A este objecto lendário, que, quem sabe, pode ter existido? A ele, e durante mais de 2.000 anos, foram dedicadas inúmeras referências escritas, e estudos. Sobretudo depois de no século XII Hugo de S. Victor ter escrito os Tratados que originaram a Arquitectura Gótica.
Quem já tratou, bastante, sobre este assunto - como sabemos - foi Patrice Sicard, e também Grover Zinn. E pode até acontecer que haja ainda mais estudos, mas, desses outros não nos lembramos, ou não sabemos... (como é o exemplo em nota abaixo**).
Como também, em geral, poucos (ou nenhuns?) saberão daquilo que pensamos dos De archa Noe de HSV (isto é, designados em português - Arca Moral e Arca Mística). Nem mesmo Fernando António Baptista Pereira, que, pelo que nos disse/escreveu pouco ou nada terá lido dos nossos estudos e dos respectivos textos, que produzimos entre 2006 e 2012.
Mas, adiante (e bem longe), porque tristezas não pagam dívidas, e desta burrice asinina há-de a História um dia contar: sobretudo com muito mais detalhes.
Por nós, o facto de conhecermos a nossa profissão, isso deu-nos - face aos De archa Noe - a possibilidade de hoje poder estabelecer analogias com algumas peças projectuais, que ainda agora existem, e se produzem (por serem necessárias); sendo, como se percebe, da máxima premência quer para se poder executar um projecto arquitectónico, quer também depois a obra que esse mesmo projecto preconizou.
Até agora os ditos Tratados têm sido objecto de estudo - integrados na área da Teologia: estudados por vários autores que não são arquitectos (também por Mary Carruthers), sendo que Patrice Sicard apresenta algumas passagens traduzidas para francês e Grover Zinn desde há alguns anos (temos acompanhado, o que é possível), que tem em mãos a tarefa de traduzir os referidos textos (naturalmente para inglês).
A propósito do Palácio de Belém - de que há dias escrevemos, e dos seus tectos (interiores) que consideramos Telhados de Tesouro (exteriormente, ver Orlando Ribeiro e as designações que adopta). É evidente que tudo isto, e muito mais nos ocorreu (incluindo, tal e qual, a dita burrice asinina - responsável pela existência dos nossos blogs***).
Claro que Philibert de L'Orme, de quem tivemos infos por Maria João Baptista Neto, mas também outros autores - que nos fez ver/ler/conhecer - sobretudo (ou regra geral) autores franceses como Mansart, os dois Blondel e andando para trás Androuet du Cerceau et Le Muet. Todos estes autores, basta folhear a bibliografia e ver os projectos que esses 'Architectores' desenharam (e arquitectaram); para se constatar como nos seus telhados estão lá sempre, pelo menos desde HSV e Philibert De L'Orme, - e, decerto muito mais como desiderato (do que como alguma reminiscência que fosse inconsciente); estão lá sempre, repete-se, imagens que começaram por ser descritas no primeiro livro da Bíblia: i. e., no Livro do Génesis.
E este tema que permanece ainda hoje como um imenso enigma sobretudo da Cultura Arquitectónica Francesa, de forma que (mesmo no século XX, supomos?) terá sido inconsciente; apesar de tudo, e desse modo - algo desconhecedor e aparentemente ainda muito mal explicado - este tema continua a lançar vocábulos, ideias e sugestões que se tornam obra edificada: i. e., posta aos olhos de todos, nas construções citadinas.
E talvez até, associando àquilo a que, normalmente, chamamos falante? Neste caso, inconscientemente, sublinha-se, reduzindo-se a temática, pela sua mais simples designação -
"La Grande Arche"!
O que, e mais uma vez que nos desculpem a emoção, mas é impossível não ficar fascinado com a imensa beleza de uma obra que assim «designada» - não desenhada - perpassa (todo) o tempo.
(clic para legendas)
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*Talvez mesmo sem saber porquê?
**No texto que vos deixamos (difícil mas para ser lido - em especial por Fernando António Baptista Pereira, Maria João Baptista Neto e para Vítor Serrão); nele estão mencionados vários outros autores, como é por exemplo Conrad Rudolph, de quem já lemos vários artigos. Mas, quem mais trabalhou nesta área (e por que uma grande parte é em francês, não em latim, assim conseguindo-se mais informações), esse investigador foi Patrice Sicard. Depois, Mary Carruthers, que ao absorver e interpretar algumas destas informações, «encaixa-as» na sua vastíssima sabedoria, devolvendo informações que são de um enorme interesse para compreender as obras de Arte.
***Como é sabido (e nunca nos esqueceremos desta ideia essencial), é de certeza muito mais interessante para qualquer instituição de Ensino Superior - em geral dita «Instituição de Acolhimento» -; é de certeza absoluta muito mais produtivo para essa instituição expulsar os professores e «desacolhê-los», para eles depois, como resposta, poderem estar de fora a denunciar. Não apenas a expulsão, mas sobretudo a ignorância que lastra, alastra, existe e permanece, for ever, nessas mesmas instituições...
É Portugal no seu melhor retrato: é a rentabilidade da Ciência portuguesa: é uma originalíssima gestão de recursos; é o pagar sim, mas, e porque é bom demais, depois a expulsar, dar encontrões, e de todas as maneiras «manietar»...
Ver também http://primaluce.blogs.sapo.pt/164020.html