O post de hoje vem de um texto que felizmente nos informou (e continua a formar), imenso, relativamente à Arquitectura e Arte Antiga.
Sobre Pugin, e do que escreveu, temos a sorte de ter reunido alguma bibliografia sua: a que influenciou Ruskin e William Morris. Também Le Corbusier e vários outros autores que em geral são considerados autores-chave para compreender o Modernismo arquitectónico (i. e., muitas obras do séc. XX).
Porém há relatos de Maria João Baptista Neto, que são bastante melhores do que aquilo que podemos recolher em A. W. N. Pugin. Porque aprofundou as questões, muito honestamente, num contexto em que não lhe seria possível avançar (?), demasiadamente, podendo tirar conclusões...
Quanto a este aspecto, nada despiciente quando se faz investigação, estamos agora menos preocupados com ele, centrando-nos mais nos conteúdos do que escreveu, transcreveu e citou (mas deixando quase tudo na mesma!).
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Deve notar-se no entanto que a autora (MJN) foi ainda mais explícita, do que aquilo que se sublinhou. Na nota ao texto (nº 15) - sobre a actividade dos arquitectos e projectistas que queriam ir mais longe no que consideravam ser mais correcto (de acordo com uma «conveniência formal» que vinha de há milhares de anos, e que se iria reforçar em breve, originando outros conceitos como o de adequação e funcionalismo); a esse texto Maria João Neto acrescentou ainda mais, criticando, o que não terá conseguido ver de outro modo*:
Como o vocabulário arquitectónico tivera na sua base, uma origem linguística, para qual contribuíram, dadas as polissemias dessa mesma «língua», variadíssimas áreas do Saber antigo, outrora unas!
A seguir repare-se por exemplo no excerto, que refere o número 2, sobre a dualidade de Cristo, um tema que se iniciou cedíssimo na história do Cristianismo: com Ário. Ou, refere ainda a Trindade associada ao número de luzes abertas nas paredes e seus vãos**.
Sobre os grupos de estudos escreveu (e citou):
"Rapidamente ganharam implantação e mantinham uma volumosa troca de correspondência com vários sacerdotes que colocavam as mais diversas questões, a propósito da construção ou restauro da sua igreja: seria a agulha essencial na construção de um templo? seria mais correcto a janela ocidental ter duas luzes, simbolizando a natureza dual de Cristo, ou as luzes como símbolo da Santíssima Trindade..." ***
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*O que também nos aconteceu a nós, dada a força com que se instalaram ideias muito erróneas. A par do desconhecimento, crescente, da História. Um fenómeno que deve preocupar todos, em particular os professores, perguntando-se: a enorme diversidade de informação hoje existente, veio para ficar? Apagando a hipótese de se conhecer o passado, e de nos conhecermos a nós mesmos? Inclusive o que vai acontecendo todos os dias, o que parecem histórias não encerradas, e sim retrocessos civilizacionais?
**Correctíssimo: por ser isso que determinava uma maior clareza nas leituras (mnemotécnicas) do desenho arquitectónico. Mas o facto de ter permanecido o termo luz e luzes em vez de janelas, só isso é muito significante...
***Neste caso citando Paul Frankl.