geográficas) - e não com a «universalidade» com que a história da arte ainda hoje o regista -, o como e o porquê do emprego das formas, ou os sinais abstractos que integram as «diferentes variantes» dos referidos ("faith-based") estilos arquitectónicos. Da Europa, Médio Oriente e Oriente, também das colónias, onde o Cristianismo, mas também as suas «divisões», chegaram:

É exemplo (notório) o caso do Arco Ultrapassado, que segundo defendemos nasceu associado ao Per Filium. Informação que se deduz facilmente (?!) de muitos dos vários escritos sobre a Iberia medieval. E, mais concretamente, dos de Vergílio Correia no que registou no Iº vol. da História de Portugal (dita) de Barcelos: Quinta Parte, Arte Visigótica. Quando explica que há/houve arcos diferentes, mais ou menos fechados, segundo a sua projecção no diâmetro do círculo que os originou.

Mas tudo isto são linguagens visuais: provindas directamente do Pensamento ou de Mentes que pensam com base em imagens, assunto em que um dia as Neurociências hão-de querer trabalhar, com a Arte, num qualquer curso de Design - especializadíssimo!

Do qual, uns e outros vão querer tirar muita fama, muito proveito, e, principalmente, fazer a máxima publicidade que lhes for possível. Dizendo-se os melhores dos melhores...

Já que, no oposto, nos tempos em que ainda vivemos, ser mulher é ser «onda» (ou quiçá, tumulto, e dos piores?). Uma ideia muito sui generis que - OBVIAMENTE - não confere competência, a uma qualquer mulher, para poder ser clarividente ou perspicaz!**

 

E repete-se (a seguir) a colocação de uma imagem que é, para nós - que pensamos com desenhos e neles nos apoiamos - para ganhar a vida, ou um salário no fim do mês! -, uma das imagens mais falantes que conhecemos...

Imagem que, de imediato, recorda uma frase de Salomão. É a autêntica mnemónica, capaz de estabelecer uma correspondência directa entre essa asserção e o desenho. Frase que foi uma prece, emocionada, dirigida a Iahweh, ao reconhecer a pequenez do templo que acabava de construir (se comparado com a grandeza de deus). 

PortaeCaeli.jpg

 

 

*Fernando António Baptista Pereira também sabe, aliás disse-nos (mas depois calou-se, será que se arrependeu...?) que na Rússia viajou ao centro do Per Filium. Tinha inclusivamente fotografias que, na altura prometeu, iria disponibilizar para entrarem no nosso trabalho. Só que, também disse depois, que se tinham «esfarrapado», porque foram apagadas e outras lhes foram sobrepostas. "Azarucho nosso"... claro, que temos horror a tudo o que nos parece, ou aparece, demasiado esfarrapado!

**Tema que lembra uma  especialista (mulher) que Grover Zinn tantas vezes cita.

Também o Papa Francisco, e a sua ideia de que a Igreja precisa de teólogos (especificamente mulheres).

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5.6.17

de que acabámos de ler: indo por aqui

 

Por... 1- ser assunto que há uns anos nos passou a interessar

2- porque tudo podia ser mais simples se absorvessemos o conhecimento, sabedoria ou a sageza que a história, cheia de lições, pode dar.

3 - porque o saber não ocupa lugar

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4.6.17

Não foi por acaso que fizemos este blog. 

Já se escreveu, talvez um número incontável de vezes?! Mas há que insistir, tentar enfatizar a importância da escolha da palavra Iconoteologia. Que o Pe. Eugénio Marino (m.03.12.2011) primeiro designou Icono-Teologia, para se referir a uma série de obras cristãs (ou repletas de elementos participantes da Iconografia Cristã).

Palavra que de imediato entendemos e por isso preferimos a contracção ICONOTEOLOGIA. Porque tem tudo: a referência à imagem - que faz/fez as artes visuais; a referência à Teologia, o património imaterial (e material) que sustenta ou justifica, vários séculos ou até 1 milénio da Arte Ocidental 

Para Dana Arnold e a sua preocupação de que a História da Arte não é somatório de biografias já nós chamámos a atenção, aqui e em Primaluce.

Já lhe dedicámos vários posts, e lemos alguns trabalhos, sobretudo este, tão simples, tão claro, tão útil.

HA-compreenderDanaArnold.jpg

(legenda)

É verdade que haverá sempre tradicionalistas e retardatários, presos ao que aprenderam primeiro, e incapazes de se soltarem dessas suas velhas amarras. Mas, no mundo novo em que estamos, ser flexível e capaz de perceber a mudança, é essencial.

Oiçam a própria a explicar (em 4 minutos) o essencial da sua Art History: A Very Short Introduction:

https://www.facebook.com/VeryShortIntroductions/videos/vb.460338483986057/1242388259114405/?type=2&theater

 

 

 

 

 

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Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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