Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
26.9.14

(ou várias), que estão contidas na imagem seguinte, e no seu pormenor, ampliado.

 

E já agora pergunta-se: o que é que esta imagem tem a ver com a Casa das Histórias em Cascais?

Clic na imagem, leia a legenda, onde está a resposta.

Depois, pense porque razão esta é uma imagem apropriada para constar em Iconoteologia?

http://primaluce.blogs.sapo.pt/

http://casamarela.blogs.sapo.pt/

link do postPor primaluce, às 00:00  comentar

7.9.14

 ...Maçonarias, ou os Trabalhos e a Arte dos Pedreiros. Ainda Architectus e Architector.

 

Claro que queremos relacionar, deslindar e ensinar sobre um assunto que é muito vasto e está repleto de preconceitos. Onde as palavras perderam o seu significado inicial, razão porque no fim (de um post que tem a dimensão de um artigo) nos socorremos da opinião de Umberto Eco, muito semelhante ao que nós pensamos.

Também porque vários Motores de Busca nos estão a visitar e a utilizar os conhecimentos que vamos deixando on line.

 

Assim, e entrando no tema, a última palavra - Architector - relaciona-se com o verbo latino arquitectar, como pintor se relaciona com pintar. O agente/sujeito que arquitecta, o que pinta, etc.

Vale a pena lerem o que escreveu Justino Maciel*1 sobre o Architectus, dizendo que significa Carpinteiro Principal. 

Acontece que temos uma ideia diferente (na qual, claramente, podemos estar enganados...), mas que aqui fica por nos permitir compreender o que até agora não parece ter sido entendido:

Em Arche não é o agente sujeito, aquele que constrói, que é o principal; mas Arche ou Archi é sim a construção (a tecton ou a tektura) principal.

Então, recapitulando: Archi + TecturaEdificação Principal. 

O que nos permite prosseguir nesta explicação com uma pergunta: Como se detecta ou descobre num aglomerado de edificações (ou numa aldeia) a Edificação Principal? E ainda, porque é que existe/existem num povoado, uma ou várias Edificações Principais?   

Perguntas que nos encaminham para algumas respostas, possíveis: a Edificação Principal detecta-se e descobre-se pelas suas formas - que são «principais» ou indicadoras do Princeps. 

E a edificação principal existe porque há hierarquias na sociedade, que também as edificações traduzem. Como por exemplo existem no vestuário, descobrindo-se nos trajes de um grupo de pessoas, alguma ordem de importância: 

Ou seja, o equivalente existe também nas construções de um qualquer povoado, o que faz com que haja uma aproximação, que é básica e lógica, entre Antropologia e Arquitectura.

Mais, todos sabemos disso, mas por exemplo autores como George Hersey põem a par (ou consideram sinónimos) os ornamentos de uma construção e os paramentos de um sacerdote.

Normalmente as edificações mais destacadas serão as melhores, tendo inclusive, urbanisticamente, uma posição mais saliente ou específica.

Enfim, a Arquitectura pode ter sido (por extensão) a designação ou a característica atribuída, e consignada, à construção principal.

Melhor, essa construção para se ver que era a principal, recebeu vários sinais decorativos, e os mais convenientes, do que era uma língua visual, que a marcou: como sendo a mais importante do povoado, a principal; ou se quiserem a do Princeps.

Vários sinais que, sabemos hoje, provinham da religião e de Deus: a entidade que conferia o Poder (de origem divina ou sagrada) aos Reis, aos Príncipes, aos Nobres. A entidade em nome da qual agiam e governavam.

E aqui basta ler o que existe sobre Cristo-Rei e ir observar «alguma colagem» que foi feita, dos "reis terrenos" ao Cristo (-Rei) do Novo Testamento.

Agora, voltando atrás e repetindo as mesmas ideias, mas com outras palavras, a Arquitectura era/foi uma língua - com um sistema de sinais devidamente articulados - ligada, directa e intimamente à construção, desde tempos imemoriais.

Da construção que Alveneres e Pedreiros - ou os Fazedores das Alvenarias e das Maçonarias dominavam com os seus saberes (que não eram ocultos, ou de mágicos!). 

Porém, não dominavam pelo lado da linguagem das formas e dos ornamentos, mas pelo lado prático e experimental, dos dimensionamentos capazes de conferirem a resistência estática, a necessária e a adequada, aos paramentos e outros elementos construtivos; em especial aos elementos portantes.

Há aliás uma frase interessantíssima de Eschwege, referida a propósito do Palácio da Pena e de Possidónio da Silva, mais os seus trabalhos de ornamentos (que foi transcrita por Regina Anacleto - que não a percebeu...*2), a qual exemplifica muitíssimo bem, aquilo de que estamos a escrever.

Ou ainda, a maneira como Soufflot precisou de trabalhar com engenheiros na obra de Sainte Geneviève em Paris*3.

Por nós parece que é tempo de entender (e de falar) por exemplo das maçonarias, não apenas como algo de secreto, e só num contexto, e com uma aura de importância vinda de «teorias conspirativas», q.b.

Mas, positivamente, sendo capaz de abordar o tema com muito mais frequência, sobretudo de maneira descomplexada para a Ciência e o Conhecimento poderem avançar.

Para se compreender aquilo que terão sido, de facto, esses construtores (por vezes chamados "Maçons"): isto é, o equivalente aos engenheiros de estruturas dos nossos dias. Os verdadeiros especialistas na resistência e estabilidade das edificações, capazes de trabalharem em colaboração (menos ou mais, como é desejável), e em harmonia com os arquitectos.

Já os Architectores - como terá sido um Villard de Honnecourt, ou também L. B. Alberti?*4 - eram de formação religiosa/teológica. Quiçá, quase certo, os inventores e transformadores (como fazem os designers actuais) de alguns dos Ideogramas, ou os Kala Schemata, de que temos escrito. 

Ou seja, das Iconografias ou imagens que não sendo secretas - pois eram postas diante de todos - mas que tinham formas que apenas os (icono)Teólogos dominavam, na íntegra. Dito por outras palavras, capazes de as saberem dispor e acomodar, quer nas superfícies das construções; quer ainda - e porque assim ganhavam mais valor significante (havendo inúmeras provas destes «processos linguísticos») - nos próprios elementos do suporte estrutural (de acordo com as regras ou a gramática dessa língua visual, muito baseada nas lógicas da Geometria).

Razão porque os Teólogos também precisavam da máxima colaboração daqueles que manuseavam e compunham, na edificação, as referidas massas pétreas: as quais, por isto ficaram conhecidas como Maçonarias.

Ou se preferirem - por estarem ainda demasiado presos aos outros sentidos abusivos dessa palavra - então digam Alvenarias.

Embora a nós nos pareça que as alvenarias são trabalhos menores e as maçonarias de uma escala bastante maior (pode ser perto do que em construção se chama ciclópico); e portanto, a exigirem mais competências e um know how muito específico...

A mesma competência que veio depois a estar na origem do prestígio que os Pedreiros (das grandes obras) forçosamente começaram a adquirir.

Tudo isto é simples, é claro, é óbvio e é compreensível - desde que visto sem apriorismos desvalorizadores.

Pelo que é com muita ironia e alguma graça que Umberto Eco se refere à necessidade que alguns têm de haver SEGREDOS EXTRAORDINÁRIOS A DESVENDAR, para que alguns temas e assuntos «picantes» lhes chamem a atenção e os atraiam*5.

Por nós achamos simplesmente que as sociedades poderiam viver muito melhor - inclusive sem guerras (religiosas) fratricidas*6 - se Conhecimentos como estes, que as Universidades podem e devem produzir, fossem esclarecidos. Se o âmago de tantos temas que estão ainda emaranhados - como verdadeiras teias de aranha velhas, que pingam dos tectos das arrecadações, que ninguém visita nem limpa - fossem revisitados (com muito mais assiduidade).

As Universidades - de várias áreas do que hoje se convencionou chamar Humanidades podem ter imenso que fazer (e alunos para aprender) - se os seus dirigentes se informarem e investigarem!

  Caso contrário, e continuando a olhar para as Ciências Humanas como num Laboratório de Biologia se vêem as células - ao microscópio e isoladas de todos os contextos históricos, e/ou os factos seus contemporâneos - claro que não vale a pena ir à Universidade estudar, porque nelas deixou de se ensinar: sobretudo deixou-se de entender o passado, de saber pensar, e logo, deixou-se também de ensinar a compreender!

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ 

*- Em Vitrúvio, Tratado de Arquitectura, IST Press, ver na p. 30, nota nº 3.

*2 - Ver Arquitectura Neomedieval Portuguesa, vol. I, pp. 72-3; e em: http://fotos.sapo.pt/g_azevedocoutinho/fotos/texto-regina-anacleto-engenheiros-arquitectos/?uid=9bnzVFWqjpt9DjrGssHi e http://fotos.sapo.pt/g_azevedocoutinho/fotos/?uid=y3GIONbqh05GovrdjVDg#grande

*3 - Na nota nº 188 do nosso estudo publicado como Monserrate uma nova história, nas pp. 81 e 175 defendemos com toda a clareza que as formas ditas simbólicas se impuseram ao estrutural e ao funcional. Com Jacques-Germain Soufflot, na obra de Sainte Geneviève de Paris aconteceu exactamente o contrário (transitando-se para uma nova maneira de trabalhar) quando este arquitecto foi buscar as formas antigas do vocabulário Gótico, para servirem de peças estruturais. Nesta obra de Sainte Geneviève coube a Perronet o trabalho do engenheiro de estruturas, à semelhança do que acontece na actualidade.        

*4 - Ler as explicações de Pierre Caye e Françoise Choay, em L'Art d'Edifier de Leon Battista Alberti. Sources du savoir, Seuil, Paris 2004, p.47, nota nº 3. 

*5 - Ler a Passo de Caranguejo, Difel, Lisboa 2007, pp. 292-311.

*6 - Ver: http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=161382

link do postPor primaluce, às 12:00  comentar

 
Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
Setembro 2014
D
S
T
Q
Q
S
S

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
11
12
13

14
15
16
17
18
19
20

21
22
23
24
25
27

28
29
30


tags

todas as tags

subscrever feeds
blogs SAPO