Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
25.2.17

Mais, podemos até demonstrar que é praticamente infindável.

Neste caso, numa obra de pintura.

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23.2.17

Já citámos (talvez mais do que uma vez?) esta frase de Copérnico, na carta que dirigiu ao Papa Paulo III:

 

“…nevertheless I knew that others before me had been granted the freedom to imagine any circles whatever for the purpose of explaining the heavenly phenomena…”

 

Ora os “any circles” a que se refere seriam as órbitas dos planetas como consta no trabalho que escreveu De revolutionibus orbium coelestium* feito – como é sabido - para demonstrar que era o Sol e não a Terra que estava no Centro do Universo.

 

Depois, acrescenta “whatever for the purpose”, que traduzimos como: para qualquer que fosse o propósito; e por fim – “explaining the heavenly phenomena.” E esses fenómenos dos Céus a que Copérnico se refere, de acordo com uma mentalidade antiga, e depois medieval (o que se pode ver na Hierarquia Celeste do designado Pseudo Dionísio, o Areopagita), era Deus, ou o Divino, como alguns diziam.

 

Acontece que este extracto de Copérnico nos serve para introduzir o que, mais uma vez se explica sobre a representação de Deus – que é a Trindade (Cristã) - com recurso a círculos. 

Mas aqui, desta vez vamos preceder a nossa explicação de uma analogia, como é aliás muitíssimo comum fazer quando se pretende ensinar.

Servimo-nos «da estrutura»** de vários esquemas apresentados há dias no jornal Expresso (4.02.2017), feitos para sintetizar o que pode vir a ser a evolução da solução governativa actualmente vigente em Portugal.

Estes esquemas (visuais) feitos à base de círculos, partiram da consideração da existência de 3 entidades, as quais são mais distintas (ou independentes e separáveis) dentro da Assembleia da República, do que no Governo. Já que aí se fundem nos seus propósitos (para darem todo o apoio às soluções governativas). Como sabemos as referidas entidades são os partidos políticos (que foram representados, ou substituídos por círculos):

  1. Partido Socialista (PS) – círculo maior
  2. Partido Comunista (PCP) - círculo menor
  3. Bloco de Esquerda (BE) - círculo menor

Segundo os «prognósticos» do Expresso, as tais 3 entidades (acima), de acordo com os seus verdadeiros interesses, no futuro podem vir a conseguir equilibrarem-se, ou a desentenderem-se, segundo 4 maneiras diferentes:

1ª - “Esquerda (que são os 3 partidos) estica mas não parte… “. É a ideia contida no esquema seguinte:

esquemas-circulos1.jpg

2ª “O Diabo mata a geringonça”, e continuam a ser palavras do jornal Expresso (ideia que se traduz nos círculos separados…):

 

esquemas-circulos2.jpg

Na 3ª hipótese: “Costa para Marcelo estou bloqueado” – e idem, continuamos a citar o Expresso do dia 4 de Fev. de 2017, e a repetir os esquemas aí usados:

 

esquemas-circulos3.jpg

Por fim, na 4ª hipótese: “Um parceiro descola num OE”. Idem aspas,  é uma opção do autor do artigo, que o ilustrador ao serviço do jornal entendeu representar na versão visual seguinte:

esquemas-circulos4.jpg

Ora tudo isto estava na página 10, como já se disse, do jornal Expresso do passado dia 4 de Fevereiro. Há 2/3 semanas!

Poderíamos começar por perguntar se os reitores, os presidentes ou os directores de alguma escola de design terão visto estes esquemas?

 

E se os viram, se repararam na respectiva expressividade?

E ainda, se terão eventualmente reparado que se tratam de círculos a colaborar numa mais clara transmissão de ideias? [Como fazem os caracteres alfabéticos, da escrita, que lemos e ouvimos, num processo que é primeiro fonético, e só depois se transforma em ideias].  

 

Ou será que os reitores, presidentes e directores dessas escolas, criticaram a escolha dessa forma (os círculos das «órbitas ptolemaicas»), e em alternativa terão achado que uns quadrados, elipses, ou triângulos seriam bem mais convenientes *** e adequados, para transmitir as ditas ideias? Já que os governos são ou podem ser quadrados; os governantes também, pois sentam-se em cadeiras rectangulares e trapezoidais. Vêem ecrãs quadrados e rectangulares, e como todos escrevem em folhas A4. Estão ainda em gabinetes rectangulares, ou, no suposto semicírculo (e este será rigoroso?) que é a Sala da Assembleia da República em S. Bento.

esquemas-circulos5.bmp

Deixando a ironia avança-se na analogia.

Pode parecer demasiado prosaica, mas na verdade para explicar «as coisas do Céu», e de Deus, foram sempre muitas as metáforas e as analogias (como por exemplo até as asas e as nuvens, eram usadas antes dos círculos).

Em geral, na Arte chamam-lhes alusões, alegorias, símbolos, imagens, etc., etc. Que substituem, ou se correspondem, nem sempre univocamente (como a matemática e a filosofia ensinam o que isso é), a outras realidades que se querem designar. Pior, a Arte está repleta de Polissemias, que muitas vezes dificultam o seu entendimento, e levaram até, a que muitos estudiosos e investigadores achem que se tratam de segredos! Mas esse seria um tema quase infindável (pano para mangas, e muitas outras ocasiões)...

 

Assim, e para encurtar, que nos lembremos, de todas as metáforas a mais poderosa, talvez também a mais «realista»?, para explicar e dar a conhecer Deus - e portanto a que nunca foi ainda abandonada - tem sido a LUZ. Tornada imagem de Deus, e muitas vezes ainda agora associada ao BIG-BANG que se admite, e questiona, se esteve na origem do Universo?

 

Alguns sabem que a Luz se refere no Credo (cristão), que é Símbolo (e proclamação) da Fé, nestes termos: “… Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro, de Deus verdadeiro… etc.”

Assim, partindo agora destes (já longos) pressupostos - que para cada um de nós são tão simples e inatos, sempre que desenhamos esquemas, com figuras para dar explicações; mas que, apesar desse nível geralmente inconsciente, note-se que quando abordados directa, e especulativamente, eles se tornam muitíssimo complexos.

Assim, partindo das bases acima enunciadas, e tendo alguns conhecimentos da História da Igreja: primeiro da Igreja fundada pelos Apóstolos (de Cristo), e depois das várias outras que por cisões veio a originar. Sabendo inclusivamente das muitas ideias diferentes (algumas consideradas heresias), surgidas em torno da Trindade; ou, como dizemos, até da sua organicidade interna, que alguns chamam Pericorese, e a que S. Tomás chamou Circuminsessão (em inglês circumincession ou circuminsession). Estando nós mais ou menos alertados para esta temática (amplíssima), no nosso caso aconteceu-nos, a partir de 2002 (e dos estudos de um mestrado dedicado ao palácio de Monserrate), apercebermo-nos da imensa importância do Pensamento Visual (e da Geometria - que é a sua base) para a formulação de toda uma série de ideias sobre Deus e a Trindade. Enfim, para explicitar o Deus Uno e Trino do Cristianismo.

 

E do ponto de vista das necessárias provas (históricas) de que isto aconteceu, para nós, uma dessas melhores provas - ou a evidência deste modo de pensar (já chamado Visual Thinking, por Rudolph Arnheim); claro que agora já não é o jornal Expresso de há 15 dias, mas sim os Círculos Trinitários - que Joaquín de Fiore chamou Figurae, e os incluiu no seu trabalho que designou Liber Figurarum

 

Esse Cisterciense da Calábria, que hoje a Igreja venera como Beato, teve, no entanto, vários seguidores, que ao longo dos tempos têm sido considerados bem menos heterodoxos. É que eles acrescentaram muita confusão, num tema que além de abstracto é passível das mais variadas interpretações. E a Igreja de hoje, talvez mais ecuménica e muito menos dogmática (?), pode chamar-lhes exegeses, sentindo-se enriquecida por essas leituras e interpretações diferentes...  

 

Como já se apresentou (noutros posts), o dito abade cisterciense serviu-se de uma figura que terá elaborado cuidadosamente (a ver aqui) – onde é nítida a preocupação de fazer entrelaçados entre os (3) diferentes círculos, para conseguir traduzir a unidade e a comunidade, entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Embora ainda, e como mostra essa figura, com alguma margem de distinção (entre cada uma das pessoas trinitárias).

 

Assim, continuamos – e continuaremos a afirmar (e a fazer todos os possíveis) – para que se perceba que foi destes esquemas que nasceram muitas (ou talvez a maioria?) das formas abstractas da arquitectura antiga e tradicional. Desde a forma das plantas das edificações – i. e., o desenho da implantação de muitos edifícios, sobretudo o das igrejas, mas também alguns detalhes dos alçados e dos ornamentos.

 

E se isto – todo este tema que é absolutamente apaixonante, relativo à comunicação visual e à sua passagem à tridimensionalidade (na arquitectura) - não interessa à que se auto-afirma como a melhor Escola de Design em Portugal. E se nem interessa, também, ao Departamento de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa. Se, definitivamente, estas instituições a que estamos vinculados (também a FBAUL), se elas continuam na sua teimosia ignorante, então, sobre Ciência, qualidade da investigação e Progresso Científico, estamos todos conversados:

 

É esta a nossa maior pobreza …

 

E atenção que não se está aqui a discutir a existência de Deus, já que isso é do foro de cada um, e do que lhe foi revelado (Tomás de Aquino). O que temos vindo a tratar é de HISTÓRIA:

 

A do pensamento e das ideias dos homens. As que os humanos reverteram para imagens que se podem ver, quer «ao virar da esquina» (como Thanks God fez o jornal Expresso, facilitando-nos a vida), quer em manuscritos antigos: que quando se procuram eles logo aparecem.

Liber_Figurarum_Libro_de_las_Figuras_Tabla_XIb_Có

Note-se - para quem o conheceu e se possa interessar por um tema que é extremamente difícil - o Dr. António Quadros escreveu sobre isto.

 ~~~~~~~~~~~~~~

*Traduzido para inglês como On the Revolutions of the Heavenly Spheres, o que se pode ler aqui

**Dizemos estrutura porque os desenhos que se apresentam agora são nossos: usando as mesmas imagens com meios mais simples e menos tempo.

***Conveniente (no sentido de decoro, decoroso) como Vitrúvio escreveu e M. Justino Maciel explica (a todos os quiserem compreender!).

O post de hoje completa os anteriores que, tristemente, estavam sem imagens. De futuro (logo que possível) vamos recolher plantas de igrejas que nascem de círculos e alçados com rosáceas, janelas, guardas, grades, torres sineiras, que prolongam ad aeternum, sempre, essa mesma escrita, feita com os mesmos vocábulos e as suas «reuniões» que tiveram significados mais específicos!

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18.2.17

Sobre esta frase de Copérnico na carta que dirigiu ao Papa Paulo III - “…nevertheless I knew that others before me had been granted the freedom to imagine any circles whatever for the purpose of explaining the heavenly phenomena…”, vamos continuar a expor as nossas teorias sobre a génese de várias formas arquitectónicas.

Será um post longo, está prometido, mas com a máxima qualidade que vamos tentar imprimir-lhe.

E a terminar com uma das mais célebres Figurae de Joachim de Fiore

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15.2.17

Aos 38-40 minutos deste filme (https://www.youtube.com/watch?v=gXHKtLjGM2M), oiçam bem a explicação de Domingos Tavares, sobre a cúpula de S. Lorenzo de Turim. A qual (explicação), para nós «não cola». De todo!

Refere a Mesquita de Córdova como um modelo ou exemplo possível; ou ainda: “...uma coisa destas (...) na Arménia...?"

E a sua exposição continua:

“Ah! O homem - o Teatino chamado Guarino Guarini - andou também pela Arménia? (…) E, portanto, não é uma questão de ter ido ver e copiar… É que há uma lógica do Pensamento Matemático que produz soluções que em determinado momento são semelhantes. Isto é (…) que geram atitudes finais/formais que são análogas (…) E então, não é de espantar que o pensamento dos Geómetras que trabalharam na Mesquita de Córdova, (…) tenham desenvolvido (...) para criar soluções estruturais em altura, tenham gerado soluções deste tipo”.

E então, logo de seguida, rodando sobre si, Domingos Tavares, exactamente depois destas explicações,  vira-se para o ecrã - onde estão a ser projectados os slides da sua conferência -, e lá está, a mais do que fascinante cúpula barroca, que foi inventada-criada por Guarino Guarini*.

Note-se que os nossos sublinhados (acima) referem-se à parte em que discordamos totalmente do Professor Arquitecto portuense. É que se um dia olhar bem para vários ideogramas medievais (no nosso livro sobre Monserrate, há um na p. 272) então compreenderá que a sua explicação, como a deu - "uma lógica do Pensamento Matemático que produz soluções(...) finais/formais que são análogas"  - é algo comparavel a uma abreviatura daquilo que de facto aconteceu.

Daqui lhe dizemos, se compreender a passagem das imagens planas para a tridimensionalidade, então perceberá porque é que na Arménia, em Espanha, e também em representações planas, em Portugal (túmulos de Alcobaça) pode encontrar as mesmas configurações.

~~~~~~~~~~~~~~~

*Sabemos que a nossa transcrição do verbal para a escrita não está perfeita, mas anda lá, bastante perto. Bonita e interessantíssima, apesar de, em nossa opinião, incompleta e imperfeira, é toda a explicação de Domingos Tavares. Por todo o seu trabalho, merece elogio: os nossos parabéns.

Ver ainda outros posts: http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/73286.html ; http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/52402.html ; http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/alguem-que-nos-ensinou-muito-66405

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12.2.17

No post anterior referimos os Ideogramas Medievais, por sabermos como no Renascimento, e depois no Barroco, muitas das formas antiquíssimas do cristianismo voltaram a ser empregues.

E se na Idade Média, os edifícios foram caixas, como escreveu L.Battista Alberti, alguns com a forma desses ideogramas, ou onde essas mesmas formas foram inseridas - como ornamentos; se..., já no período renascentista (tardio), e no tempo do barroco, nessa época o enorme desafio para os criadores arquitectos (ou architectores, como foram chamados) passou a ser o de conferir tridimensionalidade a formas que nasceram apenas no plano.

Como já mostrámos em Monserrate uma Nova História (ver figuras na p. 272), e em vários posts dos nossos blogs, um dos melhores exemplos (que conhecemos) desta operação de transformação do desenho em volumetria, é uma obra de Guarino Guarini. Mais concretamente o caso do tecto e cúpula de S. Lorenzo de Turim.

Consideramo-lo fascinante, pelo que se aconselha a que procurem imagens melhores do que aquelas que integrámos no nosso trabalho.

Finalmente se quiserem conhecer alguns óptimos exemplos de ornamentos medievais, nascidos de ideogramas (e outras formas nascidas no seio do cristianidsmo, sempre em evolução), aconselhamos este que é talvez um dos melhores sites dedicado a esta temática.

Formas que, nalguns exemplos - mais geométricos e repetitivos - ainda hoje se podem ver em obras modernistas. Porque razão? Algum dia saberemos?

 

 

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9.2.17

Da qual devemos dizer que aparenta, de facto, ser uma elipse. E não uma imagem composta de vários arcos de circulo: i. e., uma oval.

SIPAImage.aspx-Clérigos-Porto.jpg

Este desenho pertence ao site do SIPA de onde foi extraída. Obrigada.

Em breve ovais e elipses serão de novo abordadas, em várias igrejas, incluindo talvez (?) obras de Guarino Guarini. Que foi mestre, exímio e admirável, no tratamento geométrico de Ideogramas Medievais, a que conseguiu acrescentar a tridimensionalidade. Porém, uma tridimensionalidade e edificações (no sentido tropológico) que são caracteristicas do Barroco. 

E, para quem o entendesse, entrar numa igreja, e sentir-se, dentro do que foi uma ideia simples posta em desenho - para exprimir uma noção ou a ideia de total afinidade cultual/cultural. Ideia que séculos mais tarde, trabalhada depois arquitectonicamente, iria traduzir um sentido de pertença, ou de inclusão: a de quem comunga dessa mesma Ideia. Claro que para quem compreender (ou o compreendesse no passado) todo este elaborado processo mental, de uma significância extra (e extrema); claro que para esses, tais obras são de uma enorme beleza!

Pois muito mais do que as formas que se vêem, que poderão estar muito bem construídas e perfeitamente acabadas: com luz e cor igualmente bonitas; é todo o imenso sentido que essas mesmas formas carregam, o que lhes dá o maior valor:

ou seja, confere uma muito maior beleza!

Sobre este tema ver também aqui, ou todo o blog

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8.2.17

Sim, é o que consta no site do SIPA: "Igreja Barroca de Planta Elíptica..." como podem ler aqui.

De tudo o que fomos estudando para o que seria a nossa tese de Doutoramento - aquela de que Fernando António Baptista Pereira entendeu dizer (5 ou 6 anos depois de se ter começado a trabalhar, e o que sempre dissemos iria ser um percurso à vol d'oiseau); de tudo isso que estudámos, pudemos perceber a influência quer da Cosmologia (antiga), quer da Teologia (cristã), para a formulação do desenho arquitectónico.

Se quiserem, em termos de hoje, para o design final: a cara: a aparência que as obras iriam apresentar, aos que as iriam olhar e ver.    

De tudo o que estudamos e percorremos pudemos ter a certeza de que nunca nada era deixado ao acaso! Os mínimos detalhes eram sempre estudados para serem concordantes com as ideias que se queriam passar.

Mas também, com os novos conhecimentos, que entretanto a Igreja - às vezes muito renitente como é sabido... - entretanto reconhecia. É o caso da Elipse.

Isto é, da forma elíptica que Képler demonstrou ser a forma das Órbitas dos Planetas.

Esta afirmação não começa por ser nossa - vem de um autor com quem muito se aprende George Hersey - mas torna-se num contributo que muito vem enriquecer, dá força e contextualiza, várias (ou muitas) outras das nossas constatações. As mesmas que as «Universidades» entenderam desprezar e não aceitar com lógicas absurdas e retrógradas*. 

Johannes Képler morreu em 1630, as suas ideias rapidamente se espalharam, e em Itália, segundo Hersey a obra de Francesco Borromini - S. Carlo alle Quatro Fontane - já (em 1638) inclui uma elipse. Forma de que Hersey escreve o mesmo que já explicámos, sobre a semelhança com a oval: "The two forms are only roughly identical, however, and not mathematically so."

Sobre as ovais, elas também são muito mais do que isso, e várias obras Barrocas também o demonstram: porque desde muito cedo houve a tradição de dar forma não só aos ornamentos mas também à própria planta da igreja a partir de Ideogramas que significassem Deus. O Deus Uno e Trino, como Joaquim de Flora o interpretou, levou também, muito mais tarde, ao desenho de várias igrejas com plantas compostas de três círculos que se aproximam do desenho das ovais.

Esquema-da-Trindade-segundoJoachim-de-FLORA

Figurae-Joachim_de_Flore.jpg

Só que, nalguns casos, para que essa composição de base fosse mais notória, os próprios tectos têm nervuras que se intersectam, para acentuar e dar mais expressividade ao que a partir das plantas nem todos conseguem ler.   

Para terminar e para quem tem acompanhado as nossas informações**, relativas a uma Historiografia da Arte que alguns teimam em não a querer ver, note-se como vão longe os mais simples ideogramas medievais; note-se como evoluiu o desenho e a complexidade aumentou, inclusive com bases matemáticas, que vão para além da mais simples geometria.

Note-se ainda como já não há uma arquitectura (à maneira medieval) feita de planos todos paralelos e repetidos (que podiam continuar indefinidamente); Note-se, como isto, em que E. Panofsky viu o esboçar da abertura e da perspectiva, é mais do que tudo o retrato da espantosa evolução humana, que a arquitectura sempre plasmou.    

~~~~~~~~~~~~~~

*Entre essas, recusando as nossas metodologias. As de quem sabe, por experiência, o valor do desenho e da geometria para a acomodação das formas que, por serem significantes tinham que estar presentes nas edificações.

**Incluindo-se nessas informações explicações de desenho que normalmente os Historiadores de Arte desconhecem ou desprezam:

http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/42024.html

http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/41511.html

http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/41879.html

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Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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