"O sopro, onde quer, sopra. E ouves a sua voz. Mas não sabes donde vem nem para onde vai. Assim é todo aquele que nasceu do espírito"***.
“...Le cas de la troisième personne de La Trinité est intéressant. A la période qui nous concerne, il y avait je pense, un seul symbole du Saint-Esprit, la colombe. Elle apparaît comme nous l’avons vu, au Ve siècle, au moins dans une scène du baptême du Christ (sur une mosaïque du baptistère des Ortodoxes à Ravenne), et dès le début du Ve siècle, sur le trône de Dieu (mosaïque de Santa Prisca, à Capua Vetere). A part quelques rares répresentations de la Trinité, les imagiers de la fin de l’Antiquité ne paraissent pas s’être posé le problème d’une image du Saint-Esprit qui tiendrait compte de tout ce qui, selon les théologiens, définit sa nature, et en particulier ses relations avec le Père et le Fils. Cette partie du Credo du premier Concile Œcuménique n’a pas trouvé d’écho dans l’art contemporain, et cela devait être souligné, car cette lacune est significative de la distance qui séparait la grande théologie de l’époque de l’iconographie contemporaine. Mais ce qui advint de l’unique schéma iconographique alors utilisé (la colombe) est aussi curieux : Cette allégorie provient bien sûr du texte évangélique qui décrit le baptême du Christ ; il faut cependant reconnaître qu’elle est archaïque, surtout si on la compare aux autres images théologiques, et qu’elle est plus proche des tout premiers symboles chrétiens, comme l’ancre et l’agneau. Ces allégories anciennes se trouvèrent en général remplacées par des figures humaines à partir du quatrième siècle ; mais la colombe du Saint-Esprit resta, et sert encore aujourd’hui à désigner la troisième personne de la Trinité. Les imagiers ont du tacitement reconnaître que le sujet allait au-delà des moyens dont ils disposaient. Néanmoins, même en conservant la colombe symbolique, les artistes auraient pu montrer la procéssion du Saint-Esprit, a fin de traduire le Credo. Ce fut fait d’innombrables fois au Moyen Age. Dans combien de cas voit-on la colombe quittant la main de Dieu Père ou placée de façon à exprimer le filioque c’est-à-dire que le Saint-Esprit procède tout à la fois du Père et du Fils! L’Antiquité semble-t-il, n’a jamais effleuré le sujet…"
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"Algumas dessas leituras são coloridas pela certeza de que a coisa lida foi criada para esse fim específico por outros seres humanos ..."
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"...En somme une intelligence perspicace ne saurait être embarrassé pour faire correspondre les signes visibles aux réalités invisibles.” **
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Não era suposto fazer este desenho.
Mas ainda bem que o fizemos, porque ... as usually
Ele trouxe-nos novidades, ou se aprendeu mais qualquer coisinha: sobre as imagens da arte, e neste caso sobre as formas da arquitectura. E isto apesar de alguns erros.
Pois não é apenas pelo erro mais nítido que o desenho tem (esse relaciona-se com os nossos nistagmas*); mas, para quem sabe geometria, pelos outros erros aparentes - que até não são bem erros -, mas mais a constatação da existência de várias «decisões conceptuais». O que se detecta que aconteceu neste caso, quando o nosso objectivo é copiar, ou recriar aqui, a imagem de uma janela que sabemos existir na zona do Chiado (concretamente no que foi o Palácio dos Duques de Bragança).
Em conclusão, o que acima estamos a chamar erros, não são distorções do olhar de quem fez o desenho, mas sim distorções ou desvios propositados, e que por isso podemos chamar-lhes, globalmente, uma intenção conceptual. Seriam, caso fossem erros, muito menos fáceis de se detectar ou perceber.
Porque o modelo real, e aqui nesta situação foi mesmo real..., mostra-nos que foram usados truques no desenho da janela- Talvez para a adoçar?
Perguntamos, pois seria, se fosse correcto, o tal "pointed arch", que foi visto como inconveniente, pelos classicistas românticos**. Os que acusavam o Gótico de ter formas bárbaras: concretamente, demasiado pontiagudas
E ao tentarmos desenhar a partir de uma fotografia com perspectiva, como sempre sabemos que vale a pena fazer contas, para encontrar, não a medida certa, mas a proporção. Duas coisas que são diferentes, e que muitas vezes são esquecidas...
Assim, e de acordo com esta nossa metodologia experimental, tendo sempre em consideração por um lado:
1. o rigor da geometria - que devia funcionar como a gramática e a lógica que gerava as formas; e ainda
2. os significados (por vezes também rigorosos, ou unívocos***, que eram associados a essas mesmas formas;
Deste modo, e tendo presentes esses dois considerandos, naturalmente só pelo desenho se podem compreender os objectivos dos criadores, que lidavam (ou projectaram) com imagens de génese medieval.
Se num dos nossos últimos posts escrevemos isto, chamando a atenção para o facto de as imagens anicónicas, serem vistas como simplesmente geométricas, e portanto insignificantes; na verdade também sabemos de quem tenha associado Amor e Geometria.
Porquê? Por uma simples razão: porque a Geometria pode falar!
E falou, falou mesmo muito alto, como também James Ackerman estudou esta questão a propósito da Catedral de Milão. Ao registar (segundo pensamos ele não compreendeu completamente) o que poderia ser uma obra Ad triangulum ou Ad quadratum.
Acontece que na janela (acima), pelo menos intencional, na visão que cada um captava - e na luz que por dentro se obtinha - essas duas «regras» ou «estruturas essenciais do universo», o Ad triangulum e o Ad quadratum, estiveram presentes:
Legíveis como alegorias (alusões ou mnemónicas) que, para quem sabia dessa questão, dessa maneira eram lembradas
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* Nistagmas são movimentos involuntários dos olhos, geralmente associados a vertigens
** Em inglês, não esquecendo que para Monserrate Uma Nova História muitas das nossas investigações foram feitas sobre bibliografia inglesa - onde várias vezes se aborda esta problemática. Não esquecer também que muitos românticos (talvez ainda mais românticos do que os classicistas) viviam apaixonados pelo Gótico, sendo verdadeiros medievalistas
*** Univocidade, note-se, que aqui queremos dizer como sendo o contrário de polissémico: o que embora possa ter um sentido lato, que não é ambíguo.
HOJE, a propósito de círculos, e de imagens emblemáticas, estamos a encontrar materiais de 2003, que, só em parte puderam entrar no trabalho dedicado a Monserrate.
Já que, na Faculdade de Letras investiga-se Arte, mas não é suposto poder apoiar as ideias com desenhos...
Menos ainda, com desenhos de origem geométrica! Abstractos...?
Ora a tonta:
Que é lá isso*?
Vê-se logo que é arquitecta! Saber ler imagens como se fosse uma língua**?
Porém - e agora vem a história mais longa -, acontece que o post que está no facebook {em https://www.facebook.com/gloria.azevedocoutinho.7/posts/875393426299924}, começou por aqui:
na sequência das imagens seguintes
Porque, ao olharmos a sobreposição de círculos sobre a fachada de Monserrate, começámos a pensar na «elegância» que é - visualmente -, esta intersecção dos círculos: já não toda, mas principalmente na sua parte inferior... Quando se eleva e também parece um cálice.
Foi quando nos lembrámos que esta mesma imagem (e sabemos disto desde 2003) está no Palácio da Vila, em Sintra, num remate azulejar:
Naturalmente, da imagem mental - já há mais de 15 anos prontinha, na cabeça - daí, à possibilidade de fazer a experimentação/verificação (como tem sido sempre a nossa metodologia de trabalho); obviamente que esse passo - hoje, com algum tempo -, se resolveu num instante.
Porque, como os arquitectos podem verificar nas imagens seguintes, algumas intersecções estão «levemente alargadas»: o que não tira, minimamente, a validade às teorias que defendemos.
Apenas mostra, e valoriza, o imenso rigor geométrico com que os antigos trabalhavam
Por fim, e dado que não é a primeira vez que expomos esta questão (até porque rende mais fazer este tipo de análises no Facebook, do que em qualquer Universidade portuguesa...), na imagem seguinte está a sobreposição do esquema geométrico (rigoroso e anicónico), posto sobre as imagens icónicas. Ou, será que devemos dizer naturalistas (?). Imagens que permitem à maioria*** ler, e assim compreender, que se trata de uma representação da Trindade.
Por fim, as conclusões?, são para quem as quiser tirar...
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*Isso, é a necessidade de proteger o que nos pertence:
A prova de que muitas obras são/foram ICONOTEOLOGIA
**Outra «tontice absoluta», só pode ser: defender que as Neurociências e a Linguística têm alguma coisa a ver com ARTE!
***E, acrescentemos a essa maioria, os PROFs doutores do IHA da FLUL, que são os grandes especialistas de História da Arte, quem melhor lê, sobretudo imagens concretas e explicítas. Já que, ... abstracções? Não, isso não é com eles...