Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
31.5.14

É assim, com a frase que está no título, que José Eduardo Horta Correia termina o primeiro parágrafo do seu Prefácio à edição portuguesa

de: A Arquitectura Portuguesa Chã, Entre as Especiarias e os Diamantes (1521-1706)*. 

 

E para já abstemo-nos de mais comentários, pois citar Horta Correia, aqui, poupa-nos palavras. Como logo adiante - depois dos extractos que estão acima - vai tentar justificar aquilo que sabemos ser diferente:

Não as séries de que (Horta Correia) escreveu, mas os Ideogramas: como nós preferimos designar os desenhos que estiveram na origem das várias formas a que se refere. Formas que desde o Paleocristão nunca deixaram de ser empregues, com mais ou menos variações...

Mesmo em Inglaterra, nos «novos serviços públicos» que foram criados no século XIX - as Estações de Caminhos-de-ferro!

E algumas Estações de Londres, ou até as portuguesíssimas - desde Santa Apolónia a Campanha -evidentemente que muitas delas beberam na mesma fonte:

A da Iconografia Cristã.

A mesma que também a Fonte dos Canos de Torres Vedras, ou o Aqueduto das Águas Livres de Lisboa, patenteiam: é tudo o mesmo. É sempre a mesma lógica.

A de um nobre ou a de um rei – que porDireito Divino”se afirmava ao serviço do seu Povo

Poderia aliás dizer-se que assim «ministrava» o povo. É isto que está plasmado nos monumentos.

Agora, quando se olha para a Política dos nossos dias**, percebe-se a origem da constatação de Horta Correia: como "é pobre o panorama da Historiografia da Arte", e da Arquitectura... (acrescentamos nós); e sobretudo como hoje estão tão longe as situações equivalentes. Longíssimo, a ponto de se questionar: 

Quem pode ler no tempo presente aquilo que (nesta temática) é uma vaga analogia do que foi no passado? Quem pode, deste modo, com lógicas que são tão diferentes das que existiram, quem pode assim compreender os Estilos?

~~~~~~~~~~~~~~

*Ver em George Kubler, A Arquitectura Portuguesa Chã, Entre as Especiarias e os Diamantes (1521-1706), Vega 2005, pp. 7, 8 e 9.

**Em que as noções de «Deus-Pátria-Autoridade» já não estão amalgamadas, nem associadas... 

http://primaluce.blogs.sapo.pt/ja-escrevemos-que-o-mec-se-faz-195155

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19.5.14

... Thanks God, são uma das maiores honras (ou as grandes vantagens?) da sua vida.

 

E isto vem a propósito de vários temas em simultâneo, como são:

1. Os Ideogramas empregues por João Antunes que foi arquitecto de D. Pedro II e D. João V;

2. Também da obra conhecida como Real Capela de Nossa Senhora da Conceição, que se localiza na vila e freguesia de Atouguia da Baleia. Mas aqui incluindo o que se chama Touril, que é uma área anexa à referida Capela, e ainda

3. Do Culto ao Espírito Santo, que existiu e perdurou nas terras do Oeste, de Portugal continental. Tendo transitado para os Açores - onde ainda existe, sem ser uma mera reminiscência em perca, e a cair no esquecimento.

Como também fazem parte desse culto (ponto 4.) as chamadas Festas dos Tabuleiros em Tomar...

 

Tudo isto está ligado, às touradas de que ouvimos falar há uma semana e sobre as quais se escreveu*, e, claro, a muito mais. Como ainda, e se quiserem, aos Ideogramas que estão na Capela-mor de duas igrejas que João Antunes projectou: ainda nos referimos à de Atouguia da Baleia, e também à do Menino-Deus em Lisboa. 

Assim o (auto-insulto) que está no título, sobre teimosias - que são perseveranças - é propositado. É de quem também não cala, e tem autoridade para aludir à mediocridade que a rodeia.

De quem se sente no direito de usar a língua portuguesa (em formas tão vernaculares quanto possível, e sem meias-tintas), para referir o incrível e vergonhoso meio científico e cultural em que todos estamos inseridos (ou com o qual devemos contar - porque é o que há!).

O mesmo onde foi fazer um mestrado - para progredir na carreira docente (!), e do qual, provavelmente, nunca esquecerá o que foi ensinada...; mas também o que foi coarctada para que não levasse o seu trabalho, ao que lhe pareciam ser os desideratos normais de quem quer fazer um trabalho com a máxima qualidade.

E o mesmo ainda, ipsis verbis, se aplica aos seus estudos de doutoramento:

Ou seja, permanentemente coarctada por gente de mãos vazias, pequenina e mesquinha, contrária à inovação! É este o país, é este o ambiente em que se vive, de gente boa para nada! A não ser que seja limitar a qualidade e os trabalhos dos outros...

De tudo o que está acima, ficam com a imagem de um dos Ideogramas que nos lembrávamos de já ter visto na obra de João Antunes (como acabámos de confirmar há minutos); porém, na fotografia abaixo, recolhido há anos em Londres.

 

Numa cidade que, como é sabido, também era/é cristã, e que portanto também usava os Ideogramas que seriam «dimanados» pela Igreja, ou pelo Clero (ou porque outras entidades, especificamente???) que os criaram para serem inseridos nas obras? Portuguesas ou Inglesas: Europeias...

E se a frase contém várias interrogações, é porque quem sabendo parte desta história, naturalmente, gostaria muito de saber o resto... 

Mas, talvez como em Monserrate (?), se queríamos saber a história correcta, tivemos que a procurar. Que é como quem diz, tivemos que a «fazer»**!

E porque não se chega a tudo - já que os Historiadores de Arte estão virados (e ocupados) para uma ciência minimalista, que não cruza dados e se satisfaz com o que são verdadeiras baboseiras; em vez de trabalharem em equipas, para haver resultados! Por nós, ou matamos a nossa curiosidade, no dia a dia de uma forma independente (e não a depender desta gente «tão poucachinha» que nos rodeia), ou ficaríamos como eles:

Medíocres e muito provincianos! Gente que não sabe o que são vistas abertas e horizontes largos***!

E ainda sobre vistas, será que conseguem comparar esta imagem de hoje, com as duas do post anterior? E sobre horizontes e mentes abertas não seria de dedicar este post aos Professores do Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras, os primeiros a ficarem «tão receosos» com as nossas ideias? «Supostos estudiosos/investigadores» de uma História da Arte, e seus Estilos que é acima de tudo uma língua - que usou diversos Ideogramas.  

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*http://primaluce.blogs.sapo.pt/ate-ao-s-miguel-muita-festa-brava-194486

http://primaluce.blogs.sapo.pt/ate-ao-s-miguel-pao-e-circo-ou-ha-de-194257

**Aos ombros dos melhores, isto é dos «mais gigantes» como por exemplo o Polymath Juan Caramuel Lobkowitz, ou ainda de Vergílio Correia e a sua imensa sabedoria sobre os Visigodos.  

***Que fazem questão de se manterem o que são - «cientistas de trazer por casa». Gente que não se põe em bicos-de-pés, porque para esses a Ciência e o Saber, nestas áreas tão eruditas a que não têm a capacidade de chegar, para eles, novidades só podem vir de Londres, Paris ou Nova Iorque, mas nunca de Lisboa! E portanto não aceitam o que está ao seu lado; ou o que precisava do seu trabalho, do seu melhor, da sua colaboração...

Ver também: http://fotos.sapo.pt/g_azevedocoutinho/fotos/roque-tecto/?uid=42atqtlh17dWpZkREiYq  

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7.5.14

Na imagem seguinte vinda do Convento de S. Francisco de Portalegre*, vê-se, claramente e bem definido, o desenho formado pela luz projectada.

 

 

Desenho que não é muito diferente de um conjunto de três vãos que se podem ver na Sé de Lisboa

 

Num excerto arquitectónico (da imagem acima) cuja data não sabemos precisar - pois aí é necessário, sem dúvida, o trabalho de um historiador: i. e., daquele que vai aos arquivos e procura o que possa existir, cruzando dados vários, e informações de diferentes proveniências... 

Mas, dizemo-lo nós, por comparação entre estas, e inúmeras imagens que temos visto, pode-se deduzir que nunca terá sido nem Românico nem Gótico. Devendo atribuir-se a sua origem, se bem que iconoteológica, a alguns dos autores mais criativos que, em Itália, por quererem evitar o uso das formas que os bárbaros (godos e visigodos) originaram; esses começaram então, com base na geometria e na iconografia já existente - como que a brincar - ensaiaram «novas formas», também elas significantes, que passaram a usar. Certamente (?), mais adaptadas à expressão das novas ideias que o Cristianismo pretendia lançar:numa renovação aristotélica - com S. Alberto Magno e S. Tomás de Aquino, foram assim deixadas para trás algumas (mas não todas) das lógicas anteriores, que tinham sido muito, e marcadamente, platónicas; sobretudo as que tinham sido influenciadas por Hugo de S. Victor.    

E isto que escrevemos, é mais uma vez o resultado de sucessivas leituras e observações (de imagens), onde é possível notar o modo como os desenhos dos vãos, foram evoluindo ao longo do tempo.

Como elementos básicos, alguns ditos clássicos e outros cristãos se fundiram. Como é o caso de vãos semelhantes aos que estão nas Termas de Diocleciano, e de outros vão ditos cristãos – como são algumas janelas características das igrejas românicas e góticas.

É possível (e útil) separar estas tipologias, como tem sido definido para os Estilos Históricos? Ou, pelo contrário, pode ser mais útil investigar a pensar num todo mais contínuo, em que as diferenças surgem apenas como resultado do contributo de alguns mais criativos? Eles que pensaram em novos modelos de expressão - que hoje revelam a criação de fusões e adaptações formais - as quais serviriam, como se supõe, para melhores traduções (visuais) das ideias da Teologia?

As perguntas não são de resposta fácil, assim, e seja o que for - pois parece que pouco interessa... (já que não tem nada a ver com o imediatismo da rentabilidade económica) - faz sentido lembrar Jacques Le Goff e a sua pergunta:

 

“Onde está, em tudo isto, o corte do Renascimento?”**

Pergunta que faz sorrir, lembrar outos contextos...

 

*Imagem pertencente a - http://ultimasreportagens.com/90.php

**Ver em O Imaginário Medieval,Editorial Estampa, Lisboa 1994, p. 38

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Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
Maio 2014
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