Muitas imagens da arquitectura foram «iconoteologia». Many images of ancient and traditional architecture were «iconotheological». This blog is to explain its origin.
22.9.23

Na tão desafiante questão de "As Origens do Gótico" que nos foi colocada em 2001-02, estava, naturalmente incluída a origem da Ogiva.

No entanto, quando se escreveu a tese (a propósito de Monserrate) - e lembro-me muito bem do que ficou escrito, vindo de um autor inglês, mencionando as diagonais no tecto - , não tínhamos ainda, como depois passámos a ter 2 «conceitos» que são essenciais para se poder avançar na compreensão do estilo medieval (*):

1. Os desenhos do Tratado de Hugo de S. Victor, mostram bem a intenção, mística, de que cada pedra fosse uma progressão do olhar: desde os capitéis, ou talvez mesmo ainda desde as bases das colunas**, até ao cimo (a que se pode chamar Auge) Ver imagem em post nosso (recente)

2. A palavra Augive - Proveniente do verbo Augere que significa elevar

Depois, e embora estando nós (em 2004) a «soltarmo-nos», crescentemente, do que tínhamos aprendido, e da maneira como tínhamos sido ensinados, ainda então nos parecia, que uma das questões dominantes - implicada na evolução arquitectónica a que o estilo gótico corresponde; parecia-nos dizemos, que os progressos, ou a evolução feita - do romano, passando pelo românico, para o gótico -, era principal, ou exclusivamente, uma progressão de ordem técnica ***.   

Sim, parecia-nos! Ainda, é verdade...

Pois não estávamos convictos, como agora estamos, de que foram razões relacionadas com as formas e as imagens, que eram significantes, que deveriam ficar plasmadas, ou "built-in" nas edificações (já que a arquitectura foi uma linguagem). Na verdade, é cada vez mais lógico, que tenham sido as formas e as imagens que eram significantes, que empurraram para a evolução que existiu, e que hoje se pode analisar...

E poderíamos ficar aqui, a tentar explicar com bastante mais detalhe, o que nos parece ter sucedido. Sobretudo, como se fez o encontro entre as motivações visuais e as técnicas. Ou seja, como a técnica, então designada Ars  (arte, habilidade, ou até engenho), serviu  objectivos que foram de ordem visual

Poderíamos sim! Mas, que nos desculpem!

Não é este o local próprio - onde todos nos movemos rápida e euforicamente, a saltitar de superficialidade em superficialidade. Não é, e não deve ser para aqui chamado, todo o esforço e trabalho que essas explicações exigem. 

Portanto, e como de costume - porque o que todos preferem são os «bonecos» (dada a sua capacidade de comunicação e transmissaõ de ideias, que é quase imediata); assim, muito mais fácil é mostrar apenas que a Cruz em Aspa, que foi sinónima da Mandorla, e a qual muitos designarão como imagem ou detalhe simbólico (?), essa imagem está abaixo.

É para nós muito evidente, está em 2 fotografias (e respectivas ampliações):  

Primeiro a Cruz em Aspa no colar com que o Rei D. Manuel I quis ser retratado.

D.ManuelI-retrato-cruzEmAspa-2.jpg

Foto vinda da wikipedia

D.ManuelI-retrato-cruzEmAspa-3.jpgD.ManuelI-retrato-cruzEmAspa-4.jpg

Devendo perguntar-se, se este «colar honorífico» existiu de facto? Ou se foi o pintor que o colocou no rei? Para desse modo traduzir e tornar explícita - clara e notória - a sua condição régia? Porque, provavelmente, e esta é sem qualquer dúvida uma forma heráldica, também esta forma pode ter sido do rei e dos nobres, exclusiva, como é o que em francês se diz  - "droit régalien"? 

 

Na segunda fotografia a mesma forma heráldica, religiosa e significante, está num tecto do Mosteiro da Batalha. 

mosteiro-batalha-tecto.jpg

Imagem vinda de A Arquitectura Gótica em Portugal, por Mário T. Chicó, Livros Horizonte, Lisboa 1981. 

Na ampliação, seguinte desenhou-se a Cruz em Aspa  inserida num rectângulo, como é frequente aparecer, incluindo na "Union jack flag"    Que é talvez, actualmente, a imagem mais divulgada da Cruz em Aspa . Quem sabe a que todos conhecem, e da qual dizemos ser sinónima da Mandorla mosteiro-batalha-tecto-3.jpg

mosteiro-batalha-tecto-4.jpg

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* Embora possamos perguntar se já se captou tudo, ou aquilo que ainda pode faltar para compreender, é ainda muito... ?

** Porque a partir de certa altura estamos perante um todo que é um "sistema de nervos" na designação de Viollet-Le-Duc . No Tome IX do seu Le Dictionnaire d' architecture, Viollet-Le-Duc percorre a história e evolução das abóbadas desde os romanos até ao seculo XVI, introduzindo até no seu texto um excerto de Philibert de l'Orme, que se referia às abóbadas como "mode françoise". Note-se que não consultámos directamente Le Dictionnaire d' architecture, de Viollet-Le-Duc, mas sim extractos - em Relevés et observations - par Philippe Boudon et Philippe Deshayes, Pierre Mardaga, ed., Bruxelles 1995, (Ver aqui ISBN 13 : 9782870091159) 

*** Que obviamente leva àquela visão da História designada teleológica. Como se os romanos tivessem sido uns incapazes, quando fizeram as primeiras abóbadas... «Incapazes», dizemos nós para criticar a ideia de que a Arte através dos séculos (desde o século IV ao XII-XIII, e por diante...) tivesse por objectivo atingir, um dia (no futuro), aquilo que é o Estilo Gótico. Claro que a Arte foi sujeito passivo, e quando existe (se chega a existir?) é como resultado da habilidade dos homens: dos que conseguiram ser verdadeiros artistas!

Até agora, por aqui, interessa-nos continuar a lembrar que um assunto que é interessantíssimo e da maior importância científica nos tenha valido a expulsão da Faculdade de Letras, e o desinteresse máximo da FBA da Universidade de Lisboa

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17.9.23

Essa escrita foi, como temos defendido, uma ICONOTEOLOGIA

Ou seja, primeiro terá nascido num pensamento visual, depois foi riscada (quem sabe, nas areias das praias? *). Mais tarde passou a caligrafia e desenho. Ou, inclusivamente, foi também incisa e foi relevo**, aplicada/construída nos monumentos (built in), com vários propósitos, sendo o carácter religioso o predominante

Assim, se quisermos percorrer as situações em que surge, e compreender, talvez na íntegra?, o que se terá passado, então pode constatar-se que a mesma escrita está ainda na numismática (ou na medalhística), em ourivesaria religiosa e objectos de culto/liturgia, ou nos adereços e jóias dos reis (e dos nobres). Etc., etc.

Por nós, agora já nos habituámos - se queremos encontrar os ideogramas e os diagramas***   mais usados num estilo - entendido como zeitgueist  (i. e., estilo de uma época, reunindo as marcas, materializadas, do espírito desse mesmo tempo), ou nalguma corrente artística; por nós, agora passámos a procurar, também por curiosidade, nas moedas que eventualmente os reis tenham criado (ou mandado cunhar - decidindo a respectiva iconografia). 

DSCN0022-c.jpg

Foi o que aconteceu no reinado de D. Manuel I, o Venturoso - que, em tempo de prosperidade, ao haver condições de desenvolvimento, havendo riqueza (e paz), criou uma moeda onde se vêem os mesmos sinais que eram colocados noutras obras e noutras superfícies, incluindo, claro, a Arquitectura. 

portuguesOuro2.jpg

Claramente, o seu objectivo foi o de criar um todo coerente...

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* Será importante lembrar que não havia papel com a facilidade actual?

**  Esculpido na pedra e outros materiais, incluindo o marfim, como se vê em dípticos paleocristãos

*** Nos nossos escritos - que seriam tese de doutoramento (a tal que os PROFs calaram...) - temos a diferença entre Ideogramas e Diagramas. Para os interessados, tencionamos publicar

Acima, excerto de um painel de azulejos do refeitório do Mosteiro dos Jerónimos   (que não é manuelino!)

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Aqui, ler sobre António Quadros, e como queria que existisse «um Champollion» capaz de decifrar a sua Escrita Ibérica. A qual, quem estuda História da Arte, e percebe como as formas ideográficas, abstractas (ou iconoteológicas) estão subjacentes a inúmeras composições, também perceberá que essa «Escrita» não foi apenas ibérica. Estando nos principais monumentos, antigos e tradicionais, da cultura europeia...

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28.8.23

Acabei de ler um interessantíssimo post de Isabel Roque, intitulado - Rosários Mistérios de Luz

Incapaz de não comentar deixei isto +: 

"A ler melhor ou a ir ver... já que a descrição e explicações a tornam muito apetecível. Note-se que a oração apoiada em elementos físicos também se fez nas grandes igrejas e catedrais. Infelizmente os Tratados da Arca de Hugues de Saint-Victor não têm sido vistos como o projecto/design conceptual da igreja românico-gótica. Mas foram-no e não simples Tratados de Teologia. Quando se consultam apercebemo-nos que as pedras da edificação que começam no pavimento e sobem às ogivas, pretendiam, ou induziam, elevar o olhar. Para a contemplatio dos mistérios de Deus, da Criação (da Luz, da Humanidade...). Cada pedra no desenho de uma ogiva (palavra que vem do verbo latino "Augere") era como um degrau que os olhos percorriam para chegar a Deus."

Agora, recuperamos de posts nossos, mais antigos um dos desenhos que já publicámos desse(s) Tratado(s), e onde se vê perfeitamente desenhada, ou esquematizada, a ideia de cada pedra funcionar como um degrau, numa ascése em direcção a Deus 

Num outro mais recente (post de 10 de Dez de 2015) que podem ler aqui, encontra-se parte de uma recensão/análise critica ao trabalho de Patrice Sicard, intitulado DIAGRAMMES MÉDIEVAUX ET EXÉGÈSE VISUELLE, livro que foi publicado em 1993. 

O trabalho original de Huges de Saint-Victor foi visto (ainda agora é assim ...), alternadamente como uma peça única, ora considerado tratarem-se de duas peças.

Não sabendo latim - mas de arquitectura - defendemos que o que parece ser uma duplicação corresponde, respectivamente, a uma parte, argumentação em prol de um modo de fazer futuro : justificativa para a obra a edificar : De archa Noe morali et De arca Noe mystica.

E a outra parte constitui a descrição do como fazer essa edificação; i. e., a parte descritiva da obra a edificar. Documentos conhecidos como De Archa e Libellus. 

Devendo ainda acrescentar-se, que, pelo que se estudou em Patrice Sicard, nos pudemos aperceber que integram (ou integraram) o scriptorium de conventos e mosteiros, como será no caso do de Alcobaça.

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* Claro que, insiste-se, o nosso comentário (de hoje) nasceu na leitura desse artigo

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26.8.23

À pergunta do titulo - IMAGENS EM EXTINÇÃO - a nossa resposta é:

Sim e Não... 

Porque se hoje a maioria das imagens da Arte e da Arquitectura antiga são ANICÓNICAS, no passado não o foram pelo menos indirectamente (por serem comparáveis a uma escrita ideogramática *).

Mais: estiveram ao serviço de Deus e do Sagrado, e foram relevantes (ver as 3 últimas imagens, de posts  nossos publicados há anos)

Hoje referimo-nos concretamente a imagens de abóbadas, de desenho considerado geométrico (embora qualquer desenho tenha sempre uma regra geométrica !) do grande mosteiro de Tibães, que foi sede dos Beneditinos.

E, entre outras características, são imagens que foram também Mnemotécnicas ou Místicas (porque indutoras de uma Contemplatio ** ), que, fisicamente obrigava a elevar o olhar, para contemplar e meditar no Deus cristão, e no seu conhecimento - que o clero mais do que todos detinha. 

Imagens que para nós integram/integraram aquilo a que hoje chamamos uma ICONOTEOLOGIA: isto é, uma Teologia cuja difusão (e catequese) era feita com o auxilio de imagens. 

Em suma, estamos perante imagens que em tempos (ainda) traduziram ideias, mas que hoje - por isso falamos e perguntamos se serão imagens em extinção, (apesar de agora algumas serem proliferantes na Internet e nas Redes Sociais ...): imagens que na actualidade ninguém parece saber (ou sequer querer saber) do seu valor... !

Ou seja, imagens que são agora reproduzidas e utilizadas em enormes quantidades, incluindo para criar efeitos visuais; mas, não mais decorativas. Por se ter perdido a noção (e a relação significante) - o décor era isso -  da sua maior e mais adequada conveniência (decoro), para inúmeras situações, como as que, e para as quais, foram criadas. 

IMG_20230818_114132-C.jpg

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Na verdade, no local - dentro do Mosteiro -, e dada a ambiência em que se está, é relativamente fácil aceitá-las. É até normal, simplesmente, admitir que contribuem para algum misticismo. Mas, diferentemente, ou vistas avulsas e encontradas por aí - porque existem, como podemos mostrar em inúmeros posts -  serão cada vez mais raros os que cheguem a reconhecer o seu valor (religioso) inicial.

Ou até, e aqui incluímos os historiadores de arte, se o quisessem, esforçando-se por travar a extinção das referidas imagens***. 

Melhor dizendo, não exactamente o seu desaparecimento, pois até são proliferantes - e nalguns casos tendem a ser cada vez mais usadas (dada a sua força visual, de propriedades «energizantes»).

Mas, que os historiadores se esforçassem, pelo re-estabelecimento dos elos e correspondências que existiram no passado, entre significantes e significados...

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(*) Porque sendo de origem geométrica, terão sido criadas a obedecer ao que correspondeu a uma gramática (para as imagens) 

(**) Como explicado por Mary Carruthers em The Craft of Thought: Meditation, Rhetoric and the Making of Images, 400-1200, de 1998.

(***) Já não falando, apenas mencionando Vítor Serrão... Para quem temos - sempre que damos uma voltinha, ou vamos só ali num instantinho visitar um qualquer edifico antigo - muitos posts para escrever :  

Avivando a consciência de quem se intitula "Operário das Memórias"

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5.8.23

"A Igreja não é um museu de Arqueologia" - disse Francisco...

IMG_20230805_112458.jpg

O Papa - e aqui é o que nós dizemos - "O Papa não é uma relíquia medieval, que todos têm que tocar"

Mas, que lhes toquem, e toque fundo no coração e na mente, as suas mensagens:

Urgente, o fim da guerra

Premente a Inclusão - de TODOS, numa sociedade para TODOS 

As metas e o programa da Laudato Si*, cuja implementação não pode mais ser adiada pelos políticos. 

Que estes se deixem inspirar por Francisco, e se coloquem ao serviço dos outros, e  como estas JMJs têm trazido exemplos, pouco ou nada conhecidos. Mas Bons! 

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Our commitments and contributions to sustainability are outlined here by each of the 7 Laudato Si' goals.
  • Response to the Cry of the Earth. ...
  • Response to the Cry of the Poor. ...
  • Ecological Economics. ...
  • Adoption of Sustainable Lifestyles. ...
  • Ecological Education. ...
  • Ecological Spirituality. ...
  • Community Resilience and Empowerment.

Ou ainda aqui

LaudatoSi-goals-b.jpg

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7.7.23

... estando em Portalegre, vamos visitar o Senhor da Paciência ?

IMG_20230523_215221.jpg

Para já demos-lhe um novo ambiente com a ajuda de H. Matisse (desta vez vinda de um simples calendário, mas, podia vir de um post antigo).

É a imagem de um Senhor que tínhamos esquecido, porém, não há muito tempo 

alguém relembrou a sua existência.

E na  na BMP  está uma cópia, sim, que pode vir a ser útil...

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26.6.23

Ora como muitos dos ornamentos da Arte antiga e tradicional (europeia) provêm do cristianismo, para nós faz sentido falar de uma Iconoteologia.

O que corresponde a um avanço relativamente à Iconologia, em geral, e à Iconografia cristã (que é muito especifica, e é mencionada, inclusivamente, no Catecismo Católico).  

Para outros autores e estudiosos as mesmas imagens surgiram-lhes noutros contextos. Não exactamente na Arquitectura ou na Arte, mas em documentos que para eles seriam/são científicos. Concretamente em escritos dedicados à Astronomia e Cosmologia.

E assim, supomos (nós) - com base em leituras algumas já antigas, e outras definitivamente mais recentes; enfim, supomos que não se terão apercebido, como essa iconografia de Mapas e de Tabelas Cosmológicas (algumas que designam por "Computus"),  está presente na arquitectura, na ourivesaria, em vitrais e pintura; ou até, ainda, em pavimentos romanos. Da Antiguidade Tardia... 

Presente por se tratarem de Ideogramas alusivos a Deus.

Num próximo post, vamos transcrever e colocar aqui o que pensámos entre 2002 e 2004, e já ficou escrito (está publicado**) no nosso estudo dedicado ao palácio de Monserrate. Porque, na casa que foi de Francis Cook, junto à entrada e nas escadas de acesso ao primeiro andar, está em estuque - embora trabalhado graficamente de outra maneira -  este mesmo padrão de quadrifoils, a que os franceses chamam culots***.

Assim, note-se na imagem abaixo, e na sua legenda, que este padrão (dizem eles...!) integra "uma tabela para localizar a posição da lua no zodíaco" 

Nós dizemos bem diferente:

"De Deus e do Universo, que se (con)fundiam, para os tectos do Palácio da Ajuda, um ornamento lindo, que ainda há-de dar muito que falar"

CosmologiaMedieval-F.Wallis300ppp.jpg

FB-PN.Ajuda-FotoRodada-2.jpg

 

FB-J.AlbertoRibeiroAjuda.png

~~~~~~~~~~~~

*O PRIMEIRO POST DESTA SÉRIE ESTÁ AQUI e Aqui

Onde se pode ler:

“Ornament is not only produced by criminals; it itself commits a crime,” So said architect and designer Adolf Loos in his 1910 lecture-turned-essay “Ornament and Crime,” where he described the effort in designing and creating ornaments as superfluous and wasteful and helped to set the stage for the minimalist, stripped-down forms that would shape modern architecture and design for much of the twentieth century.

(…)

The debate over ornament—what is its purpose, what should it look like, how should it be applied..,”

(texto que continua)

** O que irá envergonhar os profs, que de tão contentinhos, nos conseguiram impedir de prosseguir estudos que deveriam interessar a qualquer universidade portuguesa... (mesmo que não lhes interesse a eles mesmos!)

Mas enfim, “antes tarde do que nunca

*** Padrão também empregue pelos cistercienses, que desenha a Cruz Pátea, está em Auras, etc., etc

Imagem da Bibliotheca Apostolica Vaticana vinda de https://www.jstor.org/stable/447355

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24.6.23

Começou a época dos trabalhos de campo de Arqueologia

imagemRomana-Rabaçal.jpg

Vindo daqui

imagemRomana-Rabaçal-2.jpg

Mas... vão pondo a descoberto o que não sabem o que é (*).

Porém, podendo ouvir e aproveitar o que se lhes vai dizendo sobre uma Iconografia tão específica, preferem negá-la. Até um dia (em que vão aperceber-se da própria ignorância!)

Ver aqui

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

(*) O que nos dá imenso jeito: a nós como quem aprendeu  a escrever uma tese. A mim que fui expulsa da FLUL por querer fazer um doutoramento dedicado à Iconoteologia cristã  subjacente na que foi a primeira arte cristã. Depois chamada arte tradicional (europeia). Sem que, em geral se apercebam, que se tratam de "faith based styles"

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13.5.23

Em Arte, Património e Museus, como também acontece em outros autores, aparecem por vezes posts muito bons.

É o caso deste, onde aproveitámos para deixar (o que consideramos ser) uma importante informação

Igreja de Fátima- Arca-salvífica-200.jpg

Obra fabulosa, para percebermos a transição que se fez entre os primórdios da Arte e Arquitectura, até à contemporaneidade!

Alguém dizer que está farto de arte religiosa, é o mesmo que dizer que não percebe nada - também - da Arte Contemporânea...

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23.3.23

As duas palavras acima, na origem, e ao longo do tempo, designaram coisas diferentes: conforme tenha sido  na Idade Média, no Renascimento, ou na actualidade:

LÚMENS referia-se à luz física,   e

LUX referia-se à luz espiritual  (na Idade Média)

Já tinha encontrado este «assunto», que para nós é interessantíssimo, e tentámos alguma clarificação da diferença significante entre as duas palavras, em PIERRE MAGNARD. O filósofo francês, que estudou, entre muitos outros temas, a vida de Marsile Ficin.

O que se pode ouvir aqui {vindo de: https://www.canalacademies.com/emissions/point-de-mire/marsile-ficin-et-lacademie-platonicienne-de-florence}, ou ler, se preferirem...

Devendo reparar-se que o que está escrito, é um pouco diferente do que está no filme (referido mais abaixo), e que é dedicado à construção da designada "primeira Catedral Gótica" . Portanto, na Idade Média, alguns séculos antes do Renascimento, em que viveu Marsile Ficin (séc. XV, quando procurou compreender a luz, sobretudo numa «perspectiva transcendente»):

Ficin et la recherche de la lumière

"Très vite , il est apparu comme le philosophe de la lumière, tout comme un certain peintre, Angelico,le sera lui aussi. Une sorte de parenté de pensée rapproche ces deux penseurs, unis par le sens de la lumière. Pour Ficin, la manifestation la plus sensible de la vérité la plus haute, c'est le rayonnement du soleil : "lumen" est la splendeur d'un paysage illuminé, et "lux" désigne l'astre d'où la lumière émane. Toute sa réflexion consiste à se demander quelle relation existe entre les rayons du soleil et le soleil lui-même. Nous sommes en tant que créatures des rayons de ce soleil. L'apologétique de Ficin est une réflexion sur le rayonnement lumineux, qui nous montre comment le monde se manifeste, d'où il procède, se développe. Tout rayonnement émane du soleil mais toujours pour y faire retour. Et nos vies, bien conduites, ne sont pas autre chose..."

Talvez não seja fácil perceber (?), para o leitor comum, a diferença, entre o que diz Pierre Magnard, para LÚMEN e LUX, num tempo que é já renascentista, sendo que o que está no filme é relativo à igreja da Abadia de Saint-Denys, que, como se percebe foi concebida na Idade Média, sendo «inaugurada» pelo abade Suger em 1144.

Comecemos por traduzir a explicação de Pierre Magnard (sublinhada a amarelo - 1."lumen" est la splendeur d'un paysage illuminé, et 2. "lux" désigne l'astre d'où la lumière émane ):

1. LUMEN é o esplendor de uma paisagem iluminada

2. LUX designa o astro de onde a luz emana

Nada levaria a pensar que um dia - i. e., na actualidade e cientificamente - os dois «referentes» surgissem como que trocados:

Que LUX passasse a ser o nível de iluminação de um dado ambiente; e, inclusivamente qualificado com todo o rigor numérico/matemático, que habitualmente se atribui às unidades de medida *.

E que LUMEN deixasse de ser o equivalente a um adjectivo - como é esplendoroso, ou luminoso... - e se viesse a tornar, na actualidade, na quantidade de luz que é emitida por um objecto luminoso, concretamente, por uma lâmpada eléctrica.

Porém, tendo nós lidado com esta terminologia - lúmens e lux - durante décadas, talvez essa (estranha**) vantagem nos facilite o entendimento, e agora ajude a perceber melhor a diferença entre os dois termos?

Mas, mesmo assim, é ainda estranhíssimo, quase paradoxal, ver que um conceito (as unidades de medida) que empregámos no âmbito dos cálculos de luminotecnia que ensinávamos aos alunos de ambientes, e de design de interiores a fazerem, é de facto bastante estranho que tivessem nascido na religião (!).

Embora o contrário seja explicado, como verificamos, por alguns autores a propósito dos círculos que «enxameiam», ou pululam, na arte cristã, e deram origem aos diferentes ideogramas (ou emblemas?), e estes aos arcos dos diferentes estilos.

Concretamente desde a Antiguidade Tardia, sendo explicado por André Grabar que esses círculos eram provenientes de esquemas científicos, explicativos do Cosmos.   

Enfim, voltando ao início, e ao que nos trouxe a escrever este texto: tínhamos acabado de escrever um  post no fb, quando, reparámos que faltava mais alguma coisa...

Só que afinal era imenso o que faltava, e o novo texto passou a ser este, a que se acrescentou um enorme preâmbulo (o que ficou acima):

Penso na Luz e em Luis Chimeno Garrido, que ontem me sugeriu que visse este filme {https://www.rtp.pt/.../the-story-of-the-first-gothic...}.

Venho agradecer-lhe, e perguntar se se lembra das aulas de iluminação?

Porque no filme, quase no fim, refere-se Lúmen e Lux.

Assunto que tivemos que tratar durante anos, explicando aos alunos que as lâmpadas fornecem luz - que se mede em LÚMENS (por exemplo - ver as embalagens no supermercado); pois haveria sempre o objectivo de atingir um determinado nível de iluminação. O qual, por sua vez, era preconizado em função das actividades a exercer. Valor definido em LUX (como está numa tabela de ergonomia que agora se acrescenta).

Ou seja, para fazer um cálculo de iluminação, e supondo uma situação ideal, sem haver percas 1 LUX = 1 LÚMEN/m2.

No filme, quase no fim, faz-se notar que o principal objectivo do Abade Suger, na obra de arquitectura de Saint-Denys, foi o de "transformar LÚMENS - a luz física, em LUX - a luz espiritual ".

Pergunta-se:

Não é (quase) incrível, fascinante mesmo..., esta coincidência? E a história da minha vida profissional?

É que se não se tivesse passado comigo, dificilmente ia acreditar...

~~~~~~~~~~~~~~~~~~

* Abaixo a imagem de um Luxímetro, e as Tabelas de Ergonomia, base para os cálculos de luminotecnia. Estas indicam o número de lux necessários, ou aconselhados, para as diferentes tarefas visuais (em função da maior ou menor exigência da tarefa visual, a desempenhar).   

luxímetro.jpg

Lux-ciência.jpg

** Mas essa "estranha vantagem", deixa de o ser quando se percebe que a Ciência de hoje deriva de uma Pré-Ciência, que, em geral desconhecemos. Assim como a sua história e como evoluiu ao longo de centenas, ou por vezes, de milhares de anos. Evolução, na qual a maioria dos conhecimentos, antes estavam todos ligados, e nunca sectorizados, ou tornados independentes como hoje se verifica. Tornando extremamente difíceis, nas diferentes actividades profissionais, a compreensão das interligações transdisciplinares, que, frequentemente, são necessárias estabelecer.

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Primaluce: Uma Nova História da Arquitectura
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